Mundanismo
O termo “mundo” (gr. kosmos) tratado neste estudo não refere-se ao globo terrestre mais conhecido como planeta Terra. Trata-se, na verdade, do mundo como um vasto sistema de costumes, culturas, cosmovisões, filosofias, conceitos, ideias e afins. Um sistema ímpio, submergido em práticas pecaminosas, profanas, demoníacas e cheias de atrocidades. Obviamente não consiste somente na impiedade, imoralidade e maldade humana, mas também nos demônios que caíram (Ap 12.12) e agora agem no mundo contra Deus com impetuosa resistência e indiferença a Ele e à igreja de Cristo. Um sistema mundial governado pelo diabo, que o comanda através de vários meios como: políticas, falsas religiões, poderes, riquezas, ciências, dispositivos midiáticos, influências, forças armadas, organizações, ocultismos, correntes ideológicas, filosóficas, etc, para aprisionar e controlar uma humanidade que de modo desenfreado busca cada vez mais satisfazer suas vontades pecaminosas e os intentos do seu deus, o diabo — isso ocorre em todos os empreendimentos humanos que não se encontram sob os padrões bíblicos e o senhorio de Cristo.
O MUNDO NO PRINCÍPIO
“Do Senhor é a Terra e a sua plenitude, o mundo e aqueles que nele habitam” (Sl 24.1). O mundo como planeta Terra foi criado por Deus: “No princípio Deus criou os céus e a Terra” (Gn 1.1). Deus criou os céus e a Terra como manifestação da Sua glória, majestade e poder: “Os céus manifestam a glória de Deus e o firmamento anuncia a obra das suas mãos” (Sl 19.1; cf. 8.1). Ele o criou em perfeitas condições para a vida: “E Deus viu tudo quanto tinha feito, e eis que era muito bom” (v. 31). Deus, sendo o Criador de todas as coisas, também criou o ser humano: “E disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança [...] e criou Deus o homem à sua imagem; à imagem de Deus o criou; macho e fêmea os criou” (Gn 1.26-27). Isto significa que o ser humano foi criado semelhante (não igual) a Deus e deveria representá-lo na Terra: “E Deus os abençoou e lhes disse: Frutifiquem e multipliquem-se! Encham e sujeitem a Terra! Dominem sobre os peixes do mar, sobre as aves do céu e sobre todos os animais que se movem pela Terra” (v. 28). E, assim como Deus é bom, justo e puro, o homem foi criado bom, justo e puro. Deus infundiu esses atributos bem como outras qualidades morais, intelectuais e éticas em cada ser humano tornando-o a Sua imagem e semelhança (v. 26, 27). Com isso, cada pessoa foi criada com caráter bom, moral, e com perfeita comunhão entre seres humanos e seres humano e Deus. Este era o plano divino original: toda a vida ocorrer em perfeitas condições e harmonia. No Éden, Adão e Eva se relacionavam em perfeito equilíbrio em três áreas distintas: (1) com Deus, (2) um com o outro e (3) com a criação.
O homem foi criado um ser livre e o mundo foi criado para expressar a sua liberdade. Como criaturas criadas semelhante a si, Deus também o dotou do poder de escolha. Como seres intelectuais, a humanidade sempre pode fazer suas escolhas livremente. E quando ainda estavam no Éden, Deus tencionava saber se iriam obedecê-lo e ama-lo ou escolheriam desobedecê-lo preferindo suas próprias escolhas. Por isso, estabeleceu uma condição: “E ordenou o Senhor Deus ao homem dizendo: De toda a árvore do jardim comerás livremente, mas da árvore da ciência do bem e do mal, dela não comerás; porque no dia em que dela comeres, certamente morrerás” (Gn 2.16-17). A sentença foi muito clara: “certamente morrerás”. O ser humano, induzido pelo diabo, escolheu dar-lhe ouvido e pecou contra Deus e todas as demais áreas da criação foram afetadas com o dano do seu pecado: “Porquanto destes ouvidos à voz de tua mulher, e comeste da árvore de que te ordenei, dizendo: Não comerás dela: maldita é a Terra por causa de ti...” (Gn 3.17).
OS EFEITOS DO PECADO NO MUNDO
A partir do primeiro pecado, todo o mundo foi seriamente comprometido. A criação (natureza animada e inanimada) tornou-se sujeita ao sofrimento e às catástrofes físicas por causa do pecado humano (Rm 8.20-23). Todas as áreas da vida foram acometidas por inimizade e separação. Inimizade e separação entre Deus e os seres humanos, entre o homem e a mulher, e entre os seres humanos e a Terra. Todas as três áreas de atuação do homem, espiritual, social e cultural, foram manchadas pelo pecado.
O que Deus havia criado para ser muito bom, foi exponencialmente corrompido pelo pecado. A semelhança a qual fazia do homem um ser semelhante a Deus, foi seriamente fragmentada, sua área espiritual morreu. O que foi feito para ser um ser moral, justo e puro, tornou-se um ser imoral, injusto e maligno desde o ventre materno (Sl 51.5; Jó 15.14). Cada ser humano, quer seja criança ou adulto, fez-se inatamente mal e corrompido pelo pecado. Essa é a única verdade e a opinião de Deus sobre a humanidade caída: “...o coração do ser humano é inclinado para o mal desde a sua infância” (Gn 8.21).
Mas, a maioria se vê como alguém essencialmente bom, que talvez tenha um defeitinho ou outro, mas nada muito grave ou que não possa remediar. As pessoas pensam que é um absurdo afirmar que tudo o que o homem é e faz está afetado pelo pecado. Obviamente pensam assim em decorrência do coração endurecido e da mente cauterizado pelo pecado (), porque não conhecem nem tampouco entendem a realidade da sua natureza pecaminosa: “Não há nenhum justo, nem um sequer; não há ninguém que entenda, ninguém que busque a Deus. Todos se desviaram e juntamente se fizeram inúteis. Não há quem faça o bem, não há nem um sequer” (Rm 3.10-12). Cada ser humano, só se conscientiza do quanto é pecador e por isso desprovido de Deus depois que é tocado pelo Espírito Santo (Jo 16.8; At 2.37) e então passam a entender a completude da Bíblia, caso contrário, vai julgar-se pessoas boas, benevolentes e honestas segundo suas próprias concepções. Entretanto, discordando enfaticamente desse tipo de pensamento, a Bíblia, do começo ao fim, é contundente ao afirmar que tudo no homem foi maculado pelo pecado e como consequência de tal o que lhe espera é a condenação eterna. Não há nenhuma parte do ser humano ou área de atuação que não tenha sido afetada. Nosso corpo foi corrompido; nossa mente desvirtuada; nosso coração pervertido; nossas emoções distorcidas. Não há absolutamente nada que o ser humano caído faça que não esteja envenenado pelo pecado.
