Os Filhos de Deus, As Filhas dos Homens, e Os Gigantes
Religiosos e estudiosos ensinam que várias escrituras do sexto capítulo de Gênesis (referentes aos filhos de Deus), são anjos que tiveram relações com mulheres e com isso geraram gigantes. O que não é verdade. Essa teoria de que os filhos de Deus eram anjos e se relacionaram com mulheres não possui embasamento bíblico nenhum nem subsiste ante as palavras de Jesus, as quais asseguram que anjos não possuem opção sexual, e portanto não podem se relacionam intimamente (Mt 22.30; Mc 12.25). Ainda que os anjos caídos tenham se tornado demônios e fugido aos padrões morais de Deus, em sua natureza inata, eles ainda continuam no estado de anjos, o que não lhes confere a opção de se relacionarem sexualmente entre si ou com outras criaturas. Posto isso, torna-se heresia a exposição e ensino de tal teoria.
Em Gênesis 6.1-4 lê-se: “E aconteceu que, como os homens começaram a se multiplicar sobre a face da terra e lhes nasceram filhas; os filhos de Deus viram que as filhas dos homens eram formosas; e tomaram para si mulheres de todas as que escolheram. [...] Havia naqueles dias gigantes na terra; e também depois, quando os filhos de Deus tiveram relações com as filhas dos homens e delas geraram filhos; estes eram os valentes que houve na antiguidade, os homens de fama”.
Alguns, ao ensinarem essa passagem, erroneamente referem-se a anjos caídos tendo relação sexual com mulheres e gerando gigantes "meio-demoníacos ou seres híbridos". No entanto, note que no v.4 “já existiam gigantes na terra” antes da união entre os filhos de Deus e as filhas dos homens, “e também depois, [...] estes [os gigantes] eram os valentes que houve na antiguidade, os homens de fama”. Ou seja, a Bíblia está fazendo alusão à existência dos gigantes que viveram durante o período que os filhos de Deus se relacionaram com as filhas dos homens, e não dizendo que nasceram gigantes dessas uniões; o que também não justifica a teoria dos gigantes terem sido concebidos mediante a uma suposta união entre demônios e seres humanos.
Nas passagens de Gênesis 6, Deus disse: "Não contenderá o Meu Espírito para sempre com o homem" (v.3) e "destruirei de sobre a face da terra o homem que criei" (v.7). Assim, os "gigantes" mencionados também tinham que ter sido humanos — descendentes da linhagem de Adão e Eva (compare At 17.26).
Ainda que a palavra “nefilim” aqui traduzida como “gigantes” — que significa cair ou fazer cair — possa se referir a tiranos, essa mesma palavra é usada por pessoas de estatura gigantesca em Nm 13.33. Assim, entende-se que essas pessoas poderosas e, possivelmente, muito altas de Gênesis 6, foram destruídas no Dilúvio. Mas houve outros gigantes depois do Dilúvio que descenderam como todos os outros no mundo pós-diluviano de Noé — novamente, não eram anjos (veja Dt 2.20,21; 3.11). Considere o caso de Golias, a quem Davi matou. Ele tinha quase três metros de altura (1Sm 17.4). Mesmo assim, ele ainda era apenas um homem (vs. 24,25,33) — e não um tipo de ser híbrido, humano-demônio.
Primeiro: Neste contexto, os citados filhos de Deus não eram anjos, e sim descendentes da linhagem piedosa de Sete (Gn 4.25,26 cf. Dt 14.1; Sl 73.15; Os 1.10). Desta linhagem de família, através de Sete, a Bíblia afirma em Gn 4.26: "E a Sete também nasceu um filho; e chamou o seu nome Enos; então se começou a invocar o nome do Senhor". Posteriormente, no capítulo 6, vemos que "os filhos de Deus" [que são os descendentes de Sete e que pelos quais começou-se a invocar o nome do Senhor] casaram-se com "as filhas dos homens" [mulheres da linhagem ímpia de Caim]. Assim deram início aos casamentos mistos com às mulheres da família ímpia de Caim [ver 4.16]. Essa união entre os justos [filhos de Deus] e os ímpios [filhas dos homens] culminou na maldade do versículo 5, e os justos passaram a ter uma vivência iníqua. Posteriormente, como resultante, a terra corrompeu-se e encheu-se de violência (Gn 6.11-13).
Segundo: Referente à teoria de anjo poder se relacionar sexualmente, tanto os anjos de Deus quanto os demônios, não possuem sexagem; isto é, não são machos nem fêmeas, eles não têm identidade sexual. Mesmo que na passagem de Gênesis 19.1-12 onde os anjos aparentemente transfigurados em seres humanos foram visitar Ló e o povo de Sodoma e Gomora quiseram ter relações sexuais com eles, trata-se de teofania; onde um ser celestial se manifesta na aparência humana a fim de prestar uma missão terrena....***
Em Hebreus 1.7, a Bíblia relata que os anjos são seres espirituais e não criaturas carnais. Eles não possuem corpo físico, não se casam e nem se reproduzem sexualmente (Lc 20.34-36). Além disso, essa teoria violaria o princípio apresentando em Gênesis 1 de que cada espécie em sua condição física, deve viver e se reproduzir somente “de acordo com sua espécie”. Além do que, Jesus, quando ressurreto, explicou que os anjos caídos ou demônios não são capazes de manifestar-se materialmente como Ele e os anjos de Deus (Lc 24.39; comparar versículos 40-43; Gênesis 18:1-8, 16; 19:1). Pelo contrário, nas Escrituras somente vemos demônios possuindo indivíduos e, ainda que os possuísse e se relacionasse sexualmente com outra pessoa, dessa relação seria gerado outro ser humano em suas condições completamente naturais, em hipótese nenhuma um ser híbrido.
Página Inicial › Artigos › Doutrinários › Os Filhos de Deus, As Filhas dos Homens, e Os Gigantes