Tatuagens à Luz da Ética Cristã

Ir. Eric Alexandre

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Atualmente, as tatuagens têm conquistado um espaço cada vez mais significativo na sociedade moderna. Nos últimos três anos, a prática de adornar o corpo por meio de tatuagens tem se tornado notavelmente popular e tudo indica que essa tendência chegou para ficar. Por conseguinte, as Igrejas estão recebendo um número crescente de visitantes e novos membros com tatuagens, muitas delas com significados tanto místicos quanto mundanos. Além do mais, diversas denominações evangélicas têm observado um aumento no interesse de seus fiéis em eternizar em sua pele versos bíblicos, palavras em hebraico ou uma imagem do Cavaleiro no Cavalo Branco descrito em Apocalipse 19, o que pode causar incomodo e escândalo entre os membros e gerar discórdias entre os irmãos.

Neste estudo, exploraremos a origem das tatuagens e os significados culturais, morais e espirituais que elas carregam. Analisaremos como a prática de tatuar o corpo evoluiu ao longo da história, bem como seu papel na sociedade contemporânea. Além disso, examinaremos a perspectiva cristã sobre marcações corporais, considerando passagens das Escrituras e suas implicações espirituais e éticas para os servos de Deus.

Origem: A tatuagem não é uma atividade cultural recente. Elas são uma das mais antigas formas de expressão humana. Evidências arqueológicas e antropológicas indicam que essa prática remonta a mais de 5.000 anos no antigo Egito, onde a pele era marcada como um símbolo de culto e veneração a divindades pagãs. No Egito, a prática da tatuagem era realizada com tinta obtida de vegetais, sendo aplicada sob a derme por meio de uma haste de osso que possuía uma ponta bastante afiada. Desde então, a tatuagem sempre carregou um significado religioso de alta relevância no Egito. Nesse período, essa civilização se destacava como a mais avançada de sua época e, devido ao contato contínuo com outras regiões através das rotas comerciais, sua arte espalhou-se por todo o mundo.

Os temas frequentemente estavam relacionados a rituais religiosos. Em diversas culturas, as marcações corporais eram vistas como uma forma de comunicação com os deuses ou como amuletos para proteção espiritual. Algumas sociedades acreditavam que as figuras permanentes no corpo ajudavam a garantir uma passagem segura para a vida após a morte.

Observa-se, a partir das primeiras evidências históricas, que as marcações corporais sempre tiveram uma ligação direta ou indireta com rituais e espiritualidade:

  •  Ötzi, o Homem do Gelo: O cadáver mumificado de Ötzi, datado de cerca de 3.300 a.C., exibe várias marcas tatuadas. Essas tatuagens eram localizadas em pontos específicos por todo o seu corpo.

  •  Antigo Egito: Artefatos e múmias egípcias, datados de 2.000 a.C., revelam que as tatuagens eram usadas principalmente por mulheres, sugerindo um papel ligado à fertilidade e espiritualidade.

  •  Culturas polinésias, africanas e indígenas: Nessas sociedades, as tatuagens eram marcadores de status, identidade tribal, conquistas, proteção espiritual ou rituais de passagem. Entre os povos do Egito Antigo e da Polinésia, acredita-se que as marcações corporais ajudavam os mortos a serem reconhecidos por seus ancestrais ou guiados por espíritos no submundo.

  •  No Japão, a tatuagem (Irezumi) foi desenvolvida como uma arte altamente detalhada, sendo usada tanto como forma de punição quanto de expressão artística e espiritual.

  •  Na Europa, os Celtas e outros povos antigos usavam tatuagens como símbolos de pertencimento tribal e uma suposta proteção divina em batalha.

A EVOLUÇÃO MODERNA DA PRÁTICA

A prática das marcações corporais evoluiu de rituais tradicionais para uma forma global de arte corporal, com significados que variam entre o individualismo e a adesão a movimentos culturais. Nas últimas décadas, as marcações corporais transcenderam barreiras sociais, tornando-se cada vez mais integradas à sociedade contemporânea como uma forma de expressão pessoal, arte e moda. Atualmente, as motivações que levam os indivíduos a se tatuarem são tão diversas quanto as próprias tatuagens.

Hoje em dia, as tatuagens constituem um meio de manifestar aspectos únicos da identidade de seus portadores, como gostos, valores ou experiências pessoais. O fato é que essas marcas corporais revelam significados psicológicos associados às áreas do corpo escolhidas para a tatuagem e à simbologia que elas carregam, repletas de significados. Por exemplo, uma borboleta pode simbolizar liberdade, transformação ou metamorfose, além de poder ter um significado particular para o portador. O ponto e vírgula é frequentemente interpretado como um símbolo de amor e esperança para aqueles que enfrentam tendências depressivas e suicidas.

