Questões Sociais: Desconstruindo Argumentos Homossexuais
Norman L. Geisler
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Nos dias atuais, o homossexualismo e o lesbianismo estão em ascensão em diversos setores sociais, resultado de uma transformação radical das práticas sexuais modernas. O reconhecimento social é tal que em vários países já legalizaram o casamento ou união civil entre pessoas do mesmo sexo. A sociedade, em rebelião contra Deus, tem criado legislações que ignoram os mandamentos divinos, levando à subjugação do sagrado diante do profano e do secular.
A agenda LGBTQIA+ tem avançado diariamente nos campos educacional, nas mídias sociais e no entretenimento, promovendo uma linguagem que minimiza as diferenças entre homens e mulheres. Seminários e aulas sobre homossexualidade são oferecidos nas escolas, muitas vezes desconsiderando a vontade dos pais, com o intuito de promover a aceitação da diversidade de gênero.
A transformação do sistema educacional em um mecanismo de cooptação política provocou uma ruptura no seio de muitas famílias, dificultando ainda mais a tarefa parental de educar. O homossexualismo já se faz presente em várias instituições de ensino ao redor do mundo. Professores e escolas não apenas defendem como também tentam impor a ideologia de gênero aos alunos, muitas vezes sem o conhecimento ou consentimento dos pais.
Para os adeptos dessa corrente de pensamento, a sexualidade e a identidade pessoal não dependem do sexo biológico. Certos representantes da ideologia de gênero argumentam que a divisão das pessoas entre homens e mulheres é errada, considerando-a um mal que deve ser combatido.
A sexualidade é dissociada da moral natural familiar – que se fundamenta na união amorosa entre um homem e uma mulher, com o propósito de gerar filhos para assegurar a continuidade da humanidade. Autores como Karl Marx e Judite Butler defendem que a família natural é uma construção social que perpetua o mal capitalista.
Alguns defensores do homossexualismo afirmam que crianças devem ter acesso a uma vida sexual ativa, como é o caso das obras de Simone de Beauvoir, Jean-Paul Sartre, Shulamith Firestone, entre outros.
Shulamith Firestone, marxista e feminista, expressa:
"O tabu do incesto é necessário agora apenas para preservar a família; então, se nós acabarmos com a família [na revolução socialista], na verdade acabaremos com as repressões que moldam a sexualidade em formas específicas. Os tabus relativos ao sexo entre adultos e crianças e ao sexo homossexual desapareceriam, assim como as relações não sexuais […] Todos os relacionamentos íntimos incluiriam o aspecto físico" (The Dialect of Sex, p. 59).
Em seu livro “A Estratégia: O Plano dos Homossexuais Para Transformar a Sociedade”, o Rev. Louis P. Sheldon denuncia a tática adotada pelos homossexuais para enfraquecer a resistência do cristianismo que ainda persiste na sociedade americana. Baseando-se em documentos elaborados por ativistas LGBT, o pastor Sheldon afirma que, nesse confronto, os ideólogos homossexuais agem de maneira desonesta e impiedosa, com o objetivo de obliterar o modelo familiar que foi concedido pelo Criador no Éden. Na introdução da obra, Louis Sheldon apresenta as declarações de Michael Swift, um conhecido ativista homossexual nos Estados Unidos, que, entre outras afirmações, faz sérias ameaças à integridade física, moral e emocional das nossas crianças e jovens. Apoiado pela liberdade de expressão assegurada pela Constituição dos Estados Unidos, Swift afirma:
“Vamos sodomizar seus filhos, símbolos de sua frágil masculinidade, de seus sonhos superficiais e mentiras vulgares. Vamos seduzi-los em suas escolas, em suas repúblicas, em seus ginásios, em seus vestiários, em suas arenas de esportes, em seus seminários, em seus grupos de jovens, nos banheiros de seus cinemas, nos alojamentos de seu exército, nas paradas de seus caminhões, em todos os seus clubes masculinos, em todas as suas sessões plenárias, em todos os lugares onde homens estejam juntos com outros homens. Seus filhos se tornarão nossos subordinados e farão tudo o que dissermos. Serão remodelados à nossa imagem. Eles suplicarão por nós e nos adorarão.”
