O Amor de Deus

Ir. Eric Alexandre

O amor faz parte da natureza essencial de Deus: “Aquele que não ama, não conhece a Deus; porque Deus é amor” (1Jo 4.8). O amor, como um atributo de Deus, foi fundido em cada ser humano, o que também o torna a semelhança do seu Criador (Gn 1.26-27).
Foi o amor de Deus que originou o plano da salvação, e sem esse amor Jesus nunca teria morrido na cruz para nos resgatar do poder do pecado e da morte. Portanto, amor foi o motivo principal que tirou Jesus de Sua glória celestial nos céus para descer como um homem e ser humilhado na Terra. A Bíblia afirma que Ele esvaziou-se de si mesmo e tomou a forma de um homem. E quando estava na forma humana humilhou-se a si mesmo — mesmo sendo Deus. Pelo que foi ferido por causa das nossas transgressões e moído por causa das nossas iniquidades; foi oprimido e afligido mas não abriu a Sua boca. Como um cordeiro, foi levado ao matadouro, e como ovelha muda perante os seus tosquiadores, Ele não abriu a sua boca. Jesus foi obediente até à morte, e morte de cruz; e o sepultaram junto com os ímpios, ainda que Ele nunca cometeu injustiça nem houve engano na sua boca. Todavia, ao Senhor agradou moê-lo, fazendo-o enfermar. O castigo que nos traz a paz estava sobre Ele, o Senhor fez cair sobre Ele a iniquidade de toda a humanidade para que através do Seu sacrifício na cruz do calvário satisfizesse a Sua justiça e santidade, reconciliando consigo mesmo a humanidade perdida (Fp 2.5-8; Is 53). Por isso que hoje, pela fé em Cristo, somos mais que vencedores por aquEle que nos amou primeiro (Rm 8.37-39).
Essa fora a expressão exata do amor de Deus. “Ninguém tem amor maior do que este, de dar a vida pelos seus amigos” (Jo 15.13; 10.11,15). “Porque Cristo, estando nós ainda fracos, morreu a seu tempo pelos ímpios. Porque apenas alguém morrerá por um justo; pois pode ser que pelo bom alguém ouse morrer. Mas Deus prova o seu amor para conosco, em que Cristo morreu por nós, sendo nós ainda pecadores” (Rm 5.6-8).

O amor e a justiça de Deus são os temas centrais das Escrituras. A aliança de amor e justiça foi estabelecida ainda no Éden (Gn 3.15) e demonstrada de forma suprema na pessoa de Jesus Cristo, quando Ele veio ao mundo morrer por amor, afim de atender a justiça divina e resgatar a humanidade perdida (Jo 3.16). Uma aliança de Sangue (Mt 26.28), transformada em um ato de doação e solidariedade: Deus deu o Seu único Filho; entregou por amor o melhor que tinha. Está veio a ser, de longe, a mais pura expressão do amor altruísta, que é ao contrário do amor-próprio, o qual é egoísta, físico e interesseiro. A morte de Cristo, como um sacrifício impecável, foi a expressão máxima de um sentimento autêntico e genuíno que busca beneficiar o próximo mesmo que o ato em si possa lhe custar a vida (Jo 10.11). Esta foi a manifestação principal do amor de Deus a humanidade, ao enviar Jesus para morrer no lugar dos pecadores (1Jo 4.9-10), o Justo pelos injustos (1Pe 3.18). Esse ato imerecido é designado como a graça de Deus (Ef 2.4-8).
Embora a obra redentora de Cristo seja a revelação suprema do amor de Deus aos seres humanos, a Palavra de Deus afirma expressamente que “Deus é amor” por essência (1Jo 4 .8,16). Esta declaração significa que o amor de Deus não precisa de um motivo ou objeto para existir, ele é independente, e constitui-se parte da natureza divina de Deus, e pode ser definido como a inclinação natural da Sua essência divina para a bondade, misericórdia e graça. “Deus ser amor” demonstra que o amor é parte do seu caráter: sendo eterno, infinito, soberano, incondicional e imutável.
O amor de Deus é desde a eternidade e foi revelado no relacionamento entre as Pessoas da Trindade. Haja vista Jesus ter dito: “porque tu me hás amado antes da fundação do mundo” (Jo 17.24). E também depois da criação esse amor permaneceu: “O Pai ama o Filho” (Jo 3.35). Tal amor é eterno, infinito e incomparável; manifesto a Israel, a todos os homens e a todas as criaturas no Céu e na Terra.