Comumente, os indivíduos que optam por se tatuar buscam sentir-se significantes no mundo ao seu redor. Essa prática pode servir como uma estratégia de defesa, um meio de pertencer a um grupo social ou uma maneira de reafirmar suas opiniões sobre determinado assunto ou pessoa. Em última análise, há o desejo intrínseco de atrair atenção para si mesmos. Além disso, algumas pessoas recorrem às tatuagens em momentos de muita angústia e sofrimento pessoal.

Na modernidade, as marcações corporais estão fortemente associadas a fatores psicológicos, configurando-se como um refúgio inconsciente para aqueles que as ostentam. Certas tatuagens se destacam pela sua aparência, enquanto outras suscitam reflexões e possuem significados antiéticos ou provocativos; isso é precisamente o que indivíduos com vieses vaidosos buscam. Eles desejam aceitação e reconhecimento social, anseiam por se diferenciar e expor suas crenças. Assim, alguns extrapolam e tatuam desde caveiras a ratos e baratas. Essas pessoas buscam desenhos diferentes e inusitados para se sobressaírem; quando uma determinada tatuagem deixa de ser novidade, existe a tendência inconsciente de buscar mais atenção por meio de uma nova marcação, o que frequentemente resulta em cobrir uma parte significativa do corpo ou até mesmo o corpo inteiro.

Arrependimento: As tatuagens, com o tempo, tornam-se fontes de arrependimento para muitas pessoas. Diversos fatores contribuem para esse sentimento e levam indivíduos a optarem pela remoção dos desenhos corporais.

O mercado voltado à remoção de tatuagens tem apresentado um crescimento notável nos últimos anos, impulsionado pelo aumento do número de pessoas interessadas em eliminar suas marcas. Nos Estados Unidos, uma pesquisa realizada pelo instituto IBISWorld revelou que a receita proveniente da remoção de tatuagens cresceu 440% na última década. No Brasil, a rede Pró-Corpo estima que a demanda pelo tratamento aumentou em 40% entre o primeiro semestre de 2014 e o primeiro semestre de 2015. Um levantamento da Preply apontou que o Brasil ocupa a segunda posição mundial em termos de demanda anual por remoção de tatuagens e prevê um crescimento de 8,5% nos próximos cinco anos conforme pesquisa realizada pela Mordor Intelligence. Essa pesquisa coletou dados referentes ao período entre 2018 e 2022 e elaborou previsões para os anos de 2023 a 2028.

A CONEXÃO ESPIRITUAL E RITUALÍSTICA DAS TATUAGENS

Os humanos são seres tricótomos, ou seja, são constituídos por um corpo, uma alma e um espírito. A área espiritual do ser humano foi criada “exclusivamente” para se conectar com Deus e, então, adorá-lo em espirito e em verdade (Jo 4.23-24). Trata-se de uma área religiosa que, quando não preenchida pela presença divina, o ser humano tende a adorar, idolatrar e a realizar diversas outras ações na tentativa de satisfazer essa necessidade através de objetos, experiências, pessoas, entre muitas outras possibilidades. Nesse contexto, as tatuagens sempre encontraram uma conexão profunda com a espiritualidade humana, e igualmente servem como instrumentos de expressão de crenças, marcas para o além, consagração espiritual, rituais de passagem ou invocação da proteção de deuses ou espíritos.

A prática espiritual e ritualística das tatuagens possui raízes profundas na história da humanidade em sua condição decaída, revelando-se como uma manifestação cultural que ultrapassa barreiras geográficas e épocas históricas. Em muitas culturas, elas são vistas como uma ponte entre o mundo físico e o espiritual, e são frequentemente usadas para simbolizar a relação entre o indivíduo, a comunidade e forças divinas ou espirituais como uma forma de agradar ou invocar a proteção de deuses ou espíritos. Por exemplo, no Antigo Egito, tatuagens encontradas em múmias femininas indicam possíveis conexões com a deusa da fertilidade e proteção, Hathor.

Outras culturas acreditavam que as tatuagens funcionavam como amuletos protetores, afastando espíritos malignos ou infortúnios. Os samoanos, por exemplo, usavam tatuagens para proteger o portador em batalhas. Por sua vez, no Sudeste Asiático, em especial na Tailândia, as tatuagens Sak Yant são aplicadas por monges ou mestres espirituais e carregam uma espécie de bênçãos para proteção, força e boa sorte.

Em vários países, as tatuagens são usadas como parte de rituais de consagração, marcando o portador como devoto de um deus ou espírito. No Japão, as figuras corporais são associadas à devoção budista, com monges tatuando símbolos como o Enso (círculo zen) para simbolizar iluminação.

Preparação Ritualística: O ato de tatuar frequentemente envolvia jejuns, orações e purificações para preparar o indivíduo. Em localidades como a polinésia, o tatuador é considerado uma figura espiritual, quase sacerdotal, que seguia protocolos sagrados antes de iniciar o trabalho. As ferramentas usadas para tatuar eram tratadas com reverência. Por exemplo, instrumentos feitos de ossos e madeira eram consagrados antes do uso.

