O Divórcio e o Cristão

Ir. Eric Alexandre

Divórcio é a dissolução do casamento, a desunião conjugal, a separação entre um homem e uma mulher. Uma vez que o divórcio é a dissolução do vínculo matrimonial, é necessário considerar todos os vínculos e propósitos do casamento antes de se tratar o divórcio.

O casamento é a instituição social mais essencial e influente que existe no mundo. É muito difícil superestimar a importância do casamento. Seu significado é infinitamente grandioso. O abismo entre a visão bíblica do casamento e o conceito humano é - e sempre tem sido - enorme. Na História, a cultura secular tem atitudes tão baixas, descomprometidas e utilitárias com relação ao casamento a ponto de fazer o padrão bíblico parecer ridículo para a maioria das pessoas.
Assim, a cada ano, cerca de metade dos casamentos terminam em divórcio, e a tendência é piorar. A união matrimonial está claramente em declínio, e diante disso, cabe ao cristão considerar as bases bíblicas para um casamento permanente e bem-sucedido conforme Deus o planejou. Do mesmo modo, como o divórcio tem-se tornado uma prática cada vez mais comum dentro e fora da Igreja, precisamos examinar desde a escolha de um cônjuge, o desenvolvimento de um casamento vitorioso até a ocasião de se evitar um futuro divórcio, caso necessário, visto que a prática do divórcio desagrada a Deus e é demasiadamente hostil à família.

A criação da primeira família. A família é a mais remota instituição da humanidade. Ela foi criada por DEUS antes da entrada do pecado no mundo (Gn 1.26-31). Ela é, em extremo, uma instituição sagrada, que deve ser honrada por todos (Hb 13.4). Todo casamento monogâmico origina-se em Deus e não no ser humano. Note que não foi Adão que disse para Deus: “Deus, eu quero uma mulher”. Mas, Deus que olhou e disse: “não é bom que o homem esteja só, far-lhe-ei uma auxiliadora”. À vista disso originou-se a mulher, que foi criada para ser a amável companheira do homem e sua ajudante. Ela não foi criada para dominar o homem bem como não foi feita para ser humilhada por ele, longe disso, a mulher foi criada para completá-lo, lhe ajudando em seus afazeres e em seu dia-a-dia. Daí, ela ser partícipe da responsabilidade do homem e com ele cooperar em sua família (Gn 2.18-24).
Outro propósito do casamento é a procriação e expansão da raça humana. O casal torna-se uma ferramenta do propósito divino no que tange a criação da Terra e de tudo que nela há. Deus criou “homem e mulher” (Gn 1.27) e lhes ordenou: “Frutificai e multiplicai-vos” (v. 28). Portanto, a reprodução natural só é possível em uma união entre um homem e uma mulher.
De acordo com as Escrituras, Deus “formou o homem do pó da terra” (Gn 2.7). Depois “da costela que o SENHOR DEUS havia tomado desse homem, formou a mulher” (v. 22) e acrescentou: “Portanto o homem deixará o seu pai e a sua mãe, e apegar-se-á à sua mulher, e serão ambos uma carne” (v. 24). O uso dos termos "homem" e "mulher" no contexto de "pai" e "mãe" deixa claro que há aqui uma referência ao homem e à mulher no sentido biológico. Fazendo uma alusão à criação e união conjugal de Adão e Eva, Jesus citou a passagem de Gênesis dizendo: “desde o princípio o Criador os fez macho e fêmea” (Mt 19.4). Depois, Jesus citou a mesma passagem de Gênesis 2.24 que fala do ato de deixar pai e mãe e se unir à mulher (v. 5). Dessa maneira, Jesus concluiu que o casamento deve ser realizado entre um homem e uma mulher.

O casamento é monogâmico: “Por essa razão, o homem deixará pai e mãe e se unirá à sua mulher, e eles se tornarão uma só carne” (Gn 2.24). O casamento é realizado somente entre um macho e uma fêmea, concretizando-se entre um homem e uma mulher. Paulo disse: “cada homem [singular] tenha sua mulher, e cada mulher [singular], seu marido” (1Co 7.2). Observe que a passagem acima está no singular, não permitindo espaço nem pretextos para erros de interpretação.
Monogâmico refere-se ao regime segundo o qual uma pessoa pode ter apenas um cônjuge. A monogamia não é apenas um ensino do Novo Testamento, ela estava presente desde o início quando Deus criou um homem (Adão) e deu a este homem apenas uma mulher (Eva). Esse é o ideal proposto por Deus desde o primeiro casal: Adão teve a sua esposa Eva e Eva teve o seu marido Adão. Adão não teve duas esposas, Eva não teve dois maridos, foi apenas um homem e uma mulher que formaram o casal que deu origem a primeira família na Terra.

Se a monogamia é a ordem de Deus para o casamento, por que então existiu a poligamia? Poligamia é a união conjugal de uma pessoa com várias outras. No Antigo Testamento, vários servos de Deus foram polígamos, incluindo, Abraão, Moisés e Davi. Salomão, por exemplo, teve 700 esposas e 300 concubinas (1Rs 11.3).
Em resposta, pode-se dizer que a Bíblia não aprova todas as ações praticadas pelas pessoas que estão registradas nela, pelo menos não de forma explícita. Por exemplo, a Bíblia registra a ação de satanás no Éden (Gn 3.4), mas certamente não a aprova. De modo semelhante, a Bíblia registra a permissividade do divórcio dada por Moisés no Antigo Testamento (Dt 24.1-4), mas certamente não a aprova (Mt 19.8). A Bíblia também registra o adultério seguido de homicídio de Davi (2Sm 11), porém, seguramente, não os aprova (2Sm 12; Ap 22.15).
Na verdade, a Bíblia apresenta duras palavras contra a poligamia, tanto no Antigo quanto no Novo Testamento, e isto fica evidente em inúmeras passagens. Deus deu a Adão apenas uma esposa, e com isso, estabeleceu um precedente que deveria ser seguido por toda humanidade. A prática da poligamia nunca foi aceita por Deus, pode ter sido tolerada, mais nunca aceita, já que se trata de uma atividade oriunda da dureza de coração e concupiscências da carne. O que Jesus disse sobre o divórcio também é verdadeiro em relação à poligamia: “...por causa da dureza dos vossos corações...” (Mt 19.8). A prescrição divina para o casamento é apenas um homem e uma mulher unidos em uma só carne. Está prescrição exclui a poligamia, a homossexualidade, a prostituição, o adultério e o divórcio.

Além de monogâmico, Deus criou o casamento para ser permanente. Deus não criou o casamento para ser temporário ou um casamento por contrato — como está na moda atualmente. Deus não aceita casamento por período ou com prazo de validade; a validade de um casamento é indeterminada (Rm 7.2-3).

O casamento é uma aliança entre os cônjuges e Deus. Quando se lê Gênesis 2.24, logo identifica-se a contundência matrimonial. Adão acabara de receber Eva como um presente das mãos de Deus, e a cena ilustra uma verdadeira cerimônia de casamento. O noivo recebe a noiva e o juiz oficializa a união. Este versículo (24) revela o Criador como oficiante do mais importante pacto entre os seres humanos. Esta é a palavra-chave para o entendimento correto da indissolubilidade do casamento: pacto.
O casamento é uma aliança não apenas com o outro cônjuge, mas também com Deus. Não se trata apenas da união entre um homem e uma mulher em que estão envolvidos direitos conjugais (sexuais), é do mesmo modo uma união nascida de uma aliança baseada em promessas mútuas com selagem divina. Desde o início, esse compromisso está implícito no conceito de deixar os pais e se unir a uma mulher. A aliança matrimonial foi descrita, de forma mais explícita, pelo profeta Malaquias no momento em que disse: “...Por que o Senhor foi testemunha entre ti e a mulher da tua mocidade, com a qual tu foste desleal, sendo ela a tua companheira, e a mulher da tua aliança” (Ml 2.14).
A partir dessa passagem, fica evidente que o casamento não é só uma aliança entre humanos, mas também uma aliança da qual o próprio Deus é testemunha. Independente se foi realizada apenas no cartório e não foi na Igreja, ainda assim, Deus foi testemunha dessa união. Foi Deus quem instituiu o casamento e é Ele quem testemunha os votos feitos selando a união íntima em uma só carne. Tais votos são feitos “na presença de Deus”, e na ocasião, como forma de autenticar a ligação, Deus junta às duas pessoas em uma selando essa unidade com Sua benção; por isso Jesus disse que Deus é aquele que une às duas pessoas em uma no casamento, acrescentando: “Portanto, o que Deus ajuntou não o separe o ser humano” (Mt 19.6).