O pecado, como uma praga infecciosa, passou a todos os seres humanos infectando todo o mundo: “por um homem (Adão) o pecado entrou no mundo, e através do pecado entrou a morte, assim a morte passou a todos os seres humanos, por isso que todos pecaram [...] e estão destituídos [separados]da glória de Deus” (Rm 5.12; 3.23). A queda da humanidade afetou nossos pensamentos, sentimentos, emoções, desejos e ações. E essa configuração passou essencialmente a governar, subjugar, e predominar os sistemas do mundo caído.
Por causa disso, João em sua primeira carta disse: “Não amem o mundo, nem as coisas que no mundo há. Se alguém ama o mundo, o amor de Deus não está nele. Porque tudo o que há no mundo, – há os maus desejos da carne, os maus desejos dos olhos e a soberba da vida – isto não é de Deus, mas do mundo” (1Jo 2.15-16).
No verso 16, são relatados três aspectos do mundo pecaminoso que são abertamente hostis a Deus:
I – Os maus desejos da carne: inclui os desejos impuros, a busca por prazeres pecaminosos e a gratificação sensual (Fp 3.18-19; Tg 1.14-15). A carne [natureza caída] é a sede dos maus desejos (Mt 26.41) e denota a fragilidade humana e a sua inclinação ao pecado. Na Bíblia, a palavra carne é utilizada para designar a natureza adâmica que passou a dominar o ser humano e o levar a praticar seus maus desejos. Algumas das obras da carne presentes no mundo as quais são reprovadas por Deus estão registradas em Gálatas 5.19-21, que diz: "...adultério, imoralidade sexual, impureza, lascívia, idolatria, feitiçaria; inimizades, disputas/competições, ciúmes, iras, brigas, divisões, enganos, invejas, homicídios, embriaguez, gula, e coisas semelhantes a estas. Repito o que eu já disse antes: que os que praticam essas coisas não herdarão o Reino de Deus”.
O cristão deve viver em espírito e pelo Espírito para assim conseguir sujeitar a sua carne. Essa é uma das principais características que o difere do ímpio que, no que lhe concerne, vive para satisfazer os desejos de sua carne e buscar prazeres a fim de suprir dentro de si um espaço que só cabe Deus — a área espiritual do ser humano foi criada “única e exclusivamente” para adorar à Deus. Quando o ser humano não supre está área com a presença dEle, fica sujeito a adorar, idolatrar e fazer tudo o que for possível para supri-la —, assim, buscam o sentido da vida em prazeres, realizações pessoais, momentos, bens matérias, status sociais, drogas, posições, bebidas alcoólicas, ídolos, dinheiro, loucuras e coisas desse tipo. Sem Deus preencher a área espiritual, o ser humano vive adorando de estatuas a animais, de pessoas a si mesmos, e de anjos a demônios (Rm 1.21-32), consumando assim, o que lhes concerne à natureza caída (Tg 1.14-15).
II – Os maus desejos dos olhos: refere-se à cobiça por coisas atraentes aos olhos, inclusive o desejo de olhar para o que dá prazer pecaminoso (Êx 20.17; Rm 7.7). Na atualidade, isso inclui o desejo de divertir-se contemplando pornografia, violência, tragédias, impiedade e imoralidade em meios como: televisão, celular, computador, cinema, teatro ou periódicos (Gn 3.6; Js 7.21; 2Sm 11.2; Mt 5.28). Mau desejo dos olhos é a propensão na apreciação visual da aparência física (seguida de desejo), crueldade, sensualidade, luxúria, brutalidade, sexualidade, violência, injustiça, vaidade e tantos outros tipos de pecados como meios de satisfazer a concupiscência dos olhos pelo prazer pervertido.
Nas plataformas midiáticas, por exemplo, as artimanhas demoníacas são usadas a todo momento para satisfazer os olhos em contemplar as concupiscências visuais. Inúmeras vezes, elas expõem um padrão de vida maravilhoso, um paraíso artificial, momentos de lazer, padrões de beleza e outras diversões que enchem os olhos, a mente e o coração do espectador de vontades. Estes conteúdos são expostos aos olhos desvendando o que o ser humano tem de mais desejoso em si (Mt 6.23). Essas pessoas são induzidas a determinado endurecimento (Hb 3.13) cuja tendência é a aversão total a Deus e a propensão em demasia ao pecado (Mt 24.12). O que o sistema pecaminoso do mundo oferece, somente afasta o ser humano de Deus. Os maus desejos subsistentes nos olhos e ouvidos absorvem todo esse conteúdo, o que perverte ainda mais a mente e o coração, tornando as concupiscências dos olhos uma busca sem fim: “Como o inferno e a perdição nunca se fartam, assim os olhos do homem nunca se satisfazem” (Pv 27.20).
III – A soberba da vida: significa altivez, orgulho, independência, autossuficiência. Embora há inúmeros cristãos parcialmente assim, quando aplicado ao ímpio, a soberba bloqueia este de reconhecer Deus como Senhor e Sua Palavra como autoridade suprema. O soberbo procura exaltar, glorificar e promover a si mesmo, julgando, na maioria das vezes, não depender de ninguém ou voltar a si o mérito do seu triunfo. Esta jactância vem da falsa suposição de que tudo quanto realizamos é produto do nosso próprio esforço e não da ajuda e permissão de Deus, e também do auxílio do próximo (Tg 4.13-16).
Atualmente, isso é o que mais se vê; pessoas que não reconhecem a contribuição de outras pessoas e a permissão de Deus, voltando a si a glória do seu feito. Pessoas querendo serem melhores que pessoas. Pessoas buscando ser superiores umas às outras. Quase já não é possível a comunicação interpessoal em virtude da resistência e da arrogância de um coração altivo. Com um coração duro e insensível, são incapazes de perdoar, ao contrário, desejam até a derrota e a ruína de seus opositores.