Significados dos Símbolos: Cada símbolo tem um significado profundo, variando de proteção, força e cura até identidade cultural e conexão divina. Os desenhos geométricos dos maori, conhecidos como moko, eram vistos como manifestações da alma e história do portador. Na Tailândia, os símbolos Sak Yant carregam escrituras sagradas que combinam elementos budistas e hinduístas.

Sincretismo Moderno: Embora muitas práticas espirituais e rituais antigas tenham desaparecido, algumas permanecem vivas ou foram adaptadas as práticas modernas. Na Polinésia e entre os povos indígenas da América do Norte, há um renascimento do uso de tatuagens como forma de reconectar-se às raízes culturais e espirituais. Muitas pessoas hoje buscam tatuagens inspiradas em símbolos espirituais antigos, como mandalas, hamsás e cruzes celtas, para expressar espiritualidade e busca de proteção.

A prática espiritual e ritualística das tatuagens é uma das mais profundas expressões da humanidade, entrelaçando o corpo, a mente e o espírito. Ela não apenas marca o corpo, mas também carrega significados que atravessam gerações e culturas, conectando as pessoas a algo maior do que elas mesmas. As tatuagens, em seu contexto ritualístico, representam um poderoso lembrete da busca humana por identidade, transcendência e pertencimento.

O PRINCÍPIO BÍBLICO DA SANTIFICAÇÃO

Deus, ao longo de toda história, tem alertado Seu povo sobre a importância de se separar das práticas ímpias dos povos deste mundo decaído. Ele sempre se preocupou em garantir uma distinção clara entre o modo de viver do povo que faz parte do reino de Deus e aquele que pertence ao reino do mundo. Inclusive, esse princípio é amplamente evidenciado em toda a Bíblia, tanto para o povo de Israel no Antigo Testamento (Js 23.12-16; Êx 34.14-16; Dt 7.1-3; Ed 9.1-2, 11-12; Ne 13.23-27) quanto para a Igreja de Cristo no Novo Testamento (At 2.40; 2Co 6.14-18; 1Pe 1.15-16; Ap 18.4).

No Antigo Testamento, o livro de Levítico é situado no mesmo contexto histórico que Êxodo, com o povo de Deus congregado ao redor do monte Sinai para receber as orientações do Senhor por intermédio de Moisés (Lv 7.37-38; 26.46; 27.34). Um dos propósitos de Levítico era auxiliar os israelitas a entenderem o que significava ser o povo do Senhor e a mudar sua percepção do mundo após a escravidão no Egito. Essa mudança envolvia a conscientização da importância de serem uma nação santa ao Senhor.

A ênfase na santidade de Israel, em função de sua pertencente ao Senhor, é reiterada em várias passagens do livro de Levítico (11.45; 19.2; 20.26). A comunhão desejada entre Deus e Seu povo estava condicionada à compreensão do conceito de santidade que foi transmitido por Deus aos israelitas no Sinai. Era o Senhor quem definiria o significado de ser santo, não as culturas ao redor ou mesmo concepções pessoais que pudessem emergir na mente de um hebreu. Levítico 19 apresenta uma série de mandamentos fundamentados no versículo 2: “Sejam santos, pois Eu, o Senhor, seu Deus, Sou Santo”. A santidade de Deus constitui a base para as instruções contidas neste capítulo.

As expressões “Eu sou Senhor” ou “Eu sou o Senhor, seu Deus” se repetem e funcionam como marcadores das seções de Levítico 19. As leis estabelecidas neste capítulo visam manifestar a santidade ou prevenir o seu oposto, a saber, impureza e profanação. As proibições contidas nos versículos 26-28 estão conectadas a rituais praticados pelos povos vizinhos de Israel, dos quais esta nação deveria abster-se para manter sua identidade singular como povo de Deus. Uma das características da santidade era precisamente essa separação de Israel como uma nação destinada exclusivamente ao serviço do Senhor, afastando-se da adoração de outros deuses. Tal postura implicava evitar práticas e cerimônias entre os povos circunvizinhos que estavam ligadas à veneração de falsas divindades: “Não adorem o Senhor, seu Deus, da forma como outras nações adoram os deuses delas, pois realizam para eles todo tipo de atos detestáveis que o Senhor odeia. Chegam até a queimar seus filhos e filhas como sacrifícios a seus deuses” (Dt 12.31). Era fundamental que Deus mantivesse Israel apartado das práticas impuras das demais nações para preservar a integridade do povo eleito. Em um mundo corrompido pelo pecado, essa separação era necessária a fim de assegurar que Israel fosse uma testemunha viva da redenção e transformação que somente Deus poderia proporcionar ao mundo.