Há algo mais que precisa ser tratado acerca da natureza do casamento: o casamento é uma instituição ordenada por Deus para todas as pessoas e não apenas para os cristãos. Casamento é a única instituição social que Deus ordenou antes da queda da humanidade. Na Epístola aos Hebreus está escrito: “O matrimônio deve ser venerado entre todos e o leito sem mácula; porém, aos que se prostituem e aos que adulteram, Deus os julgará” (13.4). Com isso, Deus tem ordenado o casamento tanto para os ímpios como para os cristãos. Ele é a testemunha que comparece ao primeiro casamento para o estabelecer tendo sido convidado ou não. Com efeito, o casamento torna-se uma ocasião sagrada, e isso independe do reconhecimento do próprio casal.

Tanto a natureza quanto a duração do casamento são importantes. A Bíblia é muito clara acerca da duração do casamento: é um compromisso para toda a vida até que a morte os separe. Embora deva ser uma aliança para toda a vida, ele não é eterno. Esse compromisso não se estende a eternidade (Mt 22.30), expande-se, somente, até o falecimento de um dos cônjuges.
A natureza do casamento como algo que deve durar toda a vida está atrelada ao conceito de permanência no casamento, ao qual Paulo se referiu com as seguintes palavras: “Ora, a mulher casada está ligada pela lei ao marido enquanto ele vive; mas, se ele morrer, ela ficará livre da lei conjugal. De sorte que será considerada adúltera se o marido ainda estiver vivo e ela relacionar-se com outro homem; mas, se morrer o marido, ela estará livre da lei e não será adúltera se for de outro homem” (Rm 7.2-3). Esse conceito representa o fundamento da famosa frase proferida em cerimônias de casamento: “até que a morte os separe”.
Mateus 19.6 está escrito: “Assim não são mais dois, mas uma só carne. Portanto, o que Deus ajuntou não o separe o ser humano”. A união de “uma só carne” no ato do casamento une o homem e a mulher a uma vida partilhada plenamente. Essa união supera até os relacionamentos de sangue (pai e mãe) para criar uma nova relação familiar. Isto significa que o cônjuge passa a ser mais importante que qualquer outra pessoa, inclusive, que os filhos, dado que o cônjuge se torna parte íntima um do outro, já os filhos vão deixá-los posteriormente para unirem-se com outra pessoa, ou não (Mt 19.10-12; 1Co 7.1, 7-8, 26).

“...não são mais dois, mas uma só carne...”. Essa é a união mais profunda existente entre dois seres humanos, o homem e a mulher tornaram-se um, e a partir disso, Deus não os vê mais como um ou outro cônjuge de modo isolado, ao contrário, às duas pessoas juntadas por meio do casamento são consideradas uma única carne diante de Deus. Com isso, o casamento torna-se uma aliança intrínseca feita entre ambos, e entre ambos com Deus. A qual o ser humano não tem poder e autoridade para quebrar. É um voto de amor e fidelidade do homem para com a mulher, da mulher para com o homem e de ambos para com Deus. Um voto que não foi feito exclusivamente entre seres humanos, mas entre seres humanos e Deus, e isto, independe se foi realizado entre um cristão e um ímpio, entre dois ímpios, ou entre dois cristãos. O casamento é único; a desunião dá “uma só carne” só ocorrerá com a morte de um dos cônjuges. Nisso reside o grande mistério do laço matrimonial.

As duas escolhas mais importantes da vida. Há duas decisões que o ser humano toma as quais definem todo o seu destino, tanto na presente era quanto na era vindoura:
I – A primeira e mais importante decisão é aceitar a Cristo como seu único e suficiente Salvador. Desta decisão depende toda a sua vida. Fazendo isso, lhe é garantido a vida tanto nesta era, quanto na era vindoura.
II – A segunda decisão, e não menos importante, refere-se a escolha que uma pessoa faz a respeito de quem vai se unir pelo matrimônio. Está escolha definirá a sua vida e seu destino tanto nesta era, quanto na era vindoura. O cônjuge que o crente escolhe para casar-se interfere propriamente em seu relacionamento com Deus, e, conseguintemente com sua salvação, pois, se acontecer de o casamento ser quebrado e a família destruída, o relacionamento do cristão para com Deus é afetado diretamente por causa dessa dissolução, querendo ele ou não. Isto evidência a importância de se escolher uma pessoa — regenerada em Cristo — para se formar uma família. O matrimônio é tão importante que o Senhor compara o Seu relacionamento com a igreja através da analogia de um casamento (2Co 11.2; Ef 5.22-32), e neste, não pode haver divórcio, nem tampouco um segundo casamento.

O DIVÓRCIO NO ANTIGO TESTAMENTO
De fato, a prática do divórcio aparece com certa frequência no Antigo Testamento (Lv 21.7,14; 22.13; Nm 30.9; Dt 22.19,29; Is 50.1; Jr 3.1,8; Ez 44.22), mas isso se difere bastante da instituição do divórcio como um direito ou algo divinamente aprovado. O divórcio não é ordenado nem sequer incentivado em nenhum dos dois Testamentos. O Senhor Jesus comentou sobre o texto de Deuteronômio 24.1-4 e enfatizou que a “concessão” que Moisés havia dado era, meramente, por causa da dureza de seus corações (Mt 19.3-9). Ela não tinha a intenção de facilitar o divórcio, pelo contrário, era uma restrição ao divórcio fácil oferecendo uma certa proteção à esposa. Observe que a Lei de Moisés, portanto, não ordenava o divórcio.

Deuteronômio 24.1 está escrito: “Quando um homem tomar uma mulher e se casar com ela e acontecer que, se não achar graça em seus olhos, por nela encontrar coisa indecente, fará a ela uma carta de repúdio e lhe dará na sua mão, então a despedirá da sua casa”. A palavra ‘repudiar’ deriva-se do Latim repudiarE, que é a junção de “re” [intensificador] e “pudere” [envergonhar, sentir vergonha]. Repudere ou repudiare denota o sentimento de muita vergonha, estar totalmente envergonhado. Atualmente a palavra divórcio deriva-se de “repudiare”, e esse vocábulo não tem nada de bom: renegar, rejeitar legalmente, separar-se através do divórcio, divorciar-se, desamparar alguém, deixar em abandono, repelir, reprovar, manifestar recusa, rejeição a alguém.
A própria definição da palavra repudiar não traz nada de bom em si, é algo horrendo e maléfico para os cônjuges, para a sociedade e para o caráter do cristão e sua índole para com Deus.
No contexto de Deuteronômio 24, o homem daria à mulher uma carta de divórcio, que era um documento legal para que posteriormente ela pudesse voltar a casa dos seus pais e adquirir um novo matrimônio. Tanto nessa ocasião como em todas as outras, o divórcio sempre foi uma prática tolerada por Deus, visto que Ele não interfere no livre-arbítrio do ser humano. Deus permite que o ser humano tome suas escolhas e faça suas decisões, e o divórcio sempre ocorreu por causa da dureza do coração humano, ele nunca foi ordenado ou endossado por Deus, nada disso, ao se ler Malaquias 2, vê-se que o Senhor detesta o divórcio, tal prática não é aceita por Deus em hipótese alguma. Embora houvesse a permissividade oriunda da fraqueza humana, Deus nunca endossou o divórcio.
Naquela época, dentro da cultura judaica, uma mulher era ensinada desde criança a ser uma matriarca, uma dona de casa, uma boa mãe e a uma boa esposa. Se a mulher falhasse em seus ofícios e voltasse à casa de seus pais com a carta de divórcio, muitas vezes não era aceita pelos pais, dado que a carta de divórcio era um sinal de vergonha para a família, entendendo-se que a mulher não cumpriu com as suas obrigações de judia.
Inúmeras vezes os pais não aceitavam sua própria filha e ela passava a viver às margens da sociedade de Israel, na miséria; e isso, por várias vezes, fazia com que ela viesse a se prostituir para manter-se e/ou sobreviver.