O AMOR E A JUSTIÇA DE DEUS
O amor, como um dos atributos de Deus, deve ser entendido, sobretudo, pelo aspecto do que os escritores do Novo Testamento chamaram de “amor ágape“, isto é, um amor profundo e incondicional, que, ao mesmo tempo em que revela grande afeição, também revela cuidado, zelo, correção e abnegação: “Porque o Senhor corrige a quem ama, e educa todo aquele a quem recebe como filho”. Porque: “Quem se nega a disciplinar e repreender seu filho, não o ama; quem o ama de fato, não hesita em corrigi-lo” (Hb 12.6 e Pv 13.24). Conforme: Dt 8.5; Pv 3.11-12; Ap 3.19).

Inúmeras pessoas, por não compreenderem adequadamente os atributos de Deus, acabam cometendo erros gravíssimos na interpretação das Escrituras, e fazem descrições do caráter de Deus que, no mínimo, afrontam o Seu ser perfeito. Por exemplo, muitas pessoas priorizam um dos atributos de Deus em detrimento de outro. O caso mais clássico sobre esse erro ocorre na interpretação da relação entre a justiça e o amor de Deus, onde as pessoas enfatizam de tal maneira o atributo do amor, que entendem que o atributo da justiça está sujeito ao próprio amor ou é inferior a ele, como se Deus fosse mais amor do que justiça. Essa compreensão equivocada geralmente resulta na heresia do universalismo, ou, no mínimo, numa noção incorreta da doutrina da salvação, onde o “Deus Soberano” parece não ter qualquer autonomia.
Sobre isso, a verdadeira doutrina bíblica é a de que Deus é plenamente amor e plenamente justiça. Hoje, o amor e a misericórdia de Deus parecem se sobressaírem mais por causa da graça (Rm 3.24; Ef 2.8-9); todavia, isso ocorre porque a justiça e perfeição de Deus foram aplacadas em Cristo na cruz do Calvário, e por hora, isto é, até a consumação dos séculos, Deus está sendo paciente com a humanidade ímpia não querendo que ninguém se perca (2Pe 3.9; Is 30.18). A paciência de Deus não é uma concessão à prática da injustiça, longe disso, a partir do momento em que se é justificado em Cristo, deve-se dar início numa vida permeada de justiça e santidade, e então, desfrutar plenamente do amor e comunhão com o Deus Trino.