Outra característica da santidade é a integridade. Em Levítico, enfatiza-se repetidamente a perfeição física exigida dos elementos apresentados no santuário assim como das pessoas que se aproximavam dele. Os animais destinados ao sacrifício não podiam apresentar defeitos (Lv 1.3; 22.21,22), as mulheres necessitavam passar por purificação após o parto (Lv 12.1-4), enquanto os leprosos deveriam ser excluídos do acampamento; caso fossem curados, precisariam submeter-se a um ritual de purificação antes de se aproximarem do Tabernáculo (Lv 13.15-17,45-46).

Essa concepção de santidade enquanto completude ou integridade também pode ser observada nas exigências impostas aos sacerdotes que atuariam no Lugar Santo do Tabernáculo e se apresentariam diante de Deus.

Era responsabilidade de Israel, portanto, ser uma nação santa e separada (Lv 20.26) e abster-se das práticas pagãs das nações vizinhas, pelo que Deus estabeleceu leis que promoviam pureza espiritual e física, como em Levítico 19, para diferenciar Seu povo. Inclusive, dentre essas normas, encontrava-se a ordenança: “Não façam cortes em seus corpos por causa dos mortos...” (Lv 19.28a). Há uma proibição para não fazer “cortes no corpo”. O substantivo utilizado para descrever esses "cortes" refere-se a "lacerações ou cortes" em uma prática ritual fúnebre. Provavelmente, “fazer cortes” era parte de uma cerimônia associada à morte de uma pessoa. Os mandamentos que proíbem tais práticas, tanto em Levítico 21.5 quanto em 19.28, estão conectados ao luto por alguém (cf. 21.1-4 e 19.28a).

A realização de cortes durante rituais como forma de expressar luto ou atrair a atenção de uma divindade era uma prática comum no antigo Oriente Próximo. Este comportamento também fora observado entre os profetas de Baal: "eles clamavam com grandes vozes e se retalhavam com facas e lancetas, conforme o seu costume, até derramarem sangue sobre si” (1Rs 18.28). Os profetas realizavam esses cortes em uma tentativa desesperada de chamar a atenção de Baal.

Entretanto, ao contrário das divindades do antigo Oriente Próximo, o Deus de Israel demonstra bondade e compaixão por Seu povo (Êx 34.6-7), além de estar atento às necessidades e aos sofrimentos da nação (cf. Êx 2.23-24; 3.6-8). Apesar de Sua bondade e misericórdia, Deus é Santo, o que implica em não tolerar o pecado ou qualquer prática pagã e idólatra da humanidade decaída. Por ser Santo, Deus espera que Seu povo seja santo, sendo essa santidade caracterizada por perfeição e integridade; assim, o corpo — como obra bela e perfeita do Criador — não deveria ser mutilado ou ferido, mas sim preservado em sua totalidade. Ferir o corpo significava romper os limites da santidade divina em Levítico.

Outros versículos referentes a incisões na pele no Antigo Testamento:

  • Lv 21.5 “Os sacerdotes [...] não devem fazer incisões em sua carne.”

  • Dt 14.1: “Vocês são filhos do Senhor, seu Deus. Não façam incisões em seus corpos...”

Na segunda parte de Levítico 19.28 está escrito: “Não façam [...] tatuagem em si mesmos. Eu sou o Senhor”. Esse trecho apresenta uma expressão composta por um substantivo relacionado ao verbo “tatuar” ou “marcar” (daí a interpretação como “inscrição” ou “marca”) e outro que indica uma “ornamentação” na pele, utilizada para afastar espíritos dos mortos ou para sinalizar um compromisso com alguma divindade. A lei israelita proibia essa prática, pois envolve uma alteração autoimposta da criação de Deus, diferentemente da circuncisão, que era comandada por Deus.

Assim como as tatuagens contemporâneas, as antigas também envolviam a realização de furos na pele e a inserção de pigmentos. Na época marcar a pele ou pintar o corpo estava associada a rituais religiosos, simbolizando que o indivíduo era devoto de uma divindade em particular e poderia lhe prestar culto. Em função disso, Deus instituiu normativas ao povo de Israel em um contexto no qual buscava diferenciar os costumes de Seu povo das práticas pagãs. Marcas no corpo, incluindo cortes e tatuagens, eram associadas a rituais de luto ou idolatria em culturas vizinhas, o que Deus proibiu para distinguir e preservar a pureza e a santidade dos seus servos.

As proibições em questão não eram meramente estéticas, mas abrangiam aspectos morais e espirituais, uma vez que conduziam as pessoas à idolatria e à contaminação. Dessa forma, buscavam prevenir ações que desonrassem o nome de Deus ou que implicassem em sincretismo religioso. A separação de Israel dos povos pagãos era fundamental para manter sua identidade como nação santa (Êx 19.6). Tatuagens e cortes sempre estiveram ligados a crenças e práticas religiosas estrangeiras que contrariavam a adoração a Yahweh.