Portanto, o divórcio, diferente do que as pessoas falam e a mídia emprega, é absolutamente destrutivo, e essa realidade ocorre desde os tempos mais remotos. Nos tempos de Israel, por exemplo, para o homem judeu o divórcio não lhe era tão prejudicial, pois se casava outra vez e acreditava seguir sua vida sem maiores complicações; mas para a mulher, o divórcio era um sinal de maldição à sua vida, porque tanto o homem judeu quanto os pais deste homem, ao procurarem uma esposa, procuravam nas famílias as moças que estavam preparadas para se casarem, moças que eram instruídas para ser boas mães, boas esposas e boas donas de casas. Tanto o homem judeu quanto seus pais, não procuravam por uma mulher que já tinha passado por um casamento e foi divorciada, os judeus em si, não procuravam divorciadas para se casar. Em vista disto, essas mulheres passavam a viver às margens da sociedade, largadas; viviam na miséria e na prostituição para poder se manter.

Essa realidade aplica-se também aos dias atuais, onde muito se vê casamentos destruídos, com seus cônjuges afetados pelo divórcio, e a resultante disso, é que quando não caem em depressão ou ruína pessoal e familiar, entram num estado de adultério tão profundo, visto que buscam se relacionarem com outras pessoas quebrando o voto imutável feito durante o casamento violando assim a união das duas carnes. Adultérios acontecem muito já que qualquer outro relacionamento fora do primeiro casamento torna-se o pecado de adultério: Mc 10.12; Lc 16.18; 1Co 6.910.

Diferente da antiguidade, os tempos atuais são outros. Os conceitos e valores que o mundo impõe são outros, mas isso não deve se estender à igreja de Cristo. O mundo aceita o divórcio como algo normal, e até incita para que ele aconteça em muitas famílias. A contemporaneidade foi acometida por essa inversão de valores, perdeu-se o propósito idealizado por Deus para a família. A família, hoje, não é valorizada como era antigamente, a dissolução de um casamento chega a ser encarada como um fato corriqueiro na sociedade profana a qual diz: “essa pessoa está buscando uma nova oportunidade, essa pessoa quer viver, ficou bastante tempo presa, não descobriu o que era bom etc”. As desculpas são tantas para que haja a aceitação do divórcio, quando na realidade, o divórcio é uma marca de maldição na vida da pessoa, pois ele revela a incapacidade em se sustentar uma família e manter um relacionamento familiar. Isso denota fracasso, incapacidade, vergonha, desunião conjugal e familiar.

No Antigo Testamento havia a carta de divórcio, porém, o divórcio nunca foi aceito por Deus, pode ter sido tolerado, mas nunca foi aceito por Ele. Os efeitos que ele causa na vida do casal são danosos, principalmente na vida da mulher que mais sofria como visto acima; ela era desamparada, posta às margens da sociedade. Embora tenha sido aplicado, as famílias antigas o tinham como um sinal de vergonha, de maldição e nunca de benção como é encarado na sociedade atual.
Então longe de ser uma prática aprovada por Deus, essas são algumas das razões pelas quais Deus abomina, detesta o divórcio. O divórcio fez com que as mulheres de Israel adulterassem e se tornassem de má índole e má-fama entre o povo; o que não agradou nem um pouco a Deus. O divórcio faz com que muitas pessoas entrem em debilidade pessoal, destruição familiar e/ou adultérios; portanto, ele nunca foi e nunca será aceito por Deus.

O DIVÓRCIO NO NOVO TESTAMENTO
Mateus 19.9 está escrito: “Eu, porém vos digo que, qualquer que repudiar sua mulher, não sendo por causa de prostituição, e se casar com outra, comete adultério; e aquele que se casar com a repudiada também comete adultério”. O divórcio faz com que as pessoas cometam adultério. Nessa passagem, vale ressaltar uma questão discutida por muitas pessoas: “a não ser por causa de prostituição”.
Jesus não aprova o divórcio. Na ocasião de Mateus 19, quando Jesus foi interrogado pelos Fariseus, Ele foi interrogado segundo a Lei. Os fariseus tentando-o perguntaram: “É lícito ao homem repudiar sua mulher por qualquer motivo?” (v. 3). Na época que os fariseus fizeram essa pergunta a Jesus, perguntaram segundo a Lei. Jesus, antes de qualquer coisa, traz à tona a vontade e o propósito de Deus para o casamento e enfatiza que essa união deve ser uma união marcada pela estabilidade emocional e amorosa no meio do casal, assim como a solidariedade e a união física entre ambos.
Antes de respondê-los, destacou também que o propósito de Deus para o casamento é que o homem deixe pai e mãe e se ajunte à sua mulher, onde serão dois em uma só carne, já não serão mais dois, mas uma carne. E Jesus finaliza esse discurso declarando: “assim não são mais dois, mas uma só carne. Portanto, o que Deus ajuntou não o separe o ser humano”. Qualquer ruptura no casamento contrária a vontade de Deus. A única justificativa permissiva para separar o homem de uma mulher perante a visão de Jesus seria a morte. Os fariseus entenderam isso perfeitamente e logo fizeram outro questionamento: “então por que Moisés mandou dar-lhes a carte de divórcio e repudiá-la?” Jesus respondendo-os lhes aclara o verdadeiro motivo do divórcio entre os seres humanos, pelo que disse: “...por causa da dureza dos vossos corações, vos permitiu repudiar vossas mulheres; mas no princípio não foi assim (v. 8). A dureza do coração plantada pelo pecado sempre fora a real causa dos divórcios, ela faz com que o ser humano não compreenda o vínculo entre as carnes e o propósito de Deus para a família; faz com que o ser humano se torne egoísta a ponto de ter unicamente os seus desejos e vontades atendidos. Por trás de cada divórcio existe dureza de coração com relação a Deus e, consequentemente, em relação ao cônjuge, o que dá espaço para o diabo trabalhar nas justificativas (defeitos e falhas do outro cônjuge) plantando a ideia de que o matrimônio só será resolvido com o divórcio.
Valendo-se da Lei judaica, Cristo valorizou as mulheres protegendo-as do abandono, da miséria e da prostituição social, sendo que nenhum homem judeu buscaria casar-se com uma mulher que já tinha sido casada. Nessa circunstância, Jesus apresenta a única condição de caráter concessivo no tocante à carta de divórcio: “a não ser por causa de prostituição, infidelidade conjugal” (v. 9).

Quando tal infidelidade conjugal é analisada histórica e socialmente dentro da cultura judaica, o casal que fosse apanhado em adultério deveria ser morto (Dt 22.22-24; Lv 20.10), liberando assim o cônjuge inocente para um novo casamento. Justamente por isso que Jesus concebeu esta condição, porque Ele sabia, segundo a Lei de Moisés, que o casal adultero deveria ser morto para extirpar o mal de Israel, liberando assim o cônjuge inocente a adquirir um novo matrimônio.
Portanto, essa permissividade, na verdade, seria a morte do cônjuge infiel como consequência do seu adultério. O adultério seguido da morte do cônjuge infiel que liberava o cônjuge fiel para a aquisição de um novo matrimônio. Essa realidade também se aplica aos dias atuais, apenas a morte de um dos cônjuges pode separá-los a ponto de o cônjuge vivo poder relacionar-se com outra pessoa novamente, caso contrário, torna-se adultério se ambos estiverem vivos.

