O Ministério de Jesus

Ir. Eric Alexandre

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O ministério de Jesus Cristo na terra começou com sua encarnação. A Bíblia diz que por obra e graça do Espírito Santo, Jesus foi concebido de uma jovem virgem de Nazaré, chamada Maria (Mt 1.18). Os estudiosos geralmente organizam o ministério de Jesus em duas grandes partes: sua humilhação e sua exaltação — essa última permanece até hoje e se estenderá por toda eternidade futura.

A ideia de entender o ministério de Jesus como sua humilhação, não está relacionada apenas à sua origem humilde na terra, mas ao que Ele precisou deixar para trás para poder assumir a forma de servo e ser achado verdadeiramente humano.

Embora Cristo tivesse sido feito plenamente homem, Ele também era plenamente Deus. Em outras palavras, durante seu ministério Jesus não deixou de ser Deus para ser homem; mas Ele assumiu a natureza humana abrindo mão, temporariamente, de seus privilégios como Deus.

I – O COMEÇO DO MINISTÉRIO DE JESUS NA TERRA.
Contrariando a expectativa judaica de que o Messias prometido nasceria em um berço de ouro, a Bíblia relata que Jesus nasceu de forma humilde na pequena cidade de Belém. Em seguida, conforme mandava a Lei, Jesus foi circuncidado e consagrado no Templo em Jerusalém (Lc 2.21,22).

Posteriormente, Herodes, o grande, ordenou a morte dos meninos recém-nascidos em Belém. Isso fez com que a família de Jesus tivesse que passar um tempo no Egito. Sobre a infância, adolescência e juventude de Jesus, a Bíblia não fornece quase nenhum detalhe. O texto bíblico diz apenas que Jesus se desenvolveu em sabedoria, estatura e graça (Lc 2.52). O único episódio específico registrado na Bíblia sobre a infância de Jesus é aquele em que com apenas doze anos de idade Jesus foi encontrado no templo, sentado entre os especialistas da Lei.

O início de Seu ministério público aconteceu quando já estava numa idade adulta. Jesus começou Seu ministério público quando tinha cerca de trinta anos de idade (Lc 3.23). O evento que marcou o início do ministério público de Jesus foi Seu batismo por João Batista no rio Jordão (Mt 3.13; Mc 1.9; Lc 3.21).

II – O DESENVOLVIMENTO DO MINISTÉRIO PÚBLICO DE JESUS.
O ministério público de Jesus, começa, segundo os evangelhos canônicos, com o Seu batismo por imersão em águas correntes na região da Judeia, perto do rio Jordão.

"E aconteceu que, como todo o povo se batizava, sendo Jesus batizado também..." (Lc 3.21). Jesus foi batizado por João pelas seguintes razões: (1) Para cumprir toda a justiça (Mt 3.15). Cristo, mediante o batismo, consagrou-se publicamente a Deus, e assim cumpriu a justa exigência de Deus. (2) Para testemunho como um sinal de arrependimento aos pecadores, embora o próprio Jesus não precisasse de arrependimento de pecado (2 Co 5.21). (3) Para associar-se com o novo movimento da parte de Deus, pelo qual Ele chamava todos ao arrependimento. Este movimento teve início com João Batista como o precursor do Messias (Mt 3.1-6; Lc 3.2-6).

"Orando Ele(Jesus), o céu se abriu, e o Espírito Santo desceu sobre Ele em forma corpórea, como uma pomba" (Lc 3.21,22). O Espírito Santo, pelo qual Jesus fora concebido inicialmente (Lc 1.35), agora, unge-o pessoalmente e também o reveste de poder para exercer o Seu ministério. O Espírito veio sobre Ele em forma de uma pomba, dotando-o de grande poder para levar a efeito o Seu ministério, inclusive a obra da redenção.

"E Jesus, cheio do Espírito Santo..." (Lc 4.1). O Espírito Santo ungiu, revestiu e o capacitou para exercer Sua missão. Jesus era Deus (Jo 1.1), mas Ele também era homem(1Tm 2.5). Como ser humano, Ele dependia da ajuda e do poder do Espírito Santo para cumprir as suas responsabilidades diante de Deus (cf. Mt 12.28; LC 4.1,14; Rm 8.11; Hb 9.14). Somente como homem ungido pelo Espírito, Jesus podia viver, servir e proclamar o evangelho (At 10.38). Jesus é o exemplo perfeito para o cristão; cada crente deve receber a plenitude do Espírito Santo (ver At 1.8 notas; 2.4 notas).

Sucessivamente, Jesus é conduzido pelo Espírito Santo ao deserto para ser tentado pelo diabo. cf. Mt 4.1: "E, tendo jejuado quarenta dias e quarenta noites.." O ministério de Jesus foi fundado encima de constantes orações e jejuns. Antes de sair para ministrar Sua Palavra, Jesus buscou capacitação e revestimento do Espírito Santo. Esse é o exemplo padrão deixando por Jesus a todos cristãos que almejam pregar o evangelho: o dever de buscar acima de qualquer outra coisa, a capacitação espiritual e divina, para somente depois trabalhar em prol do reino de Deus. A Capacitação precede um ministério com unção e poder. cf At. 2.