A proibição de fazer tatuagens, em Levítico 19.28b, lembrava Israel de que Deus estava constantemente presente e interessado por seu povo. Também era uma indicação de sua distinção em relação às divindades de Canaã. Como povo que servia a um Deus incomparável, Israel deveria encontrar sua identidade nas marcas que o Senhor havia estabelecido por meio de Moisés, não nas tatuagens comuns na adoração a deuses que nada eram.

O Senhor é o mesmo ontem, hoje e eternamente (Hb 13.8), Ele não muda (Ml 3.6; Tg 1.17). No Novo Testamento, o princípio da santificação é ampliado para a Igreja de Cristo. Os cristãos são chamados a não se conformarem aos padrões deste mundo, mas a serem transformados pela renovação do entendimento (Rm 12.2). Em 2 Coríntios 6.17-18, Deus ordena: "Saí do meio deles e apartai-vos, diz o Senhor", enfatizando a necessidade de separação espiritual e moral do sistema corrupto que governa este mundo. Por meio da santificação, o povo de Deus é capacitado a ser uma referência moral e ser luz em um mundo de travas, demonstrando o caráter de Cristo em um ambiente muitas vezes hostil à verdade bíblica.

VALORES CRISTÃOS E AS TATUAGENS

Há quem defenda que não há problema para um crente utilizar tatuagens nos dias atuais, argumentando que a proibição contida no Antigo Testamento (Lv 19.28) foi aplicável apenas àquele contexto histórico, uma vez que se tratava de uma prática associada ao paganismo. Argumentam que foi por causa do paganismo que o Senhor percebeu a necessidade de estabelecer diversos preceitos com o objetivo de evitar que os judeus seguissem as práticas dos pagãos. Insistem ainda que tais circunstâncias já não estão mais presentes e, por conseguinte, a tatuagem pode ser considerada aceitável para o crente contemporâneo dependendo de seu significado. Em linhas gerais, essa é a perspectiva predominante no meio religioso em defesa da utilização de tatuagens.

Para uma parcela significativa dos evangélicos, a tatuagem é vista apenas como um aspecto cultural. Entretanto, "o Evangelho não pode ser considerado um mero convidado na cultura; ele atua sempre como seu juiz e redentor." Ele nunca se moldará a cultura secular, mas esta deveria se ajustar a ele; porém, como se vê nas Escrituras, isso não acontecerá (1Jo 2.15-17; Tg 4.4). Conforme J.R. Stott, "nós nos distinguimos de tudo aquilo que não pertence ao cristianismo e essa contra-cultura cristã representa a vivência do Reino de Deus". A prática da tatuagem sempre esteve associada à cultura secular, à vaidade, ao mundo das magias e do esoterismo. Na modernidade, a ligação com o paganismo de épocas passadas foi sutilmente substituída pela conexão com o neo-paganismo prevalente em nossos dias. Isso se deve ao fato de que a tatuagem permanece sendo muito mais do que uma simples marca corporal; constitui uma forma de expressão de espiritualidade e pertencimento.

Em nenhum trecho da Bíblia, Deus pede que Seu povo O glorifique ou O represente por meio de marcas permanentes em seus corpos; ao contrário, Ele requer que ofereçamos nossos corpos como um sacrifício vivo, santo e consagrado a Ele: “Não sabem que vocês são o templo de Deus e que o Espírito de Deus habita em vocês? Se alguém destruir o templo de Deus, Deus o destruirá, pois o templo de Deus, que são vocês, é santo” (1Co 3.16-17). Deus é Santo, e os corpos de seus filhos devem igualmente ser santos, o que nos remete novamente ao princípio bíblico da santificação. Note a ênfase presente ao final do versículo acima destacando tanto a santidade quanto o cuidado necessário com o corpo, não apenas como uma entidade física, mas também como uma habitação espiritual para Deus.

Nossos corpos precisam se manter moral e espiritualmente puros e preservados para o Senhor. A analogia do 'templo' relembra o significado atribuído ao templo no Antigo Testamento: um local sagrado reservado exclusivamente para a presença de Deus. Assim, o cristão é chamado a refletir essa santidade, vivendo de forma que o corpo sirva como um testemunho vivo da glória de Deus no mundo.

O cristão é o templo de Deus, o que significa que Deus escolheu morar dentro de Seu povo por meio do Espírito Santo. Essa realidade demonstra o profundo amor e a graça de Yahweh, tornando os remidos um santuário vivo, separado para Sua glória. Essa presença concede poder para viver em santidade, consagração e comunhão com Deus. É o Espírito Santo que guia, conforta, ensina e capacita o cristão a refletir o caráter de Cristo no mundo (Jo 14.26; At 1.8). Essa honra de ser morada de Deus também exige responsabilidade, como, pois, poderíamos manchar nossos corpos com inconveniências ou nos envolver em práticas pagãs e seculares?