O amor e a justiça de Deus expressos na obra redentora de Cristo. Conforme a Lei de Deus, o preço do pecado sempre foi a morte. Somente com o derramamento de sangue e morte esse preço é totalmente pago. A morte como forma de pagamento, ocorre desde a morte espiritual, moral, física, até a morte como condenação eterna (Ap 20.12-15). Está sentença foi promulgada por Deus aos seres humano desde o jardim do Éden, antes mesmo do primeiro pecado (injustiça), quando disse: “...no dia em que dela comeres (no dia em que você pecar), certamente morrerás” (Gn 2.17). A pena de morte (condenação) refere-se a qualquer criatura que praticar a injustiça (violar as Leis de Deus); e defronte ao pecado de Adão e Eva, a justiça divina deu o seu veredito: “O salário do pecado é a morte”.
Agora, a humanidade se encontrava sob o julgo da morte e precisava de um Redentor. Alguém que pudesse ser capaz de obedecer perfeitamente a Lei que fora violada e, ao mesmo tempo, receber no lugar da humanidade pecadora a penalidade que lhe era devida: a morte; sem, no entanto, ser subjugado por ela. A justiça de Deus exigia estes requisitos para o Redentor: perfeição, justiça e santidade; e nenhum ser humano, desde o ventre, já não seria capaz de atendê-lo (Sl 51.5; Jó 15.14; Rm 3.10-23; 5.12). Todavia, a justiça de Deus precisava ser executada, e requeria punição; e diante dessa situação, Deus olha para a humanidade, e a Bíblia registra nas mais belas palavras, de forma indescritível e incomensurável que: “...Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna” (Jo 3.16).
O Senhor Jesus foi o único Perfeito, Justo e Santo, nascido sem pecado, apto a cumprir todas as exigências que a Lei de Deus requeria e morrer como um sacrifício imaculado no lugar da humanidade perdida: “Porque, se pela transgressão de um só (Adão) a morte reinou por meio dele, muito mais aqueles que recebem a abundância da graça e do dom da justiça. Estes reinarão em vida por meio de um único homem, Jesus Cristo. Pois, assim como uma só transgressão resultou na condenação de todos os homens, assim também um só ato de justiça resultou na justificação que traz vida a todos os homens. Porque, se pela desobediência de um só homem muitos foram feitos pecadores, assim pela obediência de um único homem muitos serão feitos justos” (Rm 5.17-19).
O Justo no lugar dos injustos. Entanto, só é possível hoje os injustos serem redimidos, porque receberam a justiça através daquele que os substituíra por amor na cruz do calvário, a saber, o Senhor Jesus. A própria obra de Cristo no Calvário foi o maior exemplo da completude entre amor e justiça divina, pois, se por um lado vemos o imenso amor de Deus ao enviar seu próprio Filho, por outro, vemos que esse sacrifício serviu para satisfazer a Sua própria justiça e santidade: “Àquele que não conheceu pecado, o fez pecado por nós; para que nEle fôssemos feitos justiça de Deus”. “Isto é, a justiça de Deus pela fé em Jesus Cristo para todos e sobre todos os que creem; porque não há distinção, pois todos pecaram e estão destituídos da glória de Deus; sendo justificados gratuitamente por sua graça por meio da redenção que há em Cristo Jesus. Deus o ofereceu como sacrifício para propiciação pela fé no seu sangue, demonstrando assim, a sua justiça pela remissão dos pecados que anteriormente foram cometidos sob a paciência de Deus; mas, no presente, demonstrou a sua justiça a fim de ser justo e justificador daquele que tem fé em Jesus” (2Co 5.21 e Rm 3.22-26). Se Deus fosse mais amor do que justiça, santidade e retidão, Ele poderia ter perdoado os pecadores sem precisar sacrificar Seu próprio Filho, mas a Sua justiça não permitia que isso fosse feito. O Senhor não podia negar a Sua justiça pelo amor, pois havia um preço a ser pago pelos erros da humanidade.
Logo, a justiça de Deus não se opõe ao seu amor, pelo contrário, foi para satisfazer a sua justiça que por amor Ele enviou Jesus a este mundo como sua dádiva instintiva (Jo 3.16; 1Jo 4.9-10) e como seu sacrifício pelo pecado em lugar do ser humano (Is 53.5,6; Rm 4.25; 1Pe 3.18), a fim de reconciliar a humanidade caída consigo mesmo (2Co 5.18-21).
Portanto, o fato de Deus providenciar o plano de redenção não o faz ser mais amor do que justiça, e o fato de Ele punir eternamente o pecador que não foi justificado pela obra de Cristo não o faz injusto ou menos amoroso. Os atributos de Deus se complementam ao invés de se excluírem mutuamente.