A atmosfera deste mundo está saturada de soberba, do intenso desejo egoísta de obter vantagens pessoais e bens materiais. O poder, a aparência e a riqueza estão estreitamente ligadas à soberba da vida (Ez 28.1-17). Em Salmos 10.2-6 está escrito: “Em sua arrogância o ímpio persegue o pobre, que é apanhado em suas tramas. Ele se gaba de sua própria cobiça e, em sua ganância, amaldiçoa e insulta o Senhor. Em sua presunção o ímpio não O busca; não há lugar para Deus em nenhum dos seus planos. Os seus caminhos prosperam sempre; tão acima da sua compreensão estão as tuas leis que ele faz pouco caso de todos os seus adversários, pensando consigo mesmo: Nada me abalará! Desgraça alguma me atingirá, nem a mim nem aos meus descendentes”. É evidente o êxito deles (Sl 73). Contudo, depois da idolatria, a soberba é o pecado que o Senhor mais nauseia e combate. A altivez foi o maior pecado de satanás, que, em pessoa, personifica com precisão a soberba da vida; e, assim como ele, todos aqueles que se exaltam nesta vida, serão humilhados no futuro (Lc 16.19-31; 14.11; 1Jo 2.15-17; Ap 19.10-15).
O SISTEMA MUNDANO É GOVERNADO PELO DIABO
Devido a entrada do pecado no mundo, o diabo tornou-se um falso deus e passou a reinar e governar o sistema mundano e a humanidade ímpia (Jo 12.31; 14.30; 16.11; 2Co 4.4; Ef 2.2; 1Jo 3.10). Lhe foi concedido permissão para isto: “E o diabo, levando JESUS a um alto monte, mostrou para Ele num momento de tempo todos os reinos do mundo. E disse-lhe o diabo: Te darei todo este poder e sua glória; porque foi entregue a mim, e dou-o a quem quero. Portanto, se tu me adorares, tudo será seu” (Lc 4.5-7). O sistema ímpio manchado pelo pecado que rege o mundo foi outorgado a ele e Jesus não contesta sua reivindicação em possuí-lo. Ele controla o curso do mundo junto com uma hoste de espíritos malignos, seus subordinados, que estão a seu serviço para guerrear contra o povo de Deus (Ef 6.12-13) valendo-se das atrações pecaminosas do mundo (Ef 2.2-3). Eles fazem um esforço incessante tentando destruir a vida do cristão verdadeiro (Jó 1.9-12; Jo 10.10; 2Co 11.3; 1Pe 5.8).
O sistema das trevas é organizado. É o que pode se chamar de “a ordem da desordem”. Existe uma estratificação de poder no reino maligno. Em Efésios 6.12-13 Paulo fala de principados, poderios, príncipes deste mundo de trevas e exércitos espirituais do mal. Existe uma cadeia de comando. Existem cabeças e subalternos. Líderes e liderados. Quem manda e quem obedece; o reino das trevas se planeja e articula-se contra a igreja de Cristo lhe combatendo com todos os meios possíveis existentes na esfera mundana. Todavia, por mais que se esforcem, as portas do inferno não prevalecerão contra a igreja verdadeira (Mt 16.18).
Na Bíblia, o diabo também é chamado de satanás, deus deste século, assassino, príncipe deste mundo, mentiroso, ladrão, príncipe das potestades, destruidor, tentador, maligno, serpente, dragão, abadom e apoliom. A Bíblia esclarece que seu intento é roubar, matar e destruir. Ele sabe que já está sentenciado à perdição eterna e quer levar consigo o maior número possível de almas.
O diabo ganha força e poder de escravidão por meio do pecado (1Jo 3.8; Ef 2.2), agindo em várias esferas do mundo empregando seus princípios de moralidade, filosofia, justiça, conduta e ética. Por exemplo, ele usa segmentos da profissão médica para defender e promover a matança de seres humanos nascituros; segmentos da agricultura para produzir drogas destruidoras da vida como o álcool e os narcóticos; segmentos da educação para promover a filosofia ímpia, humanista e cientificista; e os meios de comunicação em massa para destruir os padrões divinos de moral, de ética e de espiritualidade. E isto, sem considerar outras áreas como a psicologia, o dinheiro, a força militar, o sexo, as falsas religiões e o poder. Não que essas e outras áreas sejam totalmente corrompidas e controladas por ele, mas certas parcelas dessas áreas são projetos que operam a maldade humana e a atuação maligna.
Por tratar-se de um mundo ímpio, conduzido em sua maioria por pessoa desconvertidas, as quais são controladas por satanás, os crentes devem estar cientes que por trás de todos os empreendimentos meramente humanos, há um espírito, força ou poder maligno que atua contra Deus e contra a Sua Palavra. Nalguns casos essa ação maligna é mais sutil, noutros casos, é mais perceptível e intensa.
Como apontado acima, o diabo tem o mundo organizado em sistemas que são inatamente hostis a Deus e ao Seu povo (Jo 7.7; 15.18,19; 17.14; Tg 4.4; 2.16). Ele tem se empenhado em cegar o entendimento das pessoas distanciando-as cada vez mais da verdade e, conseguintemente, de Deus. Com efeito, nosso próprio JESUS intitula satanás de “príncipe deste mundo” (cf. Jo 12.31; 14.30; 16.11).
Em 1 João 5.19 está escrito: “Sabemos que somos de Deus, e que todo o mundo está no maligno”. O “mundo jaz no maligno” porque todos que vivem no pecado são separados de Deus e encontram-se debaixo da escravidão do diabo. Por causa do pecado, o mundo está contaminado pelo mal.
No entanto, cabe ressaltar que o diabo não tem poder absoluto sobre o mundo, longe disso, porque Deus continua sendo soberano sobre todas as coisas e todas elas acontecem de acordo com Sua vontade permissiva, controle, e às vezes, através da Sua ação direta de conformidade com o seu propósito e sabedoria. Contudo, na presente era da história, Deus tem limitado Seu supremo poder e domínio sobre o sistema do mundo em função deste está submergido no pecado, na maldade, na crueldade, na injustiça e na imoralidade. Essas são condições nas quais Deus não tem participação graças a Sua plena aversão ao pecado e a maldade (1Pe 1.15-16). Deus não faz parte da esfera mundana e exorta a igreja de Cristo a despir-se dela também, pois, a comunhão com o mundo, torna-se inimizade e rebelião contra Deus. Ser amigo do mundo é o mesmo que ser inimigo de Deus (Tg 4.4).