O Espírito habitar no cristão é o cumprimento da promessa de Jesus encontrada em João 14.16-17, na qual Ele assegura a vinda do Consolador, o Espírito da Verdade. Essa presença é o que vai levar cada redimido ao encontro do Senhor nas nuvens; ou seja, é o Consolador Divino que conduzirá a Igreja ao encontro de Cristo durante o arrebatamento (Mt 25.1-13; Ef 1.13-14; Rm 8.11). Assim, se não tivermos em nossos templos a presença de Deus, em virtude de não mantermos consagrado e santificado esse espaço ao Senhor, como poderemos ascender junto à Igreja?

O nosso corpo não nos pertence mais, mas sim Àquele que nos comprou por um altíssimo preço (1Co 6.20). Esse custo foi, na verdade, pago com o sangue do próprio Deus. Por essa razão, os crentes não podem fazer o que quiserem com seus corpos. Estes devem ser preservados em santidade para que Deus possa habitar neles. A presença divina nos corpos dos crentes, através do Espírito Santo, transforma-os em membros vivos da Igreja, que é o corpo de Cristo. Essa união espiritual confere a cada cristão um papel único e indispensável, colaborando para o cumprimento do propósito de Deus na terra. Em 1 Coríntios 12.27, Paulo declara: “Ora, vocês são o corpo de Cristo, e cada um de vocês é membro desse corpo.”

O corpo dos salvos é o templo onde o Espírito Santo habita e foi concedido por Deus. Enquanto no Antigo Testamento Deus residia no tabernáculo — um espaço construído com minúcia e extrema santidade, e o único local onde o povo conseguia ter acesso a Ele —, hoje os membros da Igreja de Cristo tornaram-se esse templo, e Seu Espírito passou a morar dentro deles. Isso já seria razão suficiente para refletirmos sobre o estilo de vida que temos adotado; afinal, não é apropriado expor nossos corpos a coisas que desagradam a Deus ou que sejam inconvenientes à crentes salvos, especialmente quando se trata de pecados, os quais Ele tanto abomina: “porque Deus não nos chamou para a imundícia, mas para a santificação” (1Ts 4.7).

De que maneira você tem usado seu corpo? O que a sua aparência comunica às demais pessoas? Seu modo de viver, suas ações, posturas, fala e vestimentas são condizentes com alguém que foi comprado por um alto preço e se tornou templo de Deus e membro do corpo de Cristo? Você ainda vive como se seu corpo ainda lhe pertencesse? Os servos do Senhor devem manter seus corpos santificados e entregar-se sem reservas ao Santo Espírito para que Ele os transforme em um sacrifício vivo, santo e aceitável diante de Deus (Rm 12.1).

TATUAGENS NÃO CONVÊM A CRISTÃOS

Inúmeras pessoas optam por fazer tatuagens motivadas pelo pecado da vaidade. Por conta de fatores como a vaidade e a sensualidade, uma das marcas distintivas da contemporaneidade é a exposição e o culto ao corpo. Este se converte em um corpo-mensagem, que cada vez menos passa despercebido, apresentando-se como um meio de comunicação e expressão, pelo qual o sujeito exterioriza seus afetos e interesses, e, como resultado, há uma incessante busca por adorná-lo ou até mesmo modificar suas características naturais.

O ato de olhar e a provocação para ser olhado são características de uma estética e espetáculo que fazem parte do culto ao corpo intensamente presente em nossa sociedade. Essa dinâmica — olhar e ser olhado — caracteriza a estetização e espetacularização do corpo, convertendo-o em uma mercadoria valiosa que deve ser cuidada para manter-se jovem, saudável e continuamente capaz de proporcionar prazer. Há uma exacerbação desse culto, uma vez que a imagem corporal impacta o sentimento de pertencimento social. Existem padrões a serem valorizados; assim, surgem anseios de alcançar e se incluir nesses padrões. A aparência do corpo tornou-se central às noções de autoidentidade.

Essa lógica subjetiva que estabelece “o ver e o ser visto” como um imperativo social leva as próprias pessoas a se apresentarem como outdoors ambulantes, onde vestimentas e corpos delineados refletem padrões ditados pelo mercado e pela mídia, resultando na banalização da identidade e naturalidade. Isso implica que os sujeitos percebem seus corpos como veículos para serem parecidos com matéria plástica. Essa realidade é descrita por Vladimir Safatle (2004) como corpo reconfigurável. Assim, até mesmo dentro do meio evangélico, parece que a aceitação social está assegurada pela plasticidade e pela constante reconfiguração do corpo para atender às exigências da sociedade secular, que enfatizam essa performance ao mesmo tempo que excluem aqueles que não aderem a ela.

Nesse cenário, as reconfigurações corporais provenientes de tatuagens transformam a estética natural do corpo ao introduzir desenhos quase permanentes na pele, alterando sua aparência original. Elas frequentemente representam um afastamento da simplicidade natural em favor de expressões artísticas ou simbólicas pessoais. Por serem quase irreversíveis, essas modificações tornam-se uma distorção da criação natural de Yahweh.