O AMOR E A HUMANIDADE
Deus criou o homem com capacidade para amar. O amor é um dos atributos que Deus compartilhou com o ser humano no ato da criação; mas, devido ao pecado e, consequentemente à natureza caída (Gn 6.5, 8.21; Sl 51.5; Jó 15.14), a crescente expansão do pecado tem esfriado esse amor a cada dia mais (Mt 24.12), tornando-o tão obsoleto que, atualmente, muitas pessoas o relacionam com a emoção; outros confundem o amor com um sentimento romântico e platônico. Limitam o amor a algo puramente sentimental, filosófico e romântico. Para outros, ainda, o amor é uma atração irresistível ou um impulso passional. Trata-se apenas de uma paixão inflamada, indomável e irracional.
A palavra amor está profundamente desgastada. Se existe uma palavra que foi esvaziada, distorcida e adulterada em seu significado, é a palavra amor. Amor tornou-se símbolo de paixão, de sexo, sobretudo, de intercurso sexual fora do casamento. Esse tipo de amor tem trazido ódio, desgraças, divisões, lares arruinados e enfermidades.
Ao passo que a imoralidade, desrespeito, rebeldia contra Deus, e abandono dos princípios morais provenientes do aumento do pecado caracterizam os últimos dias, o verdadeiro amor para com Deus e para com o próximo tem se esfriado a ponto de minguar. Na atualidade, e sob a crescente demanda da iniquidade, o egoísmo e a soberba tomaram conta dos padrões da sociedade moderna, e a cada dia, o que importa para as pessoas são os seus projetos pessoais, as realizações, os desejos, os momentos, os interesses e suas as necessidades individuais.
Contudo, esta realidade não pode se aplicar a igreja de Cristo nem deve ser nomeada entre os cristãos. O amor cristão, quer exercido para com os irmãos, quer para com a sociedade em geral, não é um impulso dos sentimentos, nunca flui com as inclinações naturais, nem se gasta somente naqueles por quem se descobre ter afinidade. O amor busca o bem-estar de todos (Rm 15.2), e não faz mal a ninguém (Rm 13.8-10); o amor busca a oportunidade de fazer o bem a todos, mas principalmente aos domésticos da fé (G16.10). O Senhor Jesus tratando da questão de se amar a todos (Mt 5.38-48) disse: "Eu, porém, vos digo:Amem a seus inimigos, bendigam os que vos maldizem, façam o bem aos que vos odeiam e orem pelos que vos maltratam e vos perseguem" (v. 44). Quando nos tornamos pecadores, nos tornamos inimigos de Deus. Todos que vivem no pecado são inimigos de Deus. O pecado nos separa de Deus e nos torna seus inimigos (Rm 5.10). O amor ao inimigo se compara ao amor de Deus. Pela obra do Espírito Santo, resultado propriamente da regeneração, aprendemos a ser como Deus neste sentido: amamos o que é amável mas também o que é imerecido, como um amor que nasce de dentro e se expressa em obras, em perdão, em respeito mútuo, em reconciliação, e em comunhão, pois nós mesmos fomos amados desse modo sem merecer.