Nem todos os homossexuais endossam semelhantes ameaças. Mas é inegável que estas são reais e até urgentes. Há um número expressivo de ativistas, pensadores e autores que discutem e incentivam o estilo homossexual de vida. Nesse sentido, vê-se que produzem uma ampla gama de conteúdos e materiais ideológicos que visam implantar na sociedade as práticas homoeróticas, chegando a extremos ao sugerirem a legalização de relações sexuais entre adultos e crianças. Parte da estratégia para impor a ideologia de gênero na sociedade pós-moderna consiste na disseminação desses conteúdos ideológicos através de todos os meios institucionais e midiáticos disponíveis, pelo que contam com o apoio de empresas, instituições financeiras, universidades públicas e privadas, escolas, partidos políticos e diversas outras áreas da sociedade em geral.
Essas representações objetivam moldar o imaginário social e promover uma doutrinação que altera as crenças individuais sobre a realidade social. Os temas homoeróticos estão tão presentes na mídia que a sociedade se torna a cada dia insensível a eles. Os objetivos desses movimentos vão além da mera reivindicação dos direitos legais dos homossexuais ou de respeito social; abrangem também a propagação, a normalização e a exaltação de sua ideologia. Não se contentam apenas com a aceitação do homossexualismo pela sociedade, mas aspiram à sua elevação em um patamar superior ao da heterossexualidade.
Para tanto, se envolvem na esfera política, onde essa questão emerge como um tema de moralidade pública. Homossexuais organizam protestos e exercem pressão sobre o Congresso para a obtenção de direitos equivalentes aos dos heterossexuais. Reivindicam nada menos do que uma aceitação completa de seu estilo de vida, almejando isso sem qualquer tipo de objeção. De forma sutil e astuta, as legislações são frequentemente contornadas para favorecer a comunidade homossexual. Embora afirmem que todos são iguais perante a lei, buscam se elevar acima desse princípio ao exigir normas que os coloquem fora do alcance da justiça e do direito comum. A finalidade última não é apenas abolir os padrões heteronormativos, mas também subverter a própria distinção entre sexos; onde as variações genitais entre homem e mulher deixariam de ter relevância cultural.
Nesse cenário, o tema frequentemente aparece nas agendas políticas em diversos países, gerando debates em esferas familiares, educacionais e religiosas, desafiando o papel tradicional da família e da Igreja — instituições estas que perdem a responsabilidade de educar as crianças, transferindo essa incumbência ao Estado. Com o governo assumindo tal responsabilidade e decidindo incluir o homossexualismo no currículo escolar, torna-se criminoso para o cidadão heterossexual de bem opor-se a essas diretrizes.
Evidentemente todas essas “liberalizações” configuram uma forma de ditadura homossexual, na qual seus defensores apresentam suas propostas como um avanço que promove maior liberdade e combate à discriminação, desigualdade e homofobia. Mas, ao mesmo tempo, atacam pessoas que não concordam com o seu estilo de vida, os rotulando de preconceituosos e disseminadores de discursos de ódio. Contudo, ser preconceituoso ou homofóbico não é característico do verdadeiro cristão. Sua oposição ao homossexualismo não se baseia em preconceitos ou emoções, mas sim nas Escrituras, nas evidências científicas, nos fatos e no raciocínio lógico, o que lhes permite possuir conceitos muito bem formados acerca das práticas homossexuais.
À parte das recorrentes reprovações bíblicas contrárias às práticas homossexuais, há também fortes indicações morais e sociais que sublinham a gravidade desse modo de vida. Entre os argumentos a seguir, serão destacados os mais significativos.
A HOMOSSEXUALIDADE NÃO É NATURAL
Independentemente de qualquer declaração bíblica, a própria natureza demonstra que o homossexualismo é errado. Essa realidade contrasta diretamente com a prática sexual tipicamente natural de uma pessoa. Existem várias razões que tornam essa constatação evidente. O comportamento homossexual não é um comportamento humanamente normal. Ninguém é gerado a partir de uma união homossexual, e ninguém nasce com uma predisposição genética ou biológica para ser homossexual. As pessoas desenvolvem essa orientação em algum momento de suas vidas. Além disso, indivíduos que deixaram de ser homossexuais testificam que, apesar de possuírem alguma inclinação aos relacionamentos homossexuais [carne cf. Rm 7.14-25], foram atraídos para esse estilo de vida. No entanto, a partir de um dado momento, decidiram deixar essa forma de viver para estabelecer relações heterossexuais e familiares. Por essas razões fica claro que o homossexualismo não é uma condição natural. Logo, na ordem natural das coisas existem apenas dois sexos: masculino e feminino. Essa estrutura [monogamia heterossexual] foi instituída na criação e não é fruto da cultura; sua validade se mantém permanente e universal.