1 Coríntios 7.10-11 está escrito: “Para os que já estão casados tenho um mandamento, que não é meu, mas do Senhor: que a mulher não se separe do seu marido. Porém, se ela se separar, que fique sem casar-se, ou então se reconcilie com o seu marido; e que o marido não se divorcie da sua esposa”. No casamento cristão há uma regra geral: o casal não deve se divorciar. Eles devem lutar juntos para que o casamento seja restaurado aos princípios fundamentais da Palavra de Deus, porque não há desculpa para um cristão dizer que vai se separar, haja visto que para todos os fatos da vida de um cristão, Cristo nos dá uma esperança, nos dá uma orientação, até mesmo nos casos em que há a infidelidade conjugal Cristo nos manda agir com o perdão quantas vezes forem necessárias. Não é fácil, porém é necessário que o cristão aprenda a perdoar, pois, toda vez que perdoa de coração, ele está se aperfeiçoando para ir morar no céu. Não há um justo sequer na face da Terra que mereça o perdão de Deus, mas Deus nos perdoa sendo nós miseravelmente pecadores (Cl 3.13; Lc 17.3-4; Mc 11.25-26; Mt 6.14-15; Ef 4.32). O casal cristão deve buscar em Deus a solução dos seus problemas e de suas diferenças. Jesus sempre será a solução para tudo na vida (Jo 14.6).

1 Coríntios 7.12-15 está escrito: “Aos casais mistos, digo eu, não o Senhor: Se algum irmão tem uma mulher descrente e ela aceita morar junto com ele, não se divorcie dela. E se alguma mulher tem marido descrente e ele aceita morar junto com ela, não se divorcie dele. Porque o marido descrente é santificado pela mulher, e a mulher descrente é santificada pelo marido; de outra sorte os vossos filhos seriam imundos; mas agora são santos. Mas, se o cônjuge descrente se separar, que se separe; porque neste caso o irmão, ou a irmã, não estão sujeitos à servidão; mas Deus chamou-nos para a paz”.

Mesmo em um casamento misto entre um cristão e um ímpio é mantido a estrutura familiar, pois, é um casamento válido diante de Deus. Se o cônjuge ímpio consente em morar junto, o cristão deve aceitar esse matrimônio e não abandonar sua família, porque ali já há uma família constituída e muitas vezes já existem filhos, tem uma história de vários anos que foi construída e não será por causa disso que o cristão vai destruir o seu lar.
Em toda a Bíblia é reconhecido o valor da família, independente se a pessoa não aceitou a Jesus ou se desviou dos caminhos do Senhor; se o cônjuge descrente consente em morar junto com o cônjuge crente, este deve aceitá-lo(a) como o seu parceiro(a), valorizando assim a família construída por Deus.

“Mas, se o cônjuge descrente quiser se separar, que se separe...” (v. 15). O cristão não deve tomar a iniciativa do divórcio. Contudo, há situações nas quais deseja cumprir os votos, mas fica impossibilitado de fazê-lo uma vez que o outro parceiro decide abandonar o casamento. Trata-se da separação requerida por parte do incrédulo, e nesses casos, o parceiro remanescente e fiel (depois de buscar em Deus a solução para seu casamento) está liberado a aceitar o divórcio, pois estará livre para servir a Deus em paz; todavia deve ficar sozinho(a) ou se reconciliar com seu parceiro(a). O crente terá liberdade de assinar o divórcio se assim desejar, agora, se não quiser ficar sozinho, deve buscar em Deus a reconciliação do seu matrimônio.

“Nesse caso o cristão permanece em comunhão com Deus desde que não se relacione de novo, porque, se ele envolver-se com outra pessoa estará em adultério”.

O divórcio promovido por parte do cônjuge incrédulo não nos confere a possibilidade de relacionarmos mais uma vez com outra pessoa por mais que seja por causa de abandono ou infidelidade conjugal. No entanto, se ambos forem crentes e resolvem se separar, não há razões para isso, antes, devem buscar aconselhamento pastoral e pedir direção para que o seu casamento venha ser restaurado a fim de evitar que sua família seja destruída.
Erroneamente muitas pessoas usam o trecho em questão como mais uma permissividade para o divórcio seguido de um novo casamento, mas dentro do contexto, vê-se que a Bíblia aclara que havendo a separação do casal, o homem e a mulher devem ficar sozinhos, sem casar-se outra vez, independente se foi um casamento com uma pessoa ímpia ou não; não é possível um novo relacionamento se o primeiro cônjuge não for falecido.
Aproveitando-se da situação, satanás coloca na mente e no coração da pessoa divorciada o desejo de se relacionar uma vez mais com outra pessoa. Ele implanta essa falsa doutrina, inclusive, em muitas Igrejas que valendo-se de seus falsos ministros instigam a viabilidade de um novo casamento caso o primeiro tenha sido desfeito por intermédio do divórcio ou constituído com um ímpio. Isso é engano de satanás para prender essas pessoas debaixo de adultério (Mt 5.31-32; Mc 10.11-12; Lc 16.18; Rm 7.2-3).

Por mais que duas pessoas não sejam crentes (ímpias), mas sejam casadas, e, posteriormente uma delas se converta ao Senhor, nesse caso resta apenas ao convertido orar para que Deus também converta seu cônjuge. Por que, ainda que sejam ímpios, o casamento dessas pessoas foi autenticado por Deus e abençoado por Ele. Tornaram-se uma só carne. E, Como apontado acima, hoje em dia existem falsas doutrinas concernentes ao matrimônio que defendem a possibilidade de o casamento entre ímpios ser desfeito com a justificativa de que Deus não abençoou tal união, e assim, logo que um dos cônjuges se converte, ele pode separar-se e se casar com outra pessoa na Igreja alegando que “sob essa condição” o novo casamento será abençoado por Deus. Isso é heresia (1Tm 4.1-2). Se o primeiro casamento foi ratificado por Deus, a vontade dEle é a preservação da família, e mais, a Palavra de Deus proíbe a aquisição de um novo casamento durante o tempo que o outro cônjuge estiver vivo.
Se descuidadosamente uma pessoa crente se casar com uma pessoa ímpia acreditando que o Senhor tem a obrigação de convertê-la ao Seu caminho, isso é um grande equívoco! O Senhor não tem a obrigação de converter uma pessoa por mais que sejamos crentes e nossos cônjuges não. Nesse caso teremos que carregar o fardo pesado e atroz do jugo desigual (Ed 9.1-2; 2Co 6.14-18). Por isso é vital que o cristão escolha uma pessoa convertida, fiel e temente a Deus, e não uma pessoa do mundo (ímpia) ou que ainda não seja plenamente convertida ao Senhor. Se ele escolher uma pessoa ímpia para casar-se com ela é o mesmo que desobedecer a Deus (Êx 34.15-16; Ml 2.11-15; Ed 9.1-2; Sl 106.34-36; 1Co 15.33; 2Co 6.14-18; Gl 5.7-9), tentá-Lo (Dt 6.16; Mt 4.7), e se sujeitar ao abandono do caminho do Senhor (Jz 16.4-20; 1Rs 11.1-14; 16.31-33; 21.25; Gl 5.9).

“...porque neste caso, o irmão ou a irmã não estão sujeitos à servidão...” (v. 15). Isso significa que o cristão não está fadado a viver com o ímpio se o ímpio não quiser coabitar com ele. Todavia não está livre para se envolver com outra pessoa, deve ficar sozinho ou reconciliar-se com seu cônjuge. Vale ressaltar também que essa separação ocorre para preservar os cônjuges de agressão ou violências físicas e verbais as quais podem suceder entre ambos. Por isso, é fundamental o cristão escolher uma pessoa crente que seja plenamente convertida, temente e compromissada com o Senhor, para assim, conservar sua família, o bem-estar conjugal, e sua vida com Deus.