A Bíblia, do começo ao fim, é enfática em declarar que o amor altruísta se refere a um sentimento benevolente, doador, compassivo, que não busca meramente seus próprios interesses mas os interesses do próximo (1Co 13.4-7). A voluntariosidade, quer dizer, aquele que age só pela sua vontade para agradar a si mesmo, nega o amor a Deus: “Aquele que não ama não conhece a Deus; porque Deus é amor” (1Jo 4.8).
O Senhor requisita a igreja de Cristo a ser e agir diferente da sociedade secular quando disse: “O meu mandamento é este: Que amem-se uns aos outros assim como Eu os amei. Ninguém tem amor maior do que este: de dar a sua vida pelos seus amigos. Vocês serão meus amigos se fizerem o que Eu mando” (Jo 15.12-14). O cristão, como uma nova criatura em Cristo Jesus, a qual se desenvolve dia após dia para se transformar novamente na imagem e semelhança do seu Criador (2Co 3.18), precisa amar o seu próximo com um autêntico e solidário amor fraternal. Embora o amor seja um aspecto do fruto do Espírito (Gl 5.22-23) e uma evidência do novo nascimento (1Jo 3.10-11; Cl 3.14; 1Ts 4.9-10), é também algo que temos a responsabilidade de desenvolver. Pois, ele não é um sentimento que simplesmente nasce em dada ocasião devido afeiçoamento alheio, ao contrário, ele é construído, demonstrado e fortalecido em atitudes concessoras. Estas atitudes, muitas vezes, repousam em momentos hostis e de grandes adversidades: “O amor é sofredor, benigno; o amor não é invejoso, não trata com leviandade, não se ensoberbece, não se porta com indecência, não busca os seus interesses, não se irrita, não suspeita mal, não folga com a injustiça, mas folga com a verdade. Tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta. O amor nunca falha...” (1Co 13.4-8a).
Por essa razão, a Palavra do Senhor nos exorta a amar uns aos outros e a termos solicitude para com todos, principalmente com nossos irmãos em Cristo. A Bíblia não está falando apenas em sentimento de boa-vontade e afeição, mas em disposição decisiva e prática, de ajudar as pessoas em circunstâncias boas ou ruins, nas adversidades e necessidades (3.16-18; cf. Lc 6.31). Assim como o amor de Deus resultou em obras, o nosso amor deve desencadear o mesmo: em ações amorosas inerentes a Deus (Dt 6.5; Mc 12.29-30), e ações amorosas concernentes ao próximo (Mc 12.30; Gl 5.14; Tg 2.8).
A Palavra do Senhor admoesta a demonstrar o amor pelas obras por três razões: (1) Deus é o próprio amor em pessoa, ao passo que quem não ama, não conhece a Deus (1Jo 4.7-8). Ele demonstrou Seu amor ao dar seu próprio Filho por nós (v. 9,10). (2) Porque Deus nos amou. Nós, que temos experimentado o seu amor, perdão e ajuda, temos a obrigação de ajudar o próximo, mesmo com grande custo pessoal (2Co 12). (3) Se amamos uns aos outros, Deus continua a habitar em nós, e o seu amor é em nós aperfeiçoado (1Jo 4.12-13).
Além disso, Deus tem amor paternal especial àqueles que estão reconciliados com Ele por meio de Jesus (Gl 3.26); e, hoje, “nós o amamos porque Ele nos amou primeiro” (1Jo 4.19). É, pois, a Sua vontade que nos amemos uns aos outros; esse é o segundo e grande mandamento que Jesus declarou e que vem desde a Lei de Moisés: “... amarás ao teu próximo como a ti mesmo” (Lv 19.18; Mt 22.39; Mc 12.31).