NENHUMA SOCIEDADE É SUSTENTADA POR PRÁTICAS HOMOSSEXUAIS
Para sua própria continuidade, a sociedade necessita de relações heterossexuais saudáveis e sustentáveis. Se não houvesse relações heterossexuais sadias, a existência de pessoas seria impossível. Em outras palavras, não haveria geração humana por meio de relações homossexuais. A heterossexualidade é absolutamente fundamental para a conservação da raça humana. Sem ela, a humanidade poderia ser extinta em apenas uma geração. Nesse contexto, o homossexualismo representa uma ameaça à sobrevivência da raça humana. Não é suficiente alegar que tal cenário nunca ocorrerá, uma vez que nem todo mundo pratica relações homoeróticas.
AS PRÁTICAS HOMOSSEXUAIS SÃO UMA AMEAÇA À VIDA DAS PESSOAS
O surgimento da AIDS e o aumento da incidência da infecção pelo HIV permanecem como um dos principais desafios globais do século XXI. Os dados obtidos a respeito dessa epidemia são verdadeiramente alarmantes desde os primeiros casos clínicos documentados em 1981 (Okie, 2006). Mesmo antes da identificação do agente causador, já se afirmava que essa doença era infecciosa e sexualmente transmissível. Não se pode afirmar que a AIDS seja transmitida exclusivamente através de relações homossexuais; contudo, pesquisas indicam que seu desenvolvimento está intimamente relacionado a interações sexuais entre homens gays. As previsões apontam que milhões de pessoas irão perecer devido às consequências diretas ou indiretas das práticas homossexuais que transmitem esse vírus.
O casamento heterossexual proporciona saúde e bem-estar aos cônjuges, uma vez que ambos não estão expostos aos riscos à saúde prevalentes entre aqueles que adotam estilos de vida homossexuais. Geralmente, um ato erótico entre dois homens envolve penetração anal; porém, o ânus é um órgão excretor e não introdutor. Sua função é evacuar as fezes do corpo. Incidências não apenas de doenças sexualmente transmissíveis (DSTs), mas também de infecções penianas ocorrem devido à presença de micro-organismos que habitam o intestino grosso e o reto. Parceiros homossexuais expõem um ao outro a sérios problemas de saúde, conforme elucida, com cautela, Peter Moore: "O tecido que reveste o reto não é resistente e suscetível à penetração como a parede vaginal". Em certo momento, Moore desvia sua atenção da questão da AIDS e destaca que "75% dos homens homossexuais têm um histórico de uma ou mais doenças sexualmente transmissíveis e anualmente cerca de 40% deles contraem essas enfermidades". Em meio a tantas discussões sobre "sexo seguro", o fato é que a utilização de preservativos não garante total segurança; na maioria das relações ou “no calor do momento”, sua utilização frequentemente é negligenciada.
A AIDS já atingiu níveis epidêmicos. Quando o bem-estar físico da sociedade é ameaçado desta maneira, torna-se imprescindível para essa mesma sociedade proteger-se contra práticas que colocam em risco a vida humana. Nenhuma sociedade racional permitiria permanecer vulnerável a atividades que comprometam a vida de seus cidadãos.
NÃO DEVE EXISTIR NENHUM TIPO DE CONSTRANGIMENTO SEXUAL ENTRE ADULTOS QUE CONSENTEM COM A PRÁTICA
Muitos insistem que não deveria existir proibição alguma referente à atividade sexual entre adultos que concordam. Já que que a sociedade condena o sexo forçado e o abuso infantil, muitos homossexuais afirmam que a restrição a qualquer expressão sexual é uma violação de sua liberdade. Ou seja, o que duas pessoas fazem livremente é um assunto moral que diz respeito somente a elas, e somente quando essa liberdade é cerceada que se pode considerar algo como errado. Fora isso, a pessoa tem o direito de fazer com o seu corpo aquilo que desejar fazer com ele.