Deus não deseja, nem causa de nenhuma maneira, o sofrimento que há no mundo, nEle existe justiça, mas não existe maldade. Nem tudo quanto ocorre na Terra procede da Sua perfeita vontade (Mt 23.37; Lc 13.34; 19.41-44); isso evidência a livre vontade humana em resistir à graça e à vontade de Deus, e em decorrência do pecado e da ação maligna, ela é acometida de sofrimento e tormento desde a sua queda no Éden (Rm 8.18-23).
Posto isto, logo entende-se que o sistema do mundo não está sob o domínio de Deus, mas em rebelião contra Seu governo e sob o domínio de satanás; essas são as principais causas dos sofrimentos e das desgraças humanas (Lm 3.39-42; Jo 10.10).
Tal como o ímpio, todo crente falso vive do mundanismo, automaticamente serve ao diabo (Mt 13.24-30; 36-43; 1Jo 3.10); embora muitas vezes nem se conscientize disso: “Ele (Deus) nos resgatou do domínio das trevas e nos transportou para o Reino do seu Filho amado. Além disso, Deus deu vida a vocês, embora estivessem mortos por causa das suas ofensas e pecados, nos quais andavam antes segundo o sistema deste mundo, segundo o governante da autoridade do ar (diabo), o espírito que agora atua nos filhos da desobediência” (Cl 1.13; Ef 2.1-2). Nesse caso, o encargo do cristão é: “Instruir com mansidão os que resistem, a ver se porventura Deus lhes dará arrependimento para conhecerem a verdade, e voltarem a despertar, desprendendo-se dos laços do diabo, porque eles estão presos à vontade dele” (2Tm 2.25-26). “Para lhes abrir os olhos, e das trevas os converteres à luz, e do poder de satanás a Deus; a fim de que recebam a remissão de pecados...” (At 26.18).
Qualquer pessoa só pode ficar livre do poder do diabo e do pecado através de Jesus (Jo 8.36). LOUVADO, ENGRANDECIDO E EXALTADO SEJA O SENHOR JESUS CRISTO!
O MUNDO E O CRISTÃO
Todo cristão, como parte da igreja de Cristo, deve atuar no mundo evangelizando às pessoas que fazem parte dele. Seu posicionamento como crente salvo consiste na intolerância ao pecado, mas não a pessoa do pecador, pelo contrário, devemos ama-los como seres humanos e por amor sair por todo o mundo pregando o evangelho que pode garantir a salvação deles. Quem crer e for batizado será salvo; mas quem não crer será condenado (Mc 16.15-16). A igreja foi comissionada pelo Senhor a sair e pregar o evangelho no mundo inteiro, e em Seu nome, pregar o arrependimento e a remissão dos pecados em testemunho a todas as nações (Lc 24.47). Fazemos isso, primeiro, por amor a Cristo, e segundo, por amor ao próximo, pois essas pessoas precisam da misericórdia e da salvação do Senhor assim como nós, os cristãos.
Não podemos desprezar os ímpios por sermos cristão, longe disso, o cristão deve ser usado por Deus como meio de ganhá-los para Jesus. Obviamente, tem que ter cuidados na convivência com eles, pois, continuam vivendo no pecado e por não serem conhecedores da verdade, eles têm muitos maus costumes que desagradam a Deus. Com isso, o Senhor convida a igreja de Cristo a evangelizá-los, mas separar-se de qualquer comunhão com eles: “Por isso saí do meio deles e se separem, diz o Senhor; E não toquem em nada imundo, e Eu vos receberei” (2Co 6.17). Conferir: Js 23.12-16; Êx 34.14-16; Dt 7.1-3; Ed 9.1-2, 11-12; Ne 13.23-27.
Não “ter comunhão” com o ímpio, todavia, não significa ignorá-lo. Até porque se estamos em um mundo estrangeiro com a missão de resgatar essas almas perdidas para Deus, precisamos nos aproximar delas para apresentar-lhes a Palavra do Senhor, o Reino eterno, e o nosso modo de viver com Cristo e para Cristo. Não deve haver intimidade, contudo, relacionar-se formalmente com os ímpios é bem diferente de aceitar, viver ou fazer as mesmas coisas que eles; se relacionar com eles é ser como o próprio Senhor ensinou no Sermão da Montanha, “sal” e “luz”: “Vocês são o sal da terra; e se o sal for insípido, com que se há de salgar? Para nada mais presta senão para se lançar fora, e ser pisado pelos homens. Vocês são a luz do mundo; não se pode esconder uma cidade construída sobre um monte; e nem se acende a candeia e se coloca debaixo do alqueire, mas no velador, e dá luz a todos que estão na casa. Assim resplandeça a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai, que está nos céus” (Mt 5.13-16).
O mundo é só trevas, em função disso, o cristão precisa ser luz: luz para iluminar o caminho dos perdidos, luz na vida das pessoas necessitadas de amor e paz, luz para guiar os cansados e oprimidos, luz para as nações que vivem em guerra, luz na escuridão que o pecado causa na alma das pessoas.
O mundo está podre por causa da maldade e do pecado, o cristão é o sal que pode dar sabor. Como mineral, o sal também é usado para conservar os alimentos a fim de que não apodreçam. O cristão é o sal da Terra, e este mundo ainda resiste mesmo diante de tanta podridão — até a igreja de Cristo ser retirada — por ainda existir os remanescentes, aqueles que fazem a diferença e dão sabor e tempero a este mundo perdido: a igreja de Cristo, lavada e remida no sangue do Cordeiro e capacitada no poder do Espírito Santo. O crente está na Terra unicamente para fazer a diferença nela, para influenciar as pessoas com seu comportamento e pregação, levando-as para o Reino eterno e por meio de Cristo e seu sacrifício na cruz, sob a atuação do Santo Espírito, para salvar a todos quantos crerem no evangelho do Senhor.
Por isso, o cristão precisa se conscientizar de que ‘por hora’ está neste mundo lutando contra o pecado, contra os demônios, contra a própria natureza caída e contra o corrompido sistema do mundo. Sua luta não é contra a carne e nem contra o sangue, ou seja, sua luta não é contra pessoas, e isto independe de quem sejam: “Porque não temos que lutar contra a carne e o sangue, mas, sim, contra os principados, contra as potestades, contra os príncipes das trevas deste século, contra as hostes espirituais da maldade, nos lugares celestiais” (Ef 6.12). A luta contra o mundo, os demônios e o pecado, a vencemos somente através de Cristo, do Espírito Santo e da Palavra de Deus com muita oração, jejum e santificação ao Senhor (2Co 10.3-5).