Deus criou nossos corpos físicos de maneira admirável e em conformidade com Sua soberana vontade. A configuração original do corpo reflete sua condição natural, a qual é apreciada por Deus; afinal, foi Ele quem o projetou dessa maneira. Em contrapartida, as tatuagens e cirurgias estéticas alteram as características inatas do corpo, revelando a insatisfação da pessoa que se submete a tais procedimentos como se não fosse satisfatória a forma com que Deus criou seus corpos. Ainda que o intuito inicial não seja modificar as características naturais do corpo, as tatuagens, por serem quase permanentes, transformam e desfiguram sua aparência e seu estado original, o que não convêm a servos de Deus, já que implica uma modificação autoimposta da obra divina.

Infelizmente, os filhos de Deus habitam um mundo caído em que a subjetividade contemporânea sustenta o paradoxo de um autocentramento voltado à exterioridade, onde a dimensão estética, mediada pelo olhar do outro, ganha destaque. É neste contexto que a tatuagem, juntamente com outras práticas de modificação corporal, tem se tornado presença marcante. Trata-se da aceitação social em detrimento a aceitação divina. A pele converteu-se em uma tela para a projeção de desenhos, cores e ilustrações. Tanto a carne quanto a pele funcionam como vitrine e meio de divulgação da própria imagem. Esses dois elementos tornaram-se ídolos em uma sociedade caída que se apoia na aparência, na vaidade, na sensualidade e na ostentação.

Além disso, tatuagens ainda são mal vistas na sociedade em geral. Historicamente, grupos como prostitutas, marginalizados e criminosos estiveram intimamente relacionados à prática da tatuagem. Essa associação gerou contextos sociais e culturais que caracterizaram essas marcas corporais como estigmas, visto que passaram a ser entendidas como evidências ou sinais físicos cuja interpretação provoca um efeito de descrédito sobre quem as portam. Apesar de ocorrer em menor grau, ainda é possível encontrar essa vinculação — em muitos países, tatuagens expostas geralmente podem resultar em prisões e, quando se trata de um viajante, às vezes deportação.

Inicialmente restrita a determinados grupos, a prática da tatuagem foi posteriormente adotada por outras categorias sociais. Nas décadas de 1950 e 1960 do século XX, além de sua utilização por gangues, passou também a ser considerada um símbolo de movimentos contraculturais, como os roqueiros, motoqueiros, hippies e punks. Assim sendo, a tatuagem deixou de estar exclusivamente associada à marginalidade ou a certos estratos econômicos e passou a se relacionar com propostas políticas, éticas e estéticas que desafiam as normas sociais. Seu uso tornou-se uma manifestação pública de ruptura com as regras vigentes, estabelecendo-se muitas vezes como símbolos expressivos de rebeldia.

As tatuagens frequentemente prejudicam a reputação e a imagem que os fiéis têm perante a sociedade. É inegável que a nossa aparência pessoal influencia a percepção alheia sobre nós. Ela serve como um reflexo de nossa personalidade, especialidades e até mesmo crenças. A atenção de Deus em relação à nossa conduta e à forma como somos percebidos pelos outros é claramente evidenciada nas Escrituras: “Mantenham exemplar o seu procedimento entre os gentios. Assim resplandeça a vossa luz diante dos homens” (1Pe 2.12; Mt 5.16). O testemunho cristão transcende os limites da Igreja, manifestando-se através de ações, aparência e comportamento diante de toda a sociedade. A nossa imagem pessoal é aquilo que as pessoas notam quando estamos nos mais diferentes ambientes ou caminhando pelas ruas.

“Mas Deus não olha a aparência, Ele só quer o coração”. Essa afirmação de que o Senhor desconsidera a aparência física olhando apenas para o seu coração, é errada e possui até conotações diabólica. Quando a Santa Escritura declara que “o Senhor vê o coração” (1 Sm 16.7), não está insinuando que Ele se atenha unicamente ao interior do ser humano. Na verdade, essa expressão sugere que, uma vez que um crente possui um coração verdadeiramente convertido e aceitável para Yahweh, espera-se que ele se comporte e se vista com decência e de modo irrepreensível; essa é a expectativa que o Senhor tem em relação a nós. A decência e a pureza de um coração santo são as razões que levarão a uma aparência física igualmente irrepreensível, por refletir as virtudes interiores.

Não é possível que um cristão genuíno viva de forma a contrariar essa realidade: “E que o próprio Deus de paz os santifique em tudo; e que o espírito, a alma e o corpo de vocês sejam plenamente conservados irrepreensíveis para a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo” (1Ts 5.23; cf. 1Co 6.20; 2Co 7.1). Deus não se mostra indiferente à nossa aparência exterior, pois corpo, alma e espirito interagem e se completam mutuamente. Mas também não adianta possuir apenas uma aparência física irrepreensível se, em nosso interior, reside um coração perverso (Jr 17.9; Mc 7.21-23).