Todavia, o consentimento mútuo entre adultos não torna o ato correto. Este argumento falha ao afirmar que qualquer ação realizada com o consentimento de pessoas adultos é justificável moralmente. Isso porque o consenso pode ter como objetivo a realização do mal. Dois adultos podem consentir em assaltar um banco, sequestrar uma criança ou até assassinar um Presidente. O simples fato de haver consentimento não quer dizer que o ato esteja certo. Isso também se aplica a situações entre aqueles que concordaram; mesmo nesse caso, não se pode assegurar que o ato seja certo. Por exemplo, consentir em ajudar um ao outro no suicídio não transforma tal decisão em algo aceitável; similarmente ocorre quando há consentimento para mutilações corporais entre eles. O consentimento mútuo não valida automaticamente nenhum comportamento. De forma humanística e equivocada, esse argumento propõe que o próprio indivíduo seja o critério definitivo para determinar certo ou errado, e que não existem limites para a liberdade humana além daqueles que são impostos por si mesmo. Mas isso vai contra a realidade da nossa condição como criaturas e não como criadores de nós mesmos. Como criaturas, temos uma responsabilidade moral frente ao nosso Criador, que nos ordena a não abusar sexualmente de nossos corpos.
O DIREITO À PRIVACIDADE PROTEGE A HOMOSSEXUALIDADE
A Suprema Corte já reconheceu o direito à privacidade da mulher sobre seu próprio corpo. Insiste-se que esse direito constitucional também se estende às práticas homossexuais. Se uma mulher possui direitos sobre suas próprias decisões sexuais, a ponto de ter a opção de interromper uma gravidez, por que os homossexuais não poderiam reivindicar direitos sobre suas ações sexuais que não resultam em concepção? A privacidade é um direito garantido pela Constituição. Assim, a maioria heterossexual não tem legitimidade para impor sua moralidade sobre a minoria homossexual.
Entretanto, o direito à privacidade não deve ser confundido com o direito à imoralidade. Nossos direitos de privacidade não se estendem a atividades antiéticas. Por exemplo, não temos o direito de cometer crimes como estupro ou homicídio em nossa privacidade. Historicamente, até mesmo as cortes dos Estados Unidos decretaram que nenhum indivíduo tinha o direito de praticar atividades homossexuais em sua privacidade. A consistência exige que uma ação imoral não se torne aceitável apenas pela mudança do ambiente onde é realizada. Se, por exemplo, participar de uma orgia em público é errado, essa mesma atividade também é errada quando ocorre em privado. Alterar o local onde um ato imoral acontece não altera sua violação da lei moral. É claro que o outro lado da moeda não é verdadeiro. Por exemplo, ainda que as relações conjugais sejam vistas como positivas na intimidade, isso não implica que sejam igualmente aceitáveis em público. Por fim, mesmo com as complicações inerentes à proibição de comportamentos homoeróticos, tais atos permanecem moralmente errados, independentemente do local onde são realizados.
OS HOMOSSEXUAIS TAMBÉM TÊM DIREITOS CIVIS
Um dos argumentos mais retomados por homossexuais é que, assim como quaisquer outros grupos minoritários, eles também possuem direitos civis. Insistem que o simples fato de a maioria da população optar por ser heterossexual não justifica a criação de legislações que discriminem a minoria homossexual. Por que uma minoria deveria ser despojada de seus direitos constitucionais em razão de suas preferências sexuais? Tal situação configura discriminação, e esta é considerada errada tanto sob a perspectiva moral quanto social. Em meio a diversas manifestações e campanhas em prol de "direitos iguais" e "direitos civis", o lobby homossexual afirma que seu desejo se limita à busca pelos mesmos privilégios desfrutados por outras famílias — todavia, as demandas legislativas não param por ai.