"Para ser tentado pelo diabo" (Mt 4.1). Imediatamente após o batismo, Jesus foi levado pelo Espírito ao deserto, onde foi tentado pelo diabo durante quarenta dias. Foi uma tentativa de desviá-lo da perfeita obediência à vontade de Deus. Foi pelo fato de estar cheio do Espírito Santo e através da Palavra Deus que Jesus resistiu firmemente a satanás e vencer as tentações que lhe foram apresentadas. Note que Cristo em cada caso se valeu do poder e da autoridade da Palavra de Deus, ao invés de submeter-se aos desejos de satanás.

Da mesma maneira, a intenção de Deus é que nunca enfrentemos as forças espirituais do mal e do pecado sem o poder do Espírito. Precisamos estar equipados com a sua plenitude e obedecer-lhe a fim de sermos vitoriosos contra Satanás. Um filho de Deus propriamente dito deve estar cheio do Espírito e viver pelo seu poder.

E foi-lhe dado o livro do profeta Isaías; e, quando abriu o livro, achou o lugar em que estava escrito:

O Espírito do Senhor é sobre mim, pois que me ungiu para evangelizar os pobres. Me enviou para curar os quebrantados de coração; para pregar liberdade aos cativos, E restauração da vista aos cegos, A pôr em liberdade os oprimidos, A anunciar o ano aceitável do Senhor. E, cerrando o livro, e tornando-o a dar ao ministro, assentou-se; e os olhos de todos na sinagoga estavam fitos nele. Então começou a dizer-lhes: Hoje se cumpriu esta Escritura em vossos ouvidos.
     Quando Jesus fez referência ao cumprimento da profecia de Isaías acerca do poder do Espírito Santo sobre Ele, usou também a mesma passagem para sintetizar o conteúdo do seu ministério, a saber: pregação, cura e libertação (Is 61.1,2; Lc 4.16-19).

O propósito do Seu ministério ungido pelo Espírito Santo era pregar o evangelho aos pobres, aos necessitados, aos aflitos, aos humildes, aos abatidos de espírito, aos quebrantados de coração e aos que temem a Sua Palavra (cf. Is 61.1-3 nota; 66.2 nota). É para curar os aflitos e oprimidos. Essa cura envolve a pessoa inteira, tanto física quanto espiritual. É abrir os olhos espirituais dos que foram cegados pelo mundo e por satanás, para agora verem a verdade das boas-novas de Deus (cf. Jo 9.39). É para proclamar o tempo da verdadeira liberdade e salvação do domínio de satanás, do pecado, do medo e da culpa (cf. Jo 8.36; At 26.18). Todos os que são cheios do Espírito Santo devem participar do ministério de Jesus, da maneira descrita acima. Para fazermos assim, precisamos estar profundamente conscientes da extrema necessidade e miséria da raça humana, resultante do pecado e da influência de satanás, que traz uma condição de escravidão do mal, desolação, cegueira espiritual e males físicos.

Daí em diante os Evangelhos pontuam os destaques do ministério de Jesus. Ele curou doentes, multiplicou alimentos, expulsou demônios, controlou as forças da natureza e ressuscitou mortos. Mas tudo isso servia para testemunhar a cerca de sua identidade como Filho de Deus e validar sua mensagem acerca do reino dos céus. Além disso, a Bíblia também diz muitas coisas que Jesus fez ao longo de seu ministério terreno não foram registradas (João 20:30).

Geograficamente, o ministério de Jesus se desenvolveu principalmente na Galileia, mas também na Judeia e Pereia. Já a última semana do ministério de Jesus antes da crucificação se deu na cidade de Jerusalém. Jesus foi traído por um de seus discípulos — Judas Iscariotes — e após ser preso acabou sendo condenado à morte com base em falsas acusações. A morte de Jesus foi por meio de crucificação. Inclusive, esse era o tipo de morte mais humilhante que alguém podia sofrer naquela época. Apenas escravos ou criminosos da pior qualidade eram crucificados. Note Gl 3.13: "Cristo nos resgatou da maldição da lei, fazendo-se maldição por nós; porque está escrito: Maldito todo aquele que for pendurado no madeiro".

Os teólogos têm identificado a crucificação de Jesus como o ponto mais profundo de sua humilhação durante Seu ministério; enquanto que Sua vitória sobre a morte, por meio da ressurreição, foi o ponto inicial de sua exaltação que culminou em sua ascensão ao Céu.
     Portanto, a morte não colocou fim no ministério de Jesus. Ele venceu a morte e ressuscitou dos mortos com um corpo glorioso que era uma indicação dos corpos glorificados que os crentes receberão na ressurreição final.

III – A CONTINUIDADE DO MINISTÉRIO DE CRISTO.
Muitas pessoas acreditam que o ministério de Jesus terminou com Sua ascensão ao Céu, mas isso não está correto. O ministério de Jesus continua agora em sua exaltação. A Bíblia diz que Ele está à destra de Deus na posição de nosso Rei e Sumo Sacerdote. Isso significa que Jesus Cristo está assentado no trono do universo governando todas as coisas. Ele intercede ao Pai por nós e nos dá o privilégio de nos achegarmos à presença de Deus por meio de seus méritos.

Além disso, o grande passo final do ministério de Jesus se dará por ocasião de seu retorno à terra com grande poder e glória, para pôr fim no presente século e estabelecer, em toda sua plenitude, o reino de Deus.