O Pecado do Homossexualismo
Ir. Eric Alexandre
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Há diversas passagens bíblicas que se opõem à prática do homossexualismo, tanto de forma implícita quanto explícita.
Um argumento implícito pode ser fundamentado no fato de que Deus ordenou a realização de atos heterossexuais dentro dos laços de um matrimônio monogâmico, e não a atividade homossexual. A instituição de relacionamentos heterossexuais foi estabelecida por Deus ao criar "homem e mulher". Ademais, Ele os incumbiu da tarefa de procriar (Gn 1.27-28). Desde o início, a sexualidade foi definida em um contexto familiar. Deus disse: “o homem deixará seu pai e sua mãe e se unirá à sua mulher, e eles serão uma só carne” (Gn 2.24). O apóstolo Paulo esclarece que a expressão “uma só carne” implica uma relação sexual (1Co 6.15-17). O autor da Epístola aos Hebreus enfatiza que: “Sejam honrados entre todos o matrimónio e a pureza do leito conjugal; pois Deus julgará os imorais e adúlteros” (Hb 13.4). De fato, os Dez Mandamentos afirmam: “Não adulterarás” e “Não cobiçarás a mulher do teu próximo” (Êx 20.14, 17). Tais passagens demonstram que Deus designou o ato sexual para ser praticado entre homem e mulher dentro dos laços do matrimônio heterossexual monogâmico.
Por outro lado, um argumento explícito contra o pecado do homossexualismo encontra-se registrado nas leis estabelecidas pelo Criador. Ora, se Deus tudo criou, cabe-lhe a soberania de legislar sobre todas as coisas. Portanto, a violação de suas leis causa-lhe indignação e repulsa, pois desfigura e compromete sua obra criadora. O Senhor nunca aceitará a distorção do ser humano, a quem criou segundo a sua imagem e semelhança. Se Ele proíbe a mistura de sementes, como poderia permitir confusão entre os sexos? (Lv 19.19). Para Deus, homem é homem e mulher é mulher. Ainda que este mundo caído aceite categorias além das definidas por masculino e feminino, tal aceitação não é válida diante d'Ele. A razão para isso é simples: Ele criou apenas dois sexos; todo o restante é fruto da invenção maligna e da natureza carnal humana. O homossexualismo é tão inaceitável que nem mesmo os dízimos provenientes das práticas sodomitas eram aceitos no Santo Templo: “Não trarás o salário da prostituta nem preço de um sodomita à casa do Senhor teu Deus por qualquer voto; porque ambos são igualmente abominação ao Senhor teu Deus” (Dt 23.18 ACF).
A menção mais explícita e significativa ao homossexualismo no Antigo Testamento encontra-se no Código de Santidade contido no livro de Levítico. Este terceiro livro do Pentateuco destaca os variados sacrifícios que deveriam ser realizados pelo povo de Israel a fim de obter o perdão por seus pecados diante de Deus, além de enfatizar as normas que orientavam os procedimentos necessários para que a população mantivesse sua pureza ante o Senhor. No tocante à pureza sexual, as proibições e condenações referentes a atos considerados pecaminosos são fortes e incisivas. Em relação às práticas homossexuais, Levítico não oferece qualquer espaço para concessões; a condenação é expressa e bastante clara. Levítico 18:22-23 assevera: “Não se deitará com um homem, como se fosse mulher; isso é abominação. E não terá relações com um animal, se contaminando com ele; nem uma mulher se colocará perante um animal, para ajuntar-se com ele” (Lv 18.22-23). Deus complementa afirmando que “isso é perversão” (v. 23). O mandamento é repetido em Levítico 20.13, prevendo pena de morte para sua infração: “Quando um homem se deitar com outro homem como quem se deita com uma mulher, ambos praticaram abominação; certamente morrerão; o seu sangue é sobre eles”. Na passagem de Levítico 18, a alusão ao homossexualismo está inserida em contextos relacionados à imoralidade extrema: o versículo anterior à proibição do homossexualismo (v.21) veda o sacrifício de crianças e o versículo subsequente (v.23) proíbe a zoofilia. Adicionalmente, em ambas as passagens, a prática homossexual é designada como “abominação”. O termo hebraico traduzido por “abominação”, תּוֹעֵבָ֖ה (tohehvah), refere-se a algo que provoca repulsa. Esses versículos dispensariam quaisquer argumentos quanto à clareza da condenação bíblica à prática homossexual. Entretanto, há aqueles que argumentam que os textos mencionados acima fazem referência a rituais vinculados à idolatria, os quais foram instituídos na época da Lei (Velho Testamento), e que agora, depois da vinda de Cristo, não estamos mais amparados sob a égide da Lei, mas sim no tempo da graça (Novo Testamento).
Mas o homossexualismo é um pecado independente da idolatria. Práticas homossexuais não foram condenadas na Bíblia apenas porque tinham alguma associação com a idolatria. Mesmo que seja verdade que essas práticas também ocorriam nas cerimônias pagãs cananeias, fica claro que a sua reprovação ultrapassa limitações culturais ou cerimoniais e é reforçada explicitamente no Novo Testamento. Não se pode confundir ordenança moral com ordenança cerimonial. De acordo com Colossenses 2.14, as “cerimônias” prescritas na Lei foram removidas pelo sacrifício redentor de Cristo na cruz; já as normas morais permanecem inalteradas para sempre, afinal, a Lei moral de Deus está intrinsecamente relacionada à sua natureza e caráter, sendo assim absoluta, imutável e eterna, continuando válida nos dias atuais (Novo Testamento). A proibição do homossexualismo contida no Código de Santidade em Levítico não está ligada somente a práticas cerimoniais tampouco ficou isolada aos cultos pagãos daquela época. Além disso, se tais normas contra este estilo de vida fossem limitadas apenas à nação israelita, esse comportamento não teria sido um dos pecados atribuídos às cidades de Sodoma e Gomorra cerca de 400 anos (quatro séculos) antes da nação de Israel vir a existir.
A ordenança contra o homossexualismo faz parte da lei moral de Deus, válida em todas as épocas e culturas humanas. A morte sacrificial de Cristo revogou leis civis e cerimoniais — como as restrições alimentares — mas não alterou os princípios morais, onde se fundamentam a vontade eterna do Criador acerca da sexualidade humana. Essa distinção se torna evidente nas Escrituras Sagradas. Por exemplo, o Senhor Jesus permitiu o consumo de alimentos impuros (Mc 7; At 10:13-15), mas reafirmou o modelo heteronormativo estabelecido na criação (Mc 10:6-9).
À vista disso, conclui-se que a união entre duas pessoas do mesmo sexo jamais formará um casal legítimo. O máximo que poderá ocorrer será uma parceria; mas isso não se configurará em um vínculo matrimonial verdadeiro sob os auspícios divinos. Mesmo quando formalizadas segundo legislações terrestres, tais uniões carecerão do reconhecimento celestial, porque nunca alcançarão uma verdadeira união conjugal devido à ausência dos componentes essenciais ao ato matrimonial: a masculinidade do homem juntamente à feminilidade da mulher. Portanto, ao se unirem eroticamente duas pessoas do mesmo sexo não estabelecem um casamento genuíno, antes, tornam-se culpáveis à vista do Deus Santo e Verdadeiro.
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