De fato, existem direitos civis reconhecidos, mas não há direitos específicos para homossexuais. Os homossexuais são detentores de direitos enquanto cidadãos, mas não na condição de homossexuais. Essa realidade é evidenciada por diversos fatores. Atos homossexuais são considerados moralmente inaceitáveis, e não existe direito associado à prática do que é errado. Sustentar argumentos opostos representa apenas uma tentativa de promover uma apologia a algo que não faz sentido. Do mesmo modo, não existem direitos civis que respaldem um erro moral. A homossexualidade apresenta prejuízos tanto no âmbito psicológico quanto físico [antinatural; transsexualidade] para os indivíduos envolvidos e é considerada moralmente incorreta; portanto, a legislação civil não deveria incentivar práticas prejudiciais ou eticamente questionáveis. O arcabouço da lei civil deve estar fundamentado na lei moral. Assim sendo, não deveriam existir direitos civis voltados à prática de atos homossexuais. Como reiterado anteriormente, embora aleguem buscar apenas igualdade nos direitos, na prática, almejam colocar o homossexualismo em um patamar superior ao da heterossexualidade. É evidente que os homossexuais, assim como qualquer outro grupo, devem ter garantidos seus direitos unicamente na condição de cidadãos, e não como homossexuais.
TENDÊNCIAS SEXUAIS SÃO HERDADAS
Muitos homossexuais sustentam que não podem mudar sua preferência sexual do mesmo modo que não podem mudar a cor de seus olhos. Afirmam que já nascem com inclinações homossexuais, as quais consideram inevitáveis e normalmente se manifestam em desejos eróticos por pessoas do mesmo sexo, e que tais inclinações são hereditárias e não adquiridas. Portanto, uma pessoa não deve ser julgada por ser homossexual, da mesma forma que não se pode condenar alguém pela baixa estatura ou pela coloração ruiva dos cabelos. Não podemos negar aquilo que nos é inerente por natureza; assim, os homossexuais não conseguem deixar de ser o que realmente são.
No entanto, as tendências homossexuais não são herdadas através de fatores genéticos ou biológicos, mas sim em condições adâmicas; ou seja, o comportamento homossexual é proveniente da natureza adâmica, referida na Bíblia como carne, a qual influencia comportamentos e modos de vida relacionados ao universo LGBTQIA+. Não existe evidência científica irrefutável que sustente a tese de que as tendências homossexuais sejam genéticas. Pelo contrário, há muitas evidências de que esse tipo de comportamento é incentivado a tal ponto que o indivíduo "opte por adotar um estilo de vida homossexual". Aqueles que sentem afeição erótica pelo mesmo sexo são seduzidos para esse movimento e ensinados a realizar atos homoeróticos. Mesmo que haja a tendência adâmica herdada que induz a atitude homossexual, ainda assim isso não justifica a realização de atos dessa natureza – razão pela qual se considera essa conduta moralmente reprovável, já que a carne não se sujeita à lei de Deus [Rm 8.7-8]. Da mesma forma, há pessoas que herdam uma predisposição a praticar atos violentos, mas essa herança não legitima ações agressivas. Outras possuem uma tendência herdada para o abuso do álcool, mas tal condição também não justifica a a bebedeira. A Bíblia declara que todos nós herdamos uma inclinação ao pecado (SI 51.5; Ef 2.3), mas continuamos sendo responsáveis pelos pecados cometidos.
OS PADRÕES MORAIS TÊM MUDADO AO LONGO DOS ANOS
Ainda que as práticas homossexuais tenham sido condenadas nos tempos antigos, não há razão para condená-las nos dias de hoje. O sexo antes do casamento também era reprovado em tempos antigos, mas atualmente é visto de maneira mais favorável. Muitos outros tabus, tanto de natureza sexual quanto não sexual, eram malvistos no passado em culturas mais puritanas. Entretanto, culturas mais recentes e mais esclarecidas têm rejeitado essas restrições. Por esse motivo, é necessário que as atitudes acerca da homossexualidade sejam igualmente revistas.
Contudo, a moralidade verdadeira não muda. Antes de abordarmos a questão mais a fundo, devemos considerar as definições e principais diferenças entre a moral bíblica e a moral secular:
Moral Secular: deriva de filosofias humanas, experiências culturais, ou consenso social. Ela é relativa e mutável, variando conforme os contextos históricos e culturais. Seu foco está na busca pelo bem-estar individual ou coletivo, priorizando autonomia e progresso material em vez de princípios transcendentais.