Em suma, o casamento partiu da vontade de Deus para que o cristão possa aprender a se relacionar interpessoalmente a fim de que está aprendizagem lhe sirva de lição ao se relacionar com Deus, e, em casos de divórcio ou infidelidade, se faz necessário o perdão: “Pois se perdoarem as ofensas uns dos outros, o Pai celestial também lhes perdoará. Mas se não perdoarem as ofensas uns dos outros, o Pai celestial não perdoará vossas ofensas. Se perdoarem os pecados de alguém, estarão perdoados; se não os perdoarem, não estarão perdoados” (Mt 6.14-15; Jo 20:23). Quando nos relacionamos com o nosso próximo de maneira correta, identicamente nos relacionamos com Deus de forma correta.
Assim, o Novo Testamento confirma a aversão de Deus ao divórcio, já que este viola a integridade da família e da sociedade. Confirma que uma pessoa divorciada apenas está livre para se casar de novo se seu cônjuge não estiver mais vivo, caso contrário, é adultério. E confirma também que o cristão não deve buscar o divórcio, mais sim a solução em Deus para seu casamento; e ainda que haja infidelidade, o cristão como um crente salvo em CRISTO, deve aprender a perdoar e zelar pelo seu matrimônio.

O DIVÓRCIO E A TELEVISÃO
Cresce o número de divórcios e a repulsa de gerar filhos por causa dos conteúdos midiáticos [ideológicos] difundidos pelas mídias, principalmente, pela televisão. O Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), atuante em 26 países e no Caribe, relatou uma pesquisa de 115 novelas apresentadas na televisão entre 1965 e 1999, no horário das 19h às 21h, e percebeu que, na maioria delas, aparecem cenas de traições, infidelidades e divórcios mediante às protagonistas femininas. Isso fez o número de divórcios e separações crescerem exponencialmente nos lares. Outrossim, nas novelas há repulsa de ter filhos — o que reflete, na sociedade, os casais não sentirem mais desejo de gerarem filhos, o que torna um desequilíbrio social e uma desestruturação da família.

A família é o pilar da humanidade e precisa ser guardada de enfraquecer-se e dissolver-se (1Tm 5.8; Mc 10.6-9). Por isso, Deus odeia o divórcio (Ml 2.16) — e, sendo a família a célula mater (célula mãe, ou principal) da humanidade, os casamentos são, segundo a Palavra de Deus, indissolúveis até a morte de um dos cônjuges (Rm 7.1-3). Apenas pode haver um segundo casamento com a morte de um dos cônjuges, ainda assim, com a anuência do Senhor (1Co 7.39). Caso haja o segundo casamento estando um deles vivo, estará a viver em adultério e debaixo da condenação (1Co 6.9-10).

A televisão está derribando este monumento da vontade divina que foi erguido e estabelecido pelo Criador no mundo: a família. Os números de divórcio e a repulsa de gerar filhos cresceram consideravelmente após a inserção da TV na humanidade. Os valores cristãos refletidos na família, por exemplo, estão a cada dia sendo ofuscados pela impiedade dos conteúdos televisivos, e isto, inclusive, inclui da mesma forma os conteúdos pecaminosos difundidos por outros dispositivos como: computador, tablet e celular. Ainda que em um contexto secular, ao invés de valorizar a família e salvaguardá-la, a TV mancha o casamento, apresentando-o como ultrapassado e embaraçoso, e, igualmente quer pôr os filhos como pedra de tropeço na vida dos pais.
Quando a televisão é colocada dentro de casa, os demônios entram e acorrentam a família empregando nela toda sorte de divisão, discórdia, concupiscências, brigas, desunião familiar, sensualidade, desobediência, falta de respeito, etc. A família passa a ser soterrada por uma avalanche de transgressão à vontade do Senhor Jesus.
“E, por se multiplicar a iniquidade” (Mt 24.12). Com o aumento do pecado e, por conseguinte, a aceitação a ele, tudo que antes era prejudicial à família hoje é apresentado pela mídia como “normal”; disso procede o homossexualismo, lesbianismo, poligamia, engenharia genética, adultério, prostituição, reprodução artificial, troca de casais, masturbação, orgias, sexo ilícito, traição, infidelidade, etc. Todo esse pecado cresce assustadoramente nas famílias. Porquanto, o cristão necessita abster-se do aparelho televisor; trata-se de um instrumento imoral e satânico, o qual é absolutamente nocivo tanto ao crente quanto às famílias.

O DIVÓRCIO E O ADULTÉRIO
Deus criou o sexo e, em si mesmo, ele é bom. O casamento envolve o direito à união sexual entre um homem e uma mulher. Esse prazer é recebido como dádiva de Deus ao ser desfrutado dentro dos limites sábios e benéficos estabelecidos por Deus para cada matrimônio.
A relação sexual antes do casamento é chamada de “fornicação” (At 15.20; 1Co 6.18), e a relação sexual fora do — primeiro — casamento (sendo ambos os cônjuges vivos) é chamada de “adultério” (Êx 20.14; Mt 19.9). O adultério acontece quando existe uma ruptura dentro do relacionamento de unidade do casamento ou após a dissolução deste (divórcio) estando um dos cônjuges ainda vivo. Essa ruptura sucede quando uma das partes deseja (Mt 5.28) ou se relaciona fisicamente com outra pessoa (1Co 6.16), violando assim, a unidade da carne e a aliança de fidelidade com seu parceiro(a). O adultério, entanto, pode ser físico, moral e espiritual.

Na maioria dos casos onde a palavra adultério é usada na Bíblia, refere-se a um ato físico ou de infidelidade espiritual. Contudo, Jesus também aplicou o termo (Mt 5.27-28) ao pensamento e intenção do coração. O ato de adultério geralmente é resultado de permitir que uma atração ilícita se torne desejo; o olhar desejoso (v. 29) e o coração injusto (Mc 7.21-22) são classificados como os princípios do pecado (Tg 1.14-15).
Esse primeiro passo, o flerte mental desejoso, já significa infidelidade para com o cônjuge. O pecado do adultério começa na mente e no coração (Mt 15.19; Pv 6.14). Jó (31.1-12) reconhece a tentação que resulta de deixar os olhos e a imaginação pairarem sobre a atratividade física de outra pessoa (cf. Pv 6.23-29). Desse modo, tratando-se de uma pessoa casada ou divorciada (desde que o casamento tenha sido valido no Senhor), não apenas o ato sexual em si torna-se adultério, mas também o fato de se olhar atentamente para outra pessoa e lhe desejar.

Deus não aceita de forma alguma o adultério. Pode-se ver isso nas diversas advertências bíblicas contra o adultério: “o que adultera com uma mulher tem falta de entendimento; aquele que faz isso destrói a sua alma” (Pv 6.32). Observe também na Lei de Moisés que o adultério era considerado um atentado contra a família e contra a sociedade, a ponto de Deus estabelecer pena de morte a quem o praticasse: “se um homem adulterar com a mulher do seu próximo, será morto o adúltero e a adúltera” (Lv 20.10).
No passado havia vergonha associada à descoberta do adultério, além da ridicularização pública. No entanto, atualmente, a sociedade ímpia, a televisão, as mídias sociais, os periódicos e muitos romances retratam o adultério como algo abertamente comum, quase como algo a ser celebrado. E no final das contas, estimulam de forma patente a imoralidade sexual. A conclusão evidente disso é que o adultério está se tornando excessivamente comum e aceito tanto nas Igrejas quanto na sociedade secular: nas Igrejas, quando aceitam um membro divorciado ter um novo relacionamento, já na sociedade, não é de se esperar menos, a imoralidade e a depravação são tão habituais que se tornaram costume; para esse meio, louco e atrasado é quem não os pratica.