A diferença entre o cristão e o ímpio. Malaquias 3.18 registra essa desigualdade nas seguintes Palavras declaradas por Deus: “Então vocês verão novamente a diferença entre o justo e o ímpio, entre o que serve a Deus e o que não o serve”. Diante de Deus, há apenas duas categorias de pessoas: as que estão em Cristo e as que não estão. As pessoas do mundo e o povo de Deus são dois grupos distintos de povos. Está é uma das razões de não se pode haver comunhão íntima entre eles, tais relacionamentos podem corromper a santificação do crente à Deus — e a maioria das vezes, se não todas, corrompem: (Jz 16.4-20; 1Rs 11.1-14; 16.31-33; 21.25; 1Co 15.33; Gl 5.9). Inclusive, neste contexto, pode-se incluir ainda as sociedades nos negócios, ordens secretas (Maçonaria), amizade íntima, namoro e, principalmente, o casamento com incrédulos. Evidentemente é necessário haver um bom relacionamento interpessoal, um bom convívio social e cordial respeito, mas o cristão não pode se prender ao ímpio ou participar das mesmas coisas que eles participam, já que são pessoas opostas (Ml 3.18), que caminham em caminhos opostos (Mt 7.13-14), servem a senhores opostos (Mt 6.24; 1Co 10.21; Ef 2.1-3), e irão para destinos opostos (Mt 25.32-46).
Sendo assim, o cristão não pode viver neste mundo para “acompanhar o modo de viver dos ímpios”, mas, sim, para ser o oposto deles. É para isso que fomos chamados: para fazer a diferença durante o tempo que aqui vivermos. E é por isso também que, até sermos tirados por Cristo deste mundo, sofreremos e padeceremos dores enquanto o mundo sorri: “Na verdade, na verdade vos digo que vocês chorarão e se lamentarão, e o mundo se alegrará, e vocês estarão tristes, mas a vossa tristeza se converterá em alegria” (Jo 16.20). Levar a bandeira de Cristo e recusar os prazeres carnais nos fazem “anormais” perante a sociedade secular e os crentes desconvertidos; assim, somos humilhados, rejeitados e perseguidos; mas a verdade é uma: Cristo está com o crente fiel que tudo sofre por amor a Ele e à Sua obra redentora. Esse crente aguarda sua recompensa na vida eterna, e como enfatizado pelo Senhor na passagem acima, no momento que o Senhor voltar: “... vossa tristeza se converterá em alegria” (v. 20).
“Se vocês fossem do mundo, o mundo amaria o que era seu, mas por vocês não serem do mundo, antes eu vos escolhi do mundo, é que o mundo vos odeia” (Jo 15.19). É normal que o mundo odeie o cristão, mas se o mundo não o odiar, ele deve considerar examinar a sua vida diante de Deus (2Co 13.5) ao se perguntar: deveras, estou fazendo parte do povo de Deus ou das pessoas do mundo? — porque existem incontáveis crentes que acreditam fazerem parte do povo de Deus, quando, na verdade, não fazem: Mt 7.21-23; 13.24-30, 36-43.
O mundo está sob o domínio do pecado e do diabo (Jo 12.31), já os cristãos verdadeiros pertencem exclusivamente a Deus (Ef 5.23-24) e Ele lhes ordena santidade (separação cf. 1Pe 1.15,16). A verdadeira conversão tira o cristão do mundo, a santificação tira o mundo do cristão. O crente deve separar-se das práticas pecaminosas e do modo ímpio de viver, os quais permeiam e competem meramente a este mundo caído.
MUNDANISMO NAS IGREJAS
Incontáveis Igrejas têm se secularizado e permitido o mundanismo entrar em suas instalações de forma liberal e até assustadora. Algumas já são fundadas no pecado desde seus primórdios, outras, o que antes lhes era pecado, hoje não é mais, o que antes não podia, hoje pode! Em vista disso, o pecado tem cegado a mente e endurecido os corações impedindo essas pessoas de discernirem de modo santo e eficaz o que é pecado e o que não é, o que é santo e o que é profano, o que é moral e o que é imoral. As normas, preceitos e estatutos outrora estabelecidos por Deus, atualmente, tornaram-se relativos — isto denota a cauterização mental, onde essas pessoas entraram num estado de impenitência e incredulidade tão profundo que não há mais sensibilidade espiritual, o ESPÍRITO SANTO se foi faz tempo (Jz 16.20; 1Sm 16.14; Sl 51.11), e sua consciência em discernir o certo do errado tornou-se inoperante (Hb 3.13; Ef 4.17-19). A “mente cauterizada”, “consciência cauterizada” ou “entendimento cego”, estão diretamente ligados à apostasia (1Tm 4.1-2), que por sua vez está atrelada aos sinais que precedem os últimos dias (Mt 24.12; 2Ts 2.1-3).
Um ocorrido com a nação de Israel relatado em Oséias 7.8, alude, exatamente, o que está acontecendo com as Igrejas na atualidade. Vê-se que, por mais que os israelitas professavam servir ao Deus de Israel e cumprir Seus mandamentos, na prática, viviam em apostasia (abandono da fé salvífica) declarada. Em alguns momentos diziam que amavam a Jeová e O servia, e Ele era o seu Deus, mas na maior parte do tempo estavam todos envolvidos com as práticas e os deuses dos ímpios. Eles haviam entrado em estreita comunhão com os incrédulos adotando muitos de seus costumes e ideias. Como resultado, passaram a ser tão inúteis quanto um pão queimado de um lado, e cru do outro. De fato, Deus chama os crentes a testemunharem aos perdidos e ajudá-los no caminho da salvação, no entanto, não devem manter comunhão com eles muito menos fazerem o que eles fazem, pois correm o sério risco de adotar os seus costumes e atitudes, voltando ao pecado e distanciando-se de Deus cf. Sl 106.35-41. Assim como a nação de Judá adotou doutrinas de demônios e acabou servindo às falsas religiões dos ímpios (Ez 5.5-17), percebe-se, atualmente, a crescente infiltração do mundanismo nas Igrejas sob diversas formas como: falsas doutrinas, movimentos pagãos, usos e costumes, comportamentos e práticas antibíblicas.