Moral Bíblica: por outro lado, é fundamentada nas Escrituras, com princípios absolutos revelados por Deus. Ela baseia-se em atributos divinos imutáveis, como a Lei Moral e os Dez Mandamentos, e enfatiza valores como amor, justiça, santidade e obediência à vontade de Deus. Seu objetivo é glorificar a Deus e alinhar a vida humana com o propósito divino, considerando a eternidade.
Enquanto a moral bíblica lida com verdades eternas, a moral secular é fluida e reflete subjetividade e evolução social.
Embora o conceito de moral possa ser relativo dentro da sociedade secular desprovida da referência divina, os verdadeiros princípios morais contidos na Bíblia permanecem imutáveis. Assim, há uma distinta compreensão entre moral secular e moral bíblica. A moral e a ética secular atendem às conveniências do homem independente de sua condição pecaminosa, pois foca no bem-estar individual e na convivência social sem considerar o pensamento divino sobre tais questões. Já a moral bíblica tem como base o caráter divino, sendo Ele nossa referência absoluta sobre o que é certo ou errado.
A ideia de que as leis morais mudam resulta de uma visão secular equivocada sobre elas. Existe uma confusão entre valores morais imutáveis e costumes sociais mutáveis; ou seja, observa-se uma mescla inadequada entre moralidade e costumes. Confunde-se um mandamento moral absoluto com nossa interpretação relativa dele. Ao reivindicar que a moralidade muda, confunde-se filosofias humanas com valores fundamentais. Mas na mesma medida em que os princípios morais refletem a natureza de Deus, estes não podem ser alterados, visto que Deus não pode mudar Seu caráter moral essencial (Ml 3.6; Hb 6.18).
ESSES ARGUMENTOS DISCRIMINAM OS HOMOSSEXUAIS
Há dois erros básicos nesse argumento. Em primeiro lugar, não se faz a distinção entre homossexuais e a prática do homossexualismo. As legislações que proíbem a condução de veículos sob efeito de álcool não fazem discriminação aos que consomem bebidas alcoólicas. Um cristão pode manifestar sua oposição ao alcoolismo sem direcionar sua reprovação aos alcoólatras. É preciso diferenciar entre o indivíduo e a prática; o foco da crítica é o estilo de vida homossexual, e não os homossexuais enquanto pessoas.
Em segundo lugar, essa objeção parte do pressuposto incorreto de que toda forma de discriminação é errada. Trata-se, na verdade, de uma discriminação contra a própria discriminação. Na realidade, o termo “discriminação” possui conotação positiva. Todas as pessoas racionais realizam atos de discriminação. Este é o motivo por que se utiliza o símbolo da caveira com ossos cruzados em recipientes contendo venenos e substâncias similares. Igualmente, discriminamos comportamentos sociais que causam perturbação à ordem por meio da aplicação de sanções e aprisionamentos. Nesse mesmo sentido, não discriminar um comportamento socialmente indesejável equivale à defesa da ideia de que pedófilos, traficantes, estupradores ou homicidas não deveriam ser aprisionados, uma vez que isso corresponderia a um ato de discriminação contra essas pessoas.
É INTOLERÂNCIA CONDENAR A HOMOSSEXUALIDADE
A intolerância é um prejulgamento sem motivo ou razão para se fazer uma objeção. No entanto, essa situação não se aplica ao homossexualismo, uma vez que existem argumentos válidos para sua contestação. Primeiramente, tal prática é contrária aos preceitos das Escrituras. Em segundo lugar, é prejudicial à ordem social e à instituição do casamento natural. Em terceiro, apresenta riscos para a inocência e o bem-estar das crianças. Quarto, acarreta aumento nos custos associados à saúde devido às enfermidades frequentemente contraídas por muitos homossexuais. Por fim, é perigosa também para o próprio indivíduo envolvido.
Cabe ressaltar que, sob nenhuma circunstância, o cristão endossa ou promove qualquer forma de violência contra pessoas homossexuais. Nossa objeção se dirige ao estilo de vida homoerótico e não aos indivíduos que dele participam.