Entretanto, combatendo toda depravação social e o adultério no meio religioso, a Bíblia é nítida ao declarar que sexo é lícito para ser usado apenas dentro do primeiro casamento (1Co 7.2). Ele deve ser desfrutado dentro de um relacionamento conjugal comprometido; remover o sexo desse contexto é perverter o seu uso sujeitando-se ao adultério e suas consequências finais. Dessa forma, o autor da Epístola aos Hebreus declara: “O casamento deve ser honrado por todos, e o leito sem mácula (puro); porém, aos que se dão à prostituição e aos adúlteros, Deus os julgará” (Hb 13.4).

Uma só carne (Mc 10.8). A primeira e mais fundamental característica do casamento é a união de um homem e uma mulher em uma só carne. Ainda que haja o divórcio no papel perante a justiça humana, isso não quer dizer que Deus desfaz a ligação existente entre as duas carnes que se tornaram uma no ato da aliança entre os cônjuges e Deus. Essa condição implica diretamente no estado que a pessoa se encontra ao envolver-se com outra pessoa sendo a totalidade do seu corpo, isto é, a unidade da sua carne pertencente ao outro cônjuge (1Co 7.4). O adultério ocorre quando há a violação de uma aliança, nesse sentido, cabe considerar que, mesmo após o divórcio, a pessoa adentra a posição de adúltera caso venha se relacionar com outra pessoa, ela não volta à condição de fornicadora, o que dá a entender que a primeira aliança, ou seja, o primeiro casamento está em vigor enquanto um de ambos estiver vivo. Está aliança só é desfeita com a morte e, como tal, ela torna-se a única condição permissiva à aquisição de um novo matrimônio, contanto que seja no Senhor (1Co 7.39), observe: “E Jesus lhes disse: Qualquer que deixar a sua mulher e se casar com outra, adultera contra ela. E, se a mulher deixar o seu marido e se casar com outro, adultera”. “...e aquele que se casa com a repudiada pelo marido, adultera também”. “De sorte que será considerada adúltera se o marido ainda estiver vivo e ela relacionar-se com outro homem; mas, se morrer o marido, ela estará livre da lei e não será adúltera se for de outro homem” (Mc 10.11-12; Lc 16.18; Rm 7.3).

Quando um cônjuge morre, o contrato de casamento perde a autoridade, em outras palavras, a aliança que regulamentava tal relacionamento se extingue em decorrência da morte de um dos cônjuges, e um novo casamento passa a ser legal e permitido, sem implicar em pecado. À vista disso, logo conclui-se que, a carne de um cônjuge permanece em unidade mesclada com a carne do outro cônjuge mesmo após o divórcio enquanto um dos dois viverem; portanto, se algum deles se relacionar ou desejar qualquer outra pessoa sendo este primeiro cônjuge vivo, torna-se adultério.

AS PRINCIPAIS CAUSAS DOS DIVÓRCIOS
I – Escolher uma pessoa por sua aparência. Esse é um dos, se não o pior dos erros em se escolher um cônjuge: escolher por beleza ou sensualidade (Pv 6.24-29). As pessoas tendem cada vez mais a fazerem suas escolhas baseadas na aparência física, não buscam em primeiro lugar o caráter e a espiritualidade da outra pessoa. Isso junto ao interesse por bens financeiros ou posições profissionais e sociais são as maiores causas dos divórcios mundiais. A aparência é superficial, como ressaltado acima, deve-se atentar para o caráter da pessoa.

II – Escolher uma pessoa por bens financeiros. Quando a escolha é feita por causa do dinheiro ou por interesses financeiros, é um casamento que costuma dissolver-se dado que não possui fortes raízes que sustentam um matrimônio durante a vida. Essas raízes são os sentimentos genuínos e a autenticidade de um caráter regenerado pelo Senhor. Esses casamentos não prosperam material e espiritualmente. Todavia, isso não é uma justificativa para a ausência de recursos financeiros, pois o homem como provedor do lar, deve trabalhar e administrar bem suas finanças para atender as necessidades de sua família, e sua esposa deve lhe ajudar nisso (Gn 2.18). Trata-se, na verdade, do interesse externo em se escolher um cônjuge ambicionando suas posses financeiras — o que faz dessa escolha um grande erro. Esse tipo de escolha promove casamentos que consistem em interesses pessoais, egoístas e avarentos.

III – Escolher uma pessoa para se livrar dos pais. Outra motivação errada é resolver se casar para sair da casa dos pais por não concordar com eles. Casamento não é válvula de escape, casamento é a segunda decisão mais importante que uma pessoa incumbe-se na vida, por isso deve ser decidida com seriedade, por tratar-se de uma escolha que dura por toda a vida. — Casamentos baseados nos tópicos acima raramente têm êxito, raramente funcionam. Tais tópicos trataram de causas recorrentes à escolha de um cônjuge visando qualidades e circunstâncias externas. Essas três causas culminam bastante em futuros divórcios.

Acima vimos fatores externos, já abaixo, veremos as causas ocorrentes “dentro do casamento” que costumam resultar também em futuros divórcios:

IV – Infidelidade conjugal. Refere-se ao adultério. O cônjuge procura cuidado, carinho ou maiores intimidades fora do relacionamento. Tal infidelidade traz uma série de consequências prejudiciais tanto para com o cônjuge quanto para com Deus (Ml 2.14; 2Sm 12.7-12; Hb 13.4).

V – Abandono. O abandono por parte de algum dos cônjuges, muitas vezes por parte do homem que acaba abandonando a sua mulher. Esse é um fato gerador de divórcios, a mulher sente-se sozinha, abandonada, e acaba requerendo a ruptura do casamento.

VI – Atitudes imaturas. São condutas imberbes dentro do casamento. Ambos podem ter atitudes que não condizem com a sua situação de casado e com a sua idade. Inúmeras pessoas estão casadas, mas agem como se fossem solteiras, ou têm idade avançada e agem como se fossem jovens, adolescentes. Isso ocorre tanto com o homem quanto com a mulher. Brigas, discussões, ofensas desnecessárias e imaturidade emocional faz com que o cônjuge veja infantilidade no seu parceiro(a).

VII – Sansões sociais. São as opiniões externas, as quais a sociedade emprega na vida do casal. Não apenas a sociedade como também os pais, parentes e conhecidos dos cônjuges. Essas conjecturas incentivam os cônjuges a se divorciarem. Algumas pessoas, mesmo depois de casadas, dão mais atenção ao relacionamento com seus pais e conhecidos do que ao seu cônjuge. Essa é uma receita perfeita para que desastres aconteçam, é uma distorção da intenção original de Deus de “deixar e unir”. Nessas situações, quando a pessoa procura a ajuda dessas pessoas, geralmente acaba chegando à conclusão de que a única solução é o divórcio.

VIII – Abuso físico e psicológico. Diariamente, numerosos cônjuges são submetidos a abusos físicos, psicológicos e a violência sexual, como é o caso de mulheres que vêm sofrendo isso até mesmo dentro das Igreja. a) Abuso físico: muitos homens não sabem tratar as suas esposas como o vaso mais fraco (1Pe 3.7); tratam elas como se fossem algo estranho, como um homem; abusam delas dentro do seu próprio lar. Homens que não sabem amar as suas esposas e ter respeito por elas, isso leva a divórcio. b) Abuso psicológico: é a pressão psicológica que um cônjuge promove na vida do outro. O homem faz para com a mulher e a mulher para com o homem. Desse modo, um dos cônjuges vive sobre forte pressão, a ponto de sucumbir a ela. Essa situação geralmente termina em agressão física e divórcio.

IX – Alcoolismo. O alcoolismo traz uma série de consequências tanto para o alcoólatra quanto para as pessoas que o cerca. Alcoolismo é a razão de inúmeras famílias serem destruídas, e não apenas isso, como também é o motivo de muitas agressões e homicídios serem praticados dentro e fora do casamento. O alcoolismo é um dos maiores fatores geradores de divórcio.