Portanto, os filhos de Deus devem se distinguir tanto fisicamente quanto moralmente em relação às pessoas descrentes que habitam este mundo caído. As Escrituras expõem de forma clara e consistente, do início ao fim, que o povo de Deus se distingue significativamente do povo do mundo, tanto em sua aparência quanto em suas condutas e, sobretudo, em seu caráter. Em Malaquias 3.18, a Palavra do Senhor revela essa distinção e assegura que já existe uma diferença considerável não apenas entre o justo e o ímpio, mas também entre o cristão que serve a Deus em santificação e o falso crente que O cultua na carnalidade. Além disso, haverá uma outra diferenciação no dia do arrebatamento da Igreja de Cristo, ocasião em que acontecerá a grande separação entre o verdadeiro cristão e o crente falso (Mt 13.24-30, 36-43).

Dessa forma, os filhos de Deus não devem se adaptar aos padrões mundanos que conflitam com os princípios bíblicos ou que não são convenientes à crentes salvos. A prática da tatuagem, que possui raízes no paganismo e na espiritualidade, além de ser associada à vaidade e a conotações negativas na sociedade em geral, como pode ser considerada apropriada para cristãos que têm o dever de serem irrepreensíveis neste mundo decaído? Considerando um Deus Santo, que rejeita o secularismo e o paganismo, e que sempre diferenciou o estilo de vida do Seu povo em relação aos ímpios, como poderia Ele se agradar ao observar seus fiéis agindo como as pessoas incrédulas deste mundo?

Mesmo que algo não esteja claramente documentado nas Escrituras Sagradas, se suas práticas estiverem em desacordo com algum princípio ou mandamento bíblico, ou ainda se levarem ao pecado, devem ser imediatamente rejeitados pelos redimidos. Este princípio refere-se ao fato de “algo ser lícito, mas inconveniente” (1Co 6.12). Existem muitas situações que, embora não sejam pecaminosas por si mesmas, servem apenas como pontes que conduzem ao pecado ou provocam escândalos para os mais fracos (1Co 8.9-13).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

À luz dos aspectos observados, chega-se à conclusão de que a tatuagem é muito mais do que uma marca corporal; é uma forma de expressão que atravessa culturas, história e psicologia humana. De sua origem como prática espiritual e ritualística até sua ascensão como arte contemporânea, a tatuagem continua sendo um testemunho de religiosidade.

As tatuagens sempre estiveram associadas, de maneira direta ou indireta, a cultura secular, vaidade, rituais e espiritualidade. No contexto dos fiéis, essa relação não é diferente; a aspiração ou desejo de se tatuar qualquer versículo ou imagem bíblica também remete à espiritualidade. Contudo, Deus nunca sugeriu que marcássemos nossos corpos com qualquer tipo de figura, como faziam os antigos povos mencionados em Levítico 19 e como ocorre na sociedade secular contemporânea. É evidente que essa prática sempre esteve inserida no meio secular e pagão, razão pela qual ela não é apropriada para os filhos de Deus.

O corpo — como obra bela e perfeita do Criador — não deve ser mutilado, alterado por motivações vaidosas ou adornado com figuras permanentes, mas deve ser oferecido como um sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o nosso culto racional (Rm 12.1). A decisão de tatuar o corpo não é baseada na racionalidade, mas sim em questões pessoais ou espirituais; tal prática era comum entre os idolatras do Antigo Testamento e entre descrentes da modernidade, podendo facilmente gerar escândalo na Igreja e prejudicar a imagem pessoal que os servos de Deus transmitem. De fato, muitos membros da sociedade manifestam desconfiança e receio em relação a indivíduos tatuados, afinal, as pessoas que usavam tatuagem geralmente eram marinheiras, criminosos, integrantes de seitas estranhas, roqueiros e indivíduos considerados problemáticos.

Um verdadeiro servo de Deus é identificado e distinguido tanto por sua aparência externa quanto por seu caráter moral e sua espiritualidade, visto que ele representa biblicamente o sal da terra e a luz do mundo.

Para os irmãos que vieram a Cristo já tendo tatuagens, não existe qualquer objeção bíblica, considerando que antes de sua conversão ao Senhor, a pessoa é uma criatura; entretanto, ao se converter, ela torna-se uma “nova criatura e as ações cometidas em sua antiga natureza (carne) já passaram e eis que tudo se fez novo” (2Co 5.15-17;). “Portanto, agora não há condenação para aqueles que estão em Cristo Jesus, que não andam segundo a carne, mas segundo o espírito” (Rm 8.1). Na ressurreição, Deus concederá a esses irmãos um novo corpo isento de quaisquer marcas, uma vez que estas não fazem parte da criação e do propósito divino.