ESSES ARGUMENTOS PRODUZEM HOMOFOBIA
Alguns objetam que a resistência ao homossexualismo induz a um medo anômalo e indesejável, além de fomentar uma espécie de histeria contra os homossexuais, caracterizando uma resposta exagerada fundamentada unicamente em emoções. Porém, tal argumento carece de embasamento e lógica. A oposição ao homossexualismo não se baseia em emoções, mas sim nas Escrituras, em evidências científicas, em fatos concretos e no raciocínio lógico. É importante distinguir entre um apelo emocional e um apelo fundamentado nas emoções. Por exemplo, uma advertência firme para que alguém abandone um prédio em chamas é um apelo às emoções, mas ninguém contestaria a realidade do incêndio, visto que esse evento é baseado em fatos objetivos. Os argumentos contrários à conduta homoerótica não podem ser interpretados como a causa da homofobia, da mesma forma que argumentos usados contra furtos não podem ser considerados como a causa da cleptomania. O ponto crucial reside na avaliação da aceitabilidade do comportamento sob uma perspectiva moral e social, e não na verificação de se esse comportamento pode gerar um temor legítimo acerca de práticas vistas como socialmente prejudiciais e perigosas.
Cristãos precisam ser mais tolerantes e amar o homossexualismo. Primeiro, a tolerância pressupõe que algo está errado. Não se tolera o que é bom; ao contrário, o aceitamos com alegria. Em segundo lugar, homossexuais almejam mais do que mera tolerância. Eles buscam um apoio abrangente para seus modos de vida imorais e prejudiciais. Essa busca se manifesta claramente no apoio à revisão das definições de gênero e do casamento tradicional, assim como na imposição do matrimônio entre pessoas do mesmo sexo. Tudo isso produz efeitos nocivos tanto para o cristianismo quanto para a sociedade em geral, afetando pessoas sem seu consentimento. Portanto, a questão vai além da simples tolerância; trata-se de permitir e promover práticas consideradas erradas; assim, é indiscutível que os cristãos não devem ser coniventes com esses modos de vida pecaminosos e prejudiciais. Homossexualismo é pecado, e aqueles que servem a Deus não podem aceitar ou compactuar com tal prática, pois isso constituiria uma forma de consentimento ao pecado de Sodoma [Rm 1.32].
FALTA A ESSES ARGUMENTOS UM AMOR CRISTÃO APROPRIADO PARA COM TODAS AS PESSOAS.
De maneira inadequada, essa objeção alega que não é possível amar o pecador enquanto se reprova o seu pecado. Não há nenhuma razão para a crença de que não podemos amar um alcoólatra, mesmo reprovando o alcoolismo. Da mesma forma, é possível amar os homossexuais e desaprovar a prática do homossexualismo. A questão central é: não se pode usar o amor a alguém como justificativa para aceitar ou consentir com o seu pecado, nem tampouco para negligenciar a justiça divina. O amor cristão não é uma concessão à prática da injustiça, longe disso. O amor cristão aspira à libertação e transformação de todas as pessoas; mas esse mesmo amor condena ações pecaminosas, uma vez que o cristão está ciente de que tal modo de vida resulta em ruína pessoal, destruição da saúde, desintegração familiar e danos sociais, culminando, por fim, na condenação eterna. Inclusive, é por essa razão que o cristão se preocupa tanto com que essas pessoas sejam libertas, transformadas e salvas por Cristo; do contrário, esse sentimento não se trataria de amor genuíno. Do que adianta amar alguém enquanto se tolera seus vícios autodestrutivos? Assim, amar os outros implica também no desejo de vê-los em condições melhores, distantes de quaisquer consequências nocivas, como é o caso da condenação eterna.
Entretanto, é necessário reconhecer que nem todos os crentes fazem essa distinção de forma consistente. Muitos chegam ao ponto de rejeitar até mesmo seus próprios filhos quando estes decidem assumir o homossexualismo. Tal atitude representa um erro claro — ela é anticristã e não ajuda em nada. É anticristã porque não está de acordo com o caráter de Cristo, que ministrou aos publicanos e pecadores. Ninguém pode esperar ajudar estas pessoas se optar por rejeitá-las. Nosso dever é alcançá-las com amor, visando ajudá-las. Rejeitar essas pessoas apenas contribui para empurrá-las, cada vez mais, para abismos maiores. O verdadeiro amor busca alcançar as pessoas, mesmo aquelas que são vis e resistentes; o amor é paciente e não rejeita ninguém.