A Igreja de Corinto era um exemplo disso, ela enfrentava sérios problemas quando tentava desfrutar das bênçãos de Deus e, ao mesmo tempo, recusava separar-se dos maus caminhos do mundo. Os coríntios estavam tolerando na Igreja: divisões egoístas (1Co 11.18), filosofia mundana (1Co 1.18-25; 3.19), inveja e contenda (1Co 3.3), orgulho (1Co 3.21; 4.7), imoralidade (1Co 5.1), ações banais na justiça (1Co 6.1-8), frequência a festas mundanas (1Co caps. 8; 10), e a rejeição dos ensinos apostólicos (1Co 14.36-37). Os coríntios deixaram de perceber a necessidade absoluta da verdade apostólica, do amor e dos padrões da piedade (1Co 6.7-10; 13); passaram a exercitar erroneamente os dons do Espírito (1Co caps. 12; 14); e a profanarem a Santa Ceia do Senhor (1Co 11.17-34).
Toda essa impiedade resulta na morte espiritual, na profanidade, na imoralidade, no enfraquecimento e esfriamento das Igrejas. O que lhes sobejam em padrões seculares e bens materiais, lhes faltam em santidade e bens espirituais. Essas Igrejas desconstroem-se como reino de Deus e se reconstroem como impérios humanos; tornaram-se meras organizações eclesiásticas, sem vida e sem o poder do ESPÍRITO SANTO. Se acomodaram aos padrões do mundo. Estão pervertendo os ensinos bíblicos, abandonando o que é SANTO, utilizando a fé com fins escusos e adotando ideias contrárias à sã doutrina. Seus cultos são pragmáticos e individuais, mais centrados em redução de stress do que em salvação, mais terapêuticos do que ungidos pelo ESPÍRITO SANTO. Falam sobre sentir-se bem e não sobre ser bom. São centrados no corpo e na alma e não no espírito; de repente, a santificação do corpo como um todo não tem mais tanta importância; pelo que os tais dizem: “o que importa na pessoa é o coração”, “Deus só quer o coração”. Essa moda vem crescendo a cada dia e atraindo cada vez mais crentes, principalmente os jovens.
Os adeptos de movimentos como este alegam que Deus não olha para o exterior. O que importa para Ele é apenas o coração, o interior, a intenção. Assim, com a impiedade já instalada e a Palavra de Deus adulterada, defendem usos e costumes que competem à ímpios e pagãos. Aderem tanto os padrões pagãos do mundo caído que, neste meio, pode-se usar piercing, fazer tatuagens, usar roupas sensuais, passar maquiagens, as mulheres pintar ou cortar o cabelo, os homens ter cabelo grande, etc. São moderninhos profanos que criticam e zombam dos cristãos tradicionais cuja vida é pautada na Palavra de Deus. Dizem que os cristãos que vivem de santificação são bitolados, fariseus, legalistas, atrasados e tradicionais. Todavia, considerando que quem persegue os cristãos verdadeiros são as pessoas do mundo, esses falsos crentes não se diferem em nada deles (Jo 15.19; Ml 3.18).
Com o avanço do pecado, inúmeras Igrejas têm redefinido inescrupulosamente o Evangelho de Cristo (mas assim como Deus não muda, Sua Palavra permanece a mesma para sempre). Erroneamente doutrinam à desobrigação para com a Lei moral de Deus. É indiscutível o fato de que o cristianismo não está debaixo da lei cerimonial nem da lei civil; essas leis apontavam para o Messias e foi cumprida em Cristo, e pela Sua graça temos acesso direto a Deus pelo ESPÍRITO SANTO sem intermediação de nenhum agente (sacerdote) humano.
Assim como no Velho Testamento, agora, na Nova Aliança, continuamos incumbidos à Lei moral de Deus. A Lei moral de Deus está empregada em toda a Bíblia e por meio dela se conhece os limites e as obrigações humanas e compreende-se a justiça divina. Muitos pensam que por terem sido alcançados pela graça de Cristo estão desobrigados da Lei moral de Deus; ora, a salvação pode ser fruto da graça de Deus, mas a graça não me dá o direito de viver no pecado (Ef 2.8). Não considerar a Lei moral de Deus, a qual permeia toda a Escritura, é descer ladeira abaixo. É bailar com o diabo. É fazer do jeito que o ele gosta. Bailar como o diabo é achar que o Evangelho não contém nenhum tipo de exigência. É excluir do Evangelho toda sorte de solicitações imperativas. Não tem como os recursos de Cristo nos ser suficientes se não sentimos nenhuma necessidade de regular nossa vida pela Lei moral de Deus.
O grande negócio do diabo é a libertinagem. Sua meta é levar as Igrejas a excluírem a Lei moral de Deus. Sua estratégia é cochichar nos ouvidos da igreja lhe incentivando a abraçar tudo que há na cultura moderna. Seu propósito é levar a igreja a ficar encantada com a cultura decaída e libertina. O Evangelho que a sociedade quer é o “Evangelho libertino”. Sem regras. Sem limites. Sem a Lei moral de Deus.
Tratando-se de cultura, essas organizações religiosas acreditam que é “preciso encontrar pontos de convergência com a cultura atual para tornar o Evangelho relevante”. Que cegueira! Não existe e nunca vai existir pontos comuns entre o Evangelho verdadeiro e a cultura libertina. Querer encontrar pontos de interesse mútuo entre o Evangelho e a cultura é um oximoro. É impossível uma convivência pacífica do Evangelho e a cultura devassa (Mt 10.34; Jo 7.7; Tg 4.4).
Observe que, com o efeito da secularização, nestas Igrejas não se prega mais a mensagem genuína da cruz, arrependimento, mortificação da natureza caída; não se prega mais contra o pecado, apenas benção, prosperidade e muita lavagem cerebral. Para manipular pessoas, a ênfase agora é quantidade sem qualidade, e não conversão e novo nascimento (Ez 18.21; Mt 3.8; Jo 3.5-6).
Observe também que, conforme se renova as gerações e a iniquidade aumenta na face da terra, o povo de Deus parece mais determinado do que nunca a adotar as atitudes e padrões do mundo. A geração de crentes, hoje, está tão equivalente aos ímpios que está difícil distinguir entre eles e os próprios ímpios. Essas pessoas se dizem “crentes salvas”, mas encontram-se tão idênticas às pessoas do mundo que não há distinção entre elas. São crentes mundanos, artistas, os quais tem todas as características do mundo e relacionam-se com ele em acentuada sintonia como se ambos fossem iguais — e no final das contas, são, convenhamos: “Eles são mundanos; por isso falam como quem pertence ao mundo, e o mundo os compreende” (1Jo 4.5).