X – Entorpecentes e Drogas ilícitas. O divórcio também costuma ser comum entre casais com problemas de dependência química. O uso de drogas ilícitas e entorpecentes são uma das situações mais difíceis que um casal enfrenta. Eles também são agentes preocupantes que levam os cônjuges a brigas, discussões, agressões e homicídios. Viver com um cônjuge adicto pode ser tão dificultoso que muitos casamentos se encerram com a separação.

XI – Instabilidade da meia-idade. O homem e a mulher, dos 35 aos 50 anos, sofrem transformações significativas em seus organismos. Essas transformações geram certa instabilidade; o homem, por exemplo, passa a ter a andropausa, e a mulher a menopausa. Outros agentes promotores dessa instabilidade é a vida que a pessoa leva, sua educação, seu crescimento e sua juventude, tudo isso faz com que a pessoa se questione na meia-idade, e esses questionamentos geram certa inconstância que, se o cônjuge não souber lidar com a instabilidade, pode gerar o divórcio.

XII – Dificuldades financeiras. A falta de dinheiro é um dos principais, se não o principal fator gerador de incontáveis divórcios. Às vezes a mulher espera usufruir de certo padrão de vida que o homem não consegue atender, isso acaba em divórcio. Às vezes o homem não corresponde em cumprir com as suas obrigações de provedor, com seus deveres de homem da casa, o que leva a falta das condições mínimas para se manter uma família, isso acaba gerando o divórcio.

XIII – Tédio. Muitos casamentos acabam em divórcio por causa do tédio. Isso ocorre bastante quando o relacionamento fica reiterado na rotina diária, especialmente quando há filhos – e ainda mais se eles forem pequenos. O crente deve fazer o possível para que seu casamento não entre em uma rotina maçante. Não se deve inventar desculpas para não dispor de bons momentos com a sua família. Sempre que possível, o crente deve sair para passear com seu cônjuge e com seus filhos, ser feliz com eles (Pv 5.18-19; 18.22; Ec 9.9).

XIV – Falta de diálogo. Falta de conversar é um grande problema entre os casais. Atualmente, as pessoas parecem não saber mais resolver suas adversidades conversando. Tudo é cobrado ou reclamado e a vontade de não querer ouvir o outro predomina. Inclusive, um dos erros mais cometidos é achar possível que o outro cônjuge adivinhe o que se está querendo sem lhe dizer nada. Essa falta de comunicação gera má convivência, desacordos e brigas, o que resulta em incontáveis divórcios.

XV – Criação dos filhos. A educação das crianças é um impasse no seio da família. A discordância na criação dos filhos pode gerar discussões e desentendimentos dentro do casamento, principalmente em casamentos entre um cristão e um ímpio. O crente quer educar seus filhos de um jeito, o ímpio, por sua vez, almeja educa-los de outro, essa divergência proporciona desunião e grandes conflitos. Esse é outro motivo essencial para que o cristão venha unir-se em casamento somente com outro cristão, assim, o modelo educacional dos filhos será a mesma (Dt 11.19).

XVI – Inflexibilidade e Ressentimento. Inúmeras pessoas são inflexíveis, elas não aceitam opinião mesmo quando encontram-se erradas; são as famosas “pessoas turronas”, as quais não aceitam conselho, não mudam o seu caráter e a sua posição no tocante a determinada situação, isso também leva ao divórcio.
O ressentimento, no que lhe concerne, é ação de sentir de novo. Há pessoas que não sabem perdoar, que não superam o passado. Essas pessoas guardam mágoa de certa ofensa e isso faz com que fiquem remoendo (vivendo) aquilo que já passou. Apesar do que tenha sucedido no passado, devemos aprender com ele e viver no presente da melhor forma possível. Com a ajuda de Jesus Cristo nós podemos todas as coisas, Ele pode transformar aquilo que foi ruim em uma vida nova (Is 43.18; 2Co 5.17).

OS EFEITOS DO DIVÓRCIO
O divórcio não deve ser visto como um procedimento normal, pois suas consequências são irreparáveis tanto para os cônjuges quanto para os filhos. A postura quanto ao divórcio tem-se tornado vulgar na sociedade secular e similarmente nas Igrejas, pois, não faltam às pessoas boas desculpas e subterfúgios mirabolantes para legitimar essa prática nociva à família.

Abaixo listamos alguns efeitos maléficos originados pelo divórcio:

I – Efeitos emocionais: ansiedade, medo, culpa, tristeza, depressão (às vezes acompanhada de pensamentos suicidas), ira, amargura e frustração. Os efeitos emocionais causados pelo divórcio não atingem somente os cônjuges, mas todos os membros da família. Com efeito, há inúmeros filhos depressivos devido seus pais serem separados. Filhos amargurados, frustrados, porque gostariam de ter seu pai e sua mãe juntos ao seu lado.
Pai e mãe são insubstituíveis. Não é porque a mãe passou todo o processo de gestação que apenas ela é insubstituível, o pai igualmente é insubstituível na vida dos filhos. Deve-se parar de desvalorizar a família, os pais em si, são insubstituíveis. Quando a mulher ou o homem adquirem outro parceiro(a), esse parceiro(a) nunca substituirá o pai ou a mãe dos filhos. Essa pessoa nunca será o pai ou a mãe dessas crianças — O pai é pai, a mãe é mãe, e não existe quem possa substitui-los.

II – Efeitos comportamentais: o divórcio não afeta somente a área sentimental, como também influência naquilo que a pessoa faz, por exemplo: comer, pagar contas, resolver problemas diários, cuidar dos bens matérias, etc. O divórcio afeta integralmente a conduta humana, a pessoa para de fazer coisas simples que antes fazia de forma rotineira e contínua. Seu dia-a-dia torna-se difícil e, muitas vezes, não conseguem nem trabalhar depois do divórcio.
O divórcio é demasiado agressivo ao ser humano e deve ser tratado como tal. Se ele é agressivo a família, tem que ser defrontado com agressividade e não com passividade. Não se deve aceitar como normal aquilo que é nocivo à família.

III – Efeitos sociais. Os efeitos sociais resultam em atritos, vergonha, indignação e sentimento de fracasso ao se relacionar com familiares, aliados, amigos e afins. As pessoas se sentem rejeitadas e amedrontadas. Outro mau que chega a ser até pior, é a questão do encorajamento de aliados, familiares e parentes. No contexto do divórcio, costuma-se receber esse tipo de apoio: “não, ele(a) não merecia você”. São conselhos destrutivos!
O casamento deve ter como princípio a resolução conjunta de problemas entre o casal como forma de construção de um sentimento estruturado em suas diferenças. Ninguém é igual a ninguém, e essas diferenças fazem o casal crescer quando trabalhadas juntas e de maneira correta. Hoje, o que mais se vê é apoios de terceiros que não conhecem todas as circunstâncias familiar para poder opinar tendo em conta tudo que envolve tal casamento, isto é prejudicial as famílias. Quando se aceita tais influências, se está incentivando a incapacidade do outro cônjuge em resolver seus próprios problemas. Portanto, quando uma pessoa de fora se envolve nos problemas de um casal tomando partido entre eles, essa pessoa geralmente não sabe da totalidade do casamento, onde opina erroneamente sem ter a capacidade de considerar todas as circunstâncias que permeiam esse matrimônio. Geralmente, muito se ouve: “você está certo(a), ela está errada(o)”.
Quando há a ruptura de um casamento, aos olhos da sociedade, nenhum dos cônjuges prestam. Os aliados da esposa falam: “ele não prestava”, enquanto os aliados do esposo dizem: “ela não prestava”. Isso é uma marca negativa que a pessoa irá carregar dentro de si durante todo o tempo que viver.

Por isso, o divórcio deve ser combatido a medida, isto é, com agressividade, pois trata-se de algo hostil à família, aos cônjuges e aos filhos. A sociedade contemporânea é totalmente destruída, desprovida de valores éticos e de valores familiares; as crianças se tornam baderneiras porque já não dispõem de um referencial familiar; as mulheres estão se tornando mães solteiras e achando que isso é a melhor maravilha do mundo. A família, na sociedade em geral, está desestruturada, e o cristão tem o encargo de mostrar dentro dos propósitos e vontades de Deus qual é o ideal para a família segundo os princípios divinos.