CRISTÃOS NÃO DEVEM JULGAR OS OUTROS.
Diversos ativistas homossexuais e outras pessoas, até mesmo na igreja, reivindicam que os cristãos não devem emitir juízos sobre o homossexualismo, pois não cabe a eles julgar ninguém (Mt 7.1). Todavia, a afirmação: "Não julgueis para que não sejais julgados" estabelece, na realidade, um critério específico pelo qual o cristão deve proceder ao emitir julgamentos. Infelizmente, essa declaração do Senhor Jesus é frequentemente interpretada como uma ameaça por pessoas que desconhecem as Escrituras ou que buscam restringir tanto o ato de julgar quanto a crítica em determinadas circunstâncias.
uma leitura atenta do texto de Mateus revela que a orientação de Jesus é precisamente oposta à interpretação comum. Em nenhum momento Ele proíbe o cristão de realizar julgamentos; pelo contrário, Ele incentiva o julgamento bíblico desde que seja aplicado de forma justa. Porém, impõe uma condição essencial para que esse julgamento seja considerado válido: ele não pode ser hipócrita. A visão acima falha em reconhecer que Cristo estava denunciando o julgamento hipócrita e não o ato de julgar propriamente dito. Essa distinção se torna clara ao analisarmos que grande parte do Sermão do Monte visa superar a justiça hipócrita dos fariseus (cf. 5.20; 6.5). Além disso, o contexto dessa passagem claramente não reprova todo tipo de julgamento. Em Mateus 5.7, Jesus diz: "Hipócrita! Tira primeiro a trave do olho; e então enxergarás bem para tirar o cisco do olho de teu irmão." Ele afirma explicitamente que, após realizar uma autoavaliação, os fiéis poderiam se dirigir a outra pessoa para ajudá-la a remover o cisco de seu olho. Uma vez assegurados de que não há nada comprometendo a nossa visão, temos a responsabilidade de julgar (Mt 7.5). O julgamento correto evita que sejamos cúmplices de algum erro.
O ato de julgar é necessário em diversas situações; no entanto, este deve ser orientado por propósitos bem definidos: preservar as verdades bíblicas e exortar alguém com o intuito de auxiliá-lo na correção dos seus desvios. Portanto, qualquer forma de julgamento motivada por egoísmo ou soberania não encontra aprovação divina. Sem dúvida alguma, Jesus não condena todos os tipos de julgamento; antes, Ele nos alerta sobre a importância de "julgar de maneira biblicamente justa" (Jo 7.24).
HOMOSSEXUAIS NÃO PODEM MUDAR.
Em primeiro lugar, essa afirmação simplesmente não é verdadeira. Literalmente, há centenas de homossexuais que conseguiram mudar. Mesmo que um homossexual se sinta incapaz de mudar sua orientação sexual é possível ao menos controlar seu comportamento sexual. Não se deve forçar a aceitação desse estilo de vida pela sociedade como se fosse uma obrigação compartilhada por todos. É incontestável que se respeite os homossexuais como cidadãos, mas isso não quer dizer que temos que adotar seu modo de viver ou promovê-lo por meio de instituições e mídias em geral. Isso oprime outros cidadãos de bem que não consentem ou aceitam o universo LGBTQIA+. Em segundo lugar, pessoas que pensam que homossexuais não podem mudar falham em reconhecer o poder de Deus para trazer libertação e transformação na vida das pessoas (Mt 19.26; 2Co 5.17).
Assim sendo, caso um homossexual se arrependa sinceramente e abandone essa prática (cf. Pv 28.13), certamente encontrará a misericórdia de Deus, a ajuda do Espírito Santo e a transformação de Cristo. Já é grande o número de pessoas que, aceitando a Cristo, foram libertas e transformadas por Ele, e assim conseguiram vencer esse estilo de vida e agora levam uma vida normal, sejam solteiros ou casados, pais de família, oferecendo um testemunho eloquente do poder divino capaz de libertar qualquer pecador.


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