A Bíblia é explícita e coerente quando afirma de forma uníssona, do começo ao fim, que o cristão é muito diferente do ímpio, tanto em aparência quanto em caráter. Malaquias 3.18, a Palavra do Senhor expõe essa diferença e declara que já existe considerável diferença não só entre o justo e o ímpio, mas também entre o cristão que serve a Deus em santificação e o cristão falso que serve a Deus na carnalidade; e como apontado acima, vai haver outra diferença no dia do arrebatamento da igreja de Cristo, onde ocorrerá a grande separação entre o cristão verdadeiro e o falso: “Propôs-lhes outra parábola dizendo: O reino dos céus é semelhante ao homem que semeia a boa semente no seu campo; mas, dormindo os homens, veio o seu inimigo, e semeou joio no meio do trigo, e retirou-se. E, quando a erva cresceu e frutificou, apareceu também o joio. [...] E, Ele respondendo disse-lhes: O que semeia a boa semente, é o Filho do homem (JESUS), o campo é o mundo; e a boa semente são os filhos do reino (cristãos verdadeiros), e o joio são os filhos do maligno (cristãos falsos). O inimigo que semeou o joio é o diabo; a colheita é o fim do mundo; e os colhedores são os anjos. Assim como o joio (cristãos falsos) é colhido e queimado no fogo, assim será na consumação deste mundo. Mandará o Filho do homem os seus anjos, e eles colherão do seu reino tudo o que causa escândalo, e os que cometem iniquidade. E lançá-los-ão na fornalha de fogo; ali haverá pranto e ranger de dentes. Então os justos (cristãos verdadeiros) resplandecerão como o sol, no reino de seu Pai. Quem tem ouvidos para ouvir, ouça” (Mt 13.24-30, 36-43).
O diabo não implanta apenas o mundanismo nestas Igrejas como também semeia seus servos, os cristãos falsos, no meio dos crentes fiéis. Ele faz isso porque dispõe do mundanismo e seus adeptos para tentar perverter as Igrejas que zelam pela sã doutrina e pelo caminho estreito do Senhor (Mt 7.13-14).
O mundanismo é um problema para a Igreja. Em Tiago 4.4, a Bíblia adverte: “Adúlteros, vocês não sabem que a amizade com o mundo é inimizade contra Deus? Portanto, qualquer que quiser ser amigo do mundo tornou-se inimigo de Deus”.
Devido ao diabo usar as coisas do mundo contra Cristo e Sua igreja, é que somos advertidos que “a amizade com o mundo é inimizade contra Deus”. O mundo é dominado pelo pecado e impele seus movimentos, usos, ideologias, praticas, costumes, culturas, ideias e conceitos contra Deus e a igreja de Cristo. Neste contexto a inversão de valores impera e a zombaria reina, onde o errado tornou-se certo, e o certo tornou-se errado. A pessoa que presa em fazer o que é certo ou moralmente bom, é qualificada, muitas vezes, como atrasada, religiosa, bitolada, tradicional, conservadora e afins, pelo que está fadada a sofrimento, negação, injustiça e escarnio social (Jo 15.19).
“Dei-lhes a Tua Palavra, e o mundo os odiou, porque não são do mundo, assim como Eu (JESUS) não sou do mundo”. “O mundo não pode odiá-los, mas odeia a mim, pois Eu dou testemunho de que suas obras são más”. E “Aquele que odeia a mim, da mesma forma odeia a meu Pai” (Jo 17.14; 7.7; 15.23). Não existe comunhão entre o sistema mundano e Deus. O sistema mundano vale-se do pecado, e Deus não aceita e nem se envolve com o pecado. O pecado é uma afronta à Deus. Ainda que tudo esteja a mando e controle do Senhor, Ele é separado e não tem vínculo com o mundanismo devido sua essência ser regrada na imoralidade, na maldade e na injustiça. A Igreja deve despir-se de tudo isso, pois, aceitar o mundo ou os pecados que existem nele, é o mesmo que consentir, e consentir é o mesmo que praticar tais pecados juntos (cf. Rm 1.32; Lc 23.50-51).
Deus adverte em Rm 12.2 a reconhecer que o presente sistema mundano é mau (At 2.40; Gl 1.4), por estar sob o controle de satanás e a mercê do pecado (Jo 12.31; 1Jo 5.19), assim, o dever das Igrejas é fugir deles (Ap 18.2-4; Jr 51.45-49), resistindo às formas prevalecentes e populares do proceder deste mundo, e no lugar disso, proclamar as verdades eternas e os padrões justos da Palavra de Deus, por amor a Cristo e as almas perdidas (1Co 1.17-24).
“E não sejam conformados com este mundo, mas sejam transformados pela renovação do vosso entendimento, para que experimentem qual é a boa, agradável e perfeita vontade de Deus” (Rm 12.2). A cosmovisão cristã no que diz respeito a realidade do mundo, precisa ser plenamente transformada pela Palavra de Deus. As Igrejas devem condicionar a mente de seus fiéis à maneira de Deus pensar (1Co 2.16), mediante a sã doutrina da Palavra de Deus e a transformação do ESPÍRITO SANTO (2Co 3.18; Sl 119; Jo 8.31-32), posicionando-se contra tudo aquilo que é mau, não cedendo aos vários tipos de mundanismo que rodeiam a igreja de Cristo como: cobiça, vaidade, egoísmo, fama, oportunismo, disputas, soberba, inveja, divisões, ódio, vingança, impureza, linguagem imunda, diversões ímpias, vestes imodestas e provocantes, drogas, bebidas alcoólicas e companhias mundanas.
O próprio Senhor JESUS adverte que qualquer Igreja que tolera dentro de suas dependências as práticas iníquas deste mundo ou a distorção da verdade bíblica (Ap 2.20), será rejeitada por Ele e perderá seu lugar no reino de Deus (Ap 2.5,16; 3.15-16). À tal Igreja, o ESPÍRITO chama ao arrependimento sincero (Ap 3.3,19), à separação do mundo (2Co 6.16-18) e a aperfeiçoar a santificação no temor de Deus (2Co 7.1).
“A religião pura e imaculada para com Deus e Pai, é esta: Visitar os órfãos e as viúvas nas suas tribulações, e guardar-se da corrupção do mundo” (Tg 1.27).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Apesar do pecado, Deus não abandonou o mundo. Deus amou tanto a humanidade (Jo 3.16) que, apesar do pecado ter corrompido com toda a Sua criação, Ele proveu salvação. Deus disse que viria alguém que salvaria a humanidade dos seus pecados, restabeleceria novamente o relacionamento entre ser humano e Deus e prepararia um novo céu e uma nova Terra livre de pecado.