COMO EVITAR O DIVÓRCIO

I – Aconselhamento pastoral. Todas as pessoas necessitam de aconselhamento pastoral. O aconselhamento pastoral busca analisar os papéis e principais objetivos em situações que a intervenção se faz necessária. O aconselhamento busca analisar problemas e situações comuns nos relacionamentos conjugais e familiares, situações recorrentes e específicas, bem como as formas de intervenção para ajudar em situações de conflitos. O aconselhamento pastoral se faz necessário desde a família bem estruturada a família mau estruturada, desde a família funcional a família disfuncional. Todos precisam de aconselhamento pastoral, buscar orientação para ser melhores e ter famílias melhores é agir com prudência e amor.

II – Autoanálise. Ambos os cônjuges devem fazer uma autoanálise: “Examine-se, pois, o homem a si mesmo...” (1Co 11.28). A realidade desse versículo aplica-se também na vida de casados bem como em várias áreas da vida. Por vezes acreditamos que estamos certos, quando, na verdade, estamos agindo de forma errada. O cristão deve analisar suas atitudes, ética e ideais para ver se realmente está agindo de maneira correta para com o seu cônjuge, família, irmãos em Cristo e sociedade em geral.
Muitas vezes a autoanálise resolve frequentes problemas familiares, e com isso evita-se o divórcio. A autoanálise deve ser feita com muita sinceridade consigo mesmo para concluir se o que se está fazendo está correto ou não. Essa autoanálise não deve ser buscada apenas no momento em que o divórcio foi mencionado, todos os dias devemos analisar as nossas atitudes, se estamos agindo com coerência. Tal coerência é permeada segundo os propósitos de Deus para o casamento, e também medida de acordo com os papéis que os cônjuges devem desempenhar dentro de um matrimônio.

CONSIDERAÇÕES FINAIS
O casamento é uma dádiva de Deus, temporária (Mt 22.30), mas gloriosa. É mais que o amor mútuo entre marido e esposa - imensamente mais. Seu significado é infinitamente grandioso: a manifestação do amor fiel à aliança de Jesus e seu povo. Trata-se de um compromisso vitalício entre um homem e uma mulher e entre ambos e Deus. Por ter origem em Deus, o casamento é selado por Ele, portanto, indissolúvel; o que Deus uniu o homem não separa (Mt 19.6). Essa primeira e única união permanece enquanto um dos cônjuges viver, visto que no ato do — primeiro — casamento, Deus une homem e mulher em uma só carne (Gn 2.24; Mt 19.5-6). A única condição concessora que pode quebrar esse vínculo é a morte. Com ela o viúvo(a) estará livre para se casar novamente: “Ora, a mulher casada está ligada pela lei ao marido enquanto ele vive; mas, se ele morrer, ela ficará livre da lei conjugal. De sorte que será considerada adúltera se o marido ainda estiver vivo e ela relacionar-se com outro homem; mas, se morrer o marido, ela estará livre da lei e não será adúltera se for de outro homem” (Rm 7.2-3).

“Embora o relacionamento conjugal não se estenda à eternidade, ele deve durar por todo o tempo em que os consortes estiverem na terra”. Deus não deseja em hipótese alguma o divórcio, na verdade, Ele o detesta: “‘Eu odeio o divórcio’, diz o Senhor, o Deus de Israel...” (Ml 2.16). O divórcio, como tal, nunca pode ser justificado, mesmo em caso de adultério. O adultério é um pecado, e Deus não aprova o pecado nem a dissolução do casamento. Aquilo que Deus uniu, Ele não deseja que o ser humano separe (Mt 19.6). Na Bíblia não existem justificativas para o divórcio, principalmente se for seguido de um novo casamento ou qualquer outro relacionamento afetivo com outro parceiro(a).
Contudo, em ocorrência de divórcio devido agressões físicas, psicológicas, traições ou infidelidades, a Palavra do SENHOR não concede a possibilidade de nenhuma das partes relacionarem-se com outra pessoa, ambos devem ficar sozinhos ou se reconciliarem (1Co 7.10-11). Se não ficarem sozinhos, estarão cometendo o pecado de adultério (Mc 10.9-12; Rm 7.1-3; 1Co 7.10,11,39).

A reconciliação. Apesar de tudo, ainda há a esperança de um perdoar o outro e o casamento se normalizar (Mt 6.14-15). A reconciliação é uma atitude típica de humildade (Mt 18.3-4; Ef 4.2; 1Pe 5.6), de misericórdia (Mt 5.7; 18.32-35), e de respeito a Deus (1Co 7.10-13; Ec 12.13-14). Em um número crescentemente assustador de divórcios anuais, apenas um em cada oito casais buscam a reconciliação. O cristão precisa entender que o divórcio não é uma carta-branca para se guardar mágoa, ira, ressentimento, nem tampouco casar-se de novo, uma vez que irá contra a vontade do Altíssimo. Independentemente da atitude a se tomar, o consorte traído é compelido por Deus a perdoar (Mt 18.32-33). Perdoar é necessário. O perdão concede nova vida e novas esperanças ao cristão, lhe aperfeiçoando para a vinda do Senhor Jesus Cristo. Aquele que não souber perdoar o seu próximo, não será perdoado por Deus, independente da situação, se o crente não perdoar o seu próximo, ele não alcança o perdão da parte de Deus (Mt 6.14-15).
Em uma das passagens mais lindas da Bíblia, a Palavra do Senhor faz menção ao verdadeiro amor (ágape), e nos ensina sua necessidade ressaltando suas principais características quando diz que o amor: “Tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta. O amor nunca falha...” (1Co 13.7-8). Jesus morreu por amor, e nós não merecíamos como ainda não merecemos esse feito (Jo 3.16).
Mesmo diante da infidelidade de Israel, Deus o atraiu com Seu amor eterno (Jr 31.3). Nosso Senhor, por incondicional amor, chamou Seu povo, estando este em adultério (Jr 3.1), e ainda revela Seu amor em perdoar os constantes pecados da humanidade perdida (Is 43.25; Hb 10.16-18).
A atitude do marido ou da mulher ante a traição, deve ser, antes de tudo, a de perdoar; por misericórdia e amor ao cônjuge e a sua família, e, submissão a Deus, perdoar. A consequência do erro do cônjuge infiel certamente virá, e ele precisará prestar contas com o Senhor (2Sm 12.7-12; Gl 6.7; Hb 13.4), mas a nossa parte quanto ao perdão necessita ser feita.

Em suma, a principal orientação é buscar em Deus os princípios fundamentais para um casamento vitorioso, vivendo com o cônjuge uma vida de respeito, amor, cuidado, fidelidade e plena devoção ao Senhor. Comprometer-se com Deus, com o cônjuge e com a família é a maneira mais correta de se evitar o divórcio. Devemos nos lembrar sempre que além do mundo submergido no pecado e na inversão dos valores bíblicos, temos também um inimigo (diabo) que luta dia e noite para destruir a família. Com isso, se faz mais que necessário um casamento edificado em Deus (Mt 7.24-25). Deus deve ser o centro do nosso casamento. Ele faz chover bênçãos sobre uma família que O honra (Sl 128). À medida que um casal almeja servir ao Senhor juntos, o amor que o Espírito Santo dá enche seu casamento (Gl 5.22).
No jardim do Éden, três pessoas estavam presentes (Adão, Eva e Deus) e o amor fazia parte desse relacionamento. Portanto, quando Deus está no centro do casamento e a Bíblia é sua regra de vida, haverá amor, o qual: “Tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta. O amor nunca falha” (1Co 13.7-8a). Mas, sem Deus, uma união para a vida toda já quase não é possível.