No entanto, quanto aos nossos irmãos em Cristo, devemos ama-los, mas isso não quer dizer que devemos ser coniventes com os seus erros. Paulo se preocupava muito com os irmãos de Corinto, nem por isso deixou de exortá-los e às vezes entristecê-los, mas também entendendo que a tristeza segundo Deus, opera arrependimento para a salvação (2Co 7.8-10 rf. 1Co 11.32; Pv 15.10). O pregador(a) deve viver para Deus e anunciar a Sua justiça com amor e por amor as almas, isto é uma condição atemporal, e trata-se da maior expressão de amor ao próximo e a Deus. A mensagem do Evangelho e, principalmente o modo de viver que não expressam a Justiça de Deus, são sinais de quem não vive nem zela pela salvação das ovelhas de Cristo (Mt 7.15-23). Um cristão verdadeiro vive a justiça e o amor de Deus de forma plena.

A OBEDIÊNCIA POR AMOR
O cristão verdadeiro ama a Deus e o obedece com amor. Sobre isso, o Senhor Jesus disse: “Se alguém me ama, obedecerá a minha Palavra, e meu Pai o amará, e viremos para ele, e faremos nele morada. Quem não me ama não obedece às minhas Palavras...” (Jo 14.23-24). Judas exorta os leitores: “Mantenham-se no amor de Deus” (v. 21), indicando claramente que é possível para os cristãos não permanecerem no amor de Deus. De acordo com João, na noite em que foi traído, Jesus exortou os discípulos a permanecerem em seu amor, acrescentando: “Se vocês obedecerem aos meus mandamentos, permanecerão no meu amor, assim como tenho obedecido aos mandamentos de meu Pai e em seu amor permaneço” (Jo 15.10). Permanecer na esfera do amor de Deus envolve obediência leal a Deus e à sua Palavra. Os cristãos permanecem no amor de Deus e de Jesus pela obediência, exatamente da mesma forma que os filhos permanecem no amor dos pais, não só pelo afeto, mas pela obediência.
Amar a Deus é obedecê-lo. Quem não observa os ensinos de Cristo, não o ama pessoalmente, e quem não o ama não tem a verdadeira fé salvífica (1Jo 2.3-4). Dizer que uma pessoa permanece salva, mesmo quando deixa de amar a Cristo e passa a viver uma vida de pecado, contradiz de modo direto esse e outros ensinos de Jesus a respeito do amor, da obediência e da presença do Espírito Santo em nós (1Jo 4.12-13; 2Jo v. 5-6).
A desobediência a Deus é a origem dos problemas da humanidade (Gn 3). Com efeito, depois de reunir a nação de Israel, o Senhor deu grande ênfase quanto a obediência aos mandamentos. Por exemplo, no decálogo, o Senhor declara que é um Deus que ama “até mil gerações aos que me amam e obedecem aos meus mandamentos” (Êx 20.6).
Obediência aos mandamentos do Senhor é um dos maiores sinais do amor genuíno a Deus. É a forma que temos para glorificar e adorar a Deus, e Ele sendo glorificado, derrama sobre nós bênçãos sem medidas (Dt 28).

CONSIDERAÇÕES FINAIS
As várias ligações entre o amor cristão e as maneiras que a Bíblia retrata o amor de Deus vão muito mais além do que se pode descrevê-lo no presente artigo. Como Seu próprio ser, Seu amor é imensurável (Jo 3.16). Deus não é somente Soberano; Ele é uma pessoa que, o amor é parte tão constitutiva de seu ser que Ele não pode abandonar o amor, da mesma forma que não pode se desviar de sua justiça. Seu amor, qual ponte, transpõe o abismo do tempo. Permanece firme sob as mais pesadas pressões. As pressões e o peso do pecado da humanidade não têm quebrado a ponte do amor, que se reflete na longanimidade de Deus: “O Senhor não demora em cumprir a sua promessa, ainda que alguns a têm por tardia. Pelo contrário, Ele é paciente com vocês, não querendo que alguns se percam, mas que todos venham a arrepender-se” (2Pe 3.9).
Deus continua demonstrando paciência para com a raça humana pecadora, e até ao dia do julgamento do grande trono branco (Ap 20.11-15), está disposto somente a salvar por meio de Cristo. Ele não julga na devida ocasião (Jo 3.17; 12.47-48), pois destruiria facilmente os pecadores; mas no Seu muito amor, tem paciência e concede a todos a oportunidade de se arrependerem e serem salvos (Ez 33.11).

Todo o plano da redenção parte do amor de Deus, derramado sobre pecadores que são inimigos de Deus e que estão longe de serem intrinsecamente amáveis. Essa é uma das marcas distintivas do amor de Deus: — embora com raras exceções, o amor humano neste mundo decaído só seja manifesto a objetos ou pessoas consideradas amáveis por quem ama — o amor de Deus flui dEle mesmo e o seu amor não depende da amabilidade do indivíduo ou objeto amado. Deus é amor por essência e a personificação exata do amor; o amor faz parte do seu caráter, não podendo ser acrescentado ou retirado das suas características divinas.
O amor de Deus é incondicional e não depende de nossos esforços. É a maior força existente; é imensurável, incomparável, ilimitada, que pode quebrar qualquer barreira e transformar qualquer situação. Portanto: “...em todas estas coisas, somos mais do que vencedores por aquele que nos amou. Porque estou certo de que nem a morte, nem a vida, nem os anjos, nem os principados, nem as potestades, nem o presente, nem o futuro, nem a altura, nem a profundidade, nem alguma outra criatura poderá nos separar do amor de Deus que está em Cristo Jesus, nosso Senhor” (Rm 8.37-39).

No mais, Deus é o próprio amor. Um amor perfeito, que nunca falha (1Co 13.8).