Deus não aceita o modo de viver mundano. O crente viver nos mesmos padrões do mundo é o mesmo que escolher voluntariamente condenar-se a si mesmo (1Jo 2.15-17). Ainda que viva na mesma sociedade com os ímpios, esteja sujeito aos mesmos desejos que eles por causa de sua carne, e exista a tendência em ser ou fazer o que eles fazem em decorrência de sua natureza caída, o cristão não deve ser igual ou praticar o que eles praticam. São duas classes de pessoas muito diferentes.
Por hora, o cristão reside em comunidade com os ímpios, mas precisa distinguir-se deles; o cristão convive com o mundo, todavia não concorda com ele. Por mais que esteja (por hora) vivendo nesta presente era, não pode jamais esquecer-se que seu lar não é aqui, e que somos apenas servos designados em uma missão especial em prol do Reino celestial: “Não são do mundo, assim como Eu não sou do mundo. Da mesma forma que tu me enviaste ao mundo, eu também os enviei ao mundo” (Jo 17.16, 18).
O cristão não faz mais parte deste mundo, aliás, foi desarraigado dele (arrancado pela raiz) pela morte do Senhor JESUS Cristo. Neste mundo, agora ele é forasteiro e peregrino (Hb 11.13; 1Pe 2.11). Não pertence ao mundo (Jo 15.19), não se conforma com o mundo (Rm 12.2), não ama o mundo (1Jo 2.15), morre para o mundo (Gl 6.14), é liberto do mundo (Cl 1.13; Gl 1.4), e vence o mundo: “Porque todo aquele que é nascido de Deus vence o mundo; e esta é a vitória que vence o mundo: a nossa fé” (1Jo 5.4).
Amar o mundo (1Jo 2.15) corrompe nossa comunhão com Deus e leva à destruição moral e espiritual. É impossível amar o mundo e ao Pai ao mesmo tempo (Mt 6.24; Lc 16.13; Tg 4.4). Amar o mundo significa estar em comunhão com ele e dedicar-se aos seus valores, interesses, caminhos e prazeres. Significa ter prazer e satisfação naquilo que ofende a Deus e se opõe a Ele.
O que predomina no sistema mundano é o pecado, e seu governante é o diabo. Com isso, não há a possibilidade de o cristão envolver-se com esse sistema ou ser condizente com ele; nem pode ser influenciado pelas pessoas ímpias que vivem nele, ao contrário, deve influencia-las a aceitarem Jesus como seu Salvador.
Por todo o Novo Testamento vê-se o exemplo da Igreja primitiva cumprindo a comissão do Senhor ao atuar no mundo sem fazer parte dele, esse princípio não muda para a Igreja atual. A Igreja primitiva não fazia parte do sistema do mundo, mas vivia no mundo (planeta) evangelizando as nações. Viver no mundo, ter contato com as pessoas, com os colegas de trabalho e de escola é uma coisa, agora, ter relacionamentos íntimos com eles é outra, visto que envolve comunhão de ideias e práticas. O relacionamento interpessoal entre ambos deve ocorrer para que o cristão mostre ao ímpio o caminho da salvação, mas não deve haver comunhão intima. Devemos ser sal e luz para eles (Mt 5.13-14), amá-los (Mc 12.31; Gl 5.14), e procurar ganhá-los para Cristo (Mc 16.15; Jd 22,23).
O sistema do mundo constitui-se inimigo do cristão por causa da Palavra de Deus (Jo 7.7), e com isso o odeia: “Meus irmãos, não estranhem se o mundo vos odeia” (1Jo 3.13). JESUS conscientizou o cristão verdadeiro de que sua vida não seria fácil nesse mundo: “...no mundo tereis aflições...”. Enquanto o crente aqui viver, da parte do mundo, terá tribulação (Jo 16.33), ódio (Jo 15.19), perseguição (Mt 5.10-12) e sofrimento em geral (Rm 8.22-23). “Porque é coisa agradável, que alguém, por causa da sua consciência para com Deus, sofra agravos, padecendo injustamente. Porque, que vantagem teria em ser esbofeteado e sofrer por ter cometido pecado? Mas, se fazendo o bem, vocês são afligidos e sofrem, isso é agradável a Deus. Porque vocês são chamados para isto; pois Cristo também padeceu por nós, deixando-nos o exemplo, para que possamos seguir Seus passos” (1Pe 2.19-21).
Apesar das dificuldades promovidas pelos demônios e pelo mundo, o cristão verdadeiro, “em Cristo Jesus”, é mais que vencedor; por isso, deve se alegrar no Senhor e regozijar-se muito quando toda a frente demoníaca e a esfera mundana lhe maltrata e lhe persegue por causa da justiça de Deus, isso quer dizer que sua vida está acordada com todos os princípios e padrões estabelecidos pelo Senhor: “Exultai e alegrai-vos, porque é grande o vosso galardão nos céus; porque perseguiram da mesma maneira os profetas que foram antes de vocês” (Mt 5.12). Agora, se o mundo o tem como uma pessoa normal, cuja convivência é baseada em sintonia, concordância e afeto não padecendo aflições, perseguições ou humilhações por causa do Evangelho, convido esse crente a sentir-se, no mínimo, preocupado(a) com isso: “Ai de vocês, quando todos falarem bem de vocês, porque seus antepassados também falavam bem dos falsos profetas” (Lc 6.26).
No mais, meus irmãos, “o mundo e seus maus desejos passam; mas aquele que faz a vontade de Deus, permanece para sempre” (1Jo 2.17). O mundo é temporário e será destruído por Deus (Dn 2.34-35, 44; 2Ts 1.7-10; 1Co 7.31; 2Pe 3.10). Ele será destruído junto com o pecado, com os pecadores, e com os demônios (Is 13.9-13; Jo 12.31; 16.11; Ap 20.7-15). Então Deus vai estabelecer um novo céu e uma nova terra para o crente fiel descansar e regozijar eternamente no Senhor (Is 65.17-19, 66.22; 2Pe 3.13; Ap 21.1,5).
“Filhinhos, vocês são de Deus e já venceram; porque maior é o que está em vocês (Espírito Santo) do que o que está no mundo (satanás). Eles são do mundo, por isso falam do mundo e o mundo os ouve. Nós somos de Deus; aquele que conhece a Deus nos ouve; aquele que não é de Deus não nos ouve. Nisto, nós conhecemos o espírito da verdade e o espírito do erro” (1 João 4.4-6).
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