Carne — A Natureza Pecaminosa

Ir. Eric Alexandre

Derivado do termo grego “sarx”, a expressão “carne” empregada na Bíblia e abordada neste estudo não se refere literalmente ao corpo físico, mas sim à natureza pecaminosa que habita sem exceção dentro de cada pessoa. Na Bíblia a palavra carne (gr. sarx) é utilizada para descrever a natureza adâmica, a qual é proveniente da “...desobediência de um único homem [Adão]”, cuja desobediência resultou na transformação de muitos em pecadores (Rm 5.19). Por causa disso, hoje toda a raça humana tem uma predisposição profunda e arraigada para a prática de atos pecaminosos; essa inclinação universal é atribuída por Paulo ao progenitor da humanidade, Adão.

A consequência da Queda se enraizou tão profundamente na natureza humana que Adão, enquanto patriarca da humanidade, transmitiu aos seus descendentes uma “deficiência moral” e, por conseguinte, uma predisposição ao pecado. Após a Queda, as pessoas passaram a cometer atos pecaminosos como se fosse algo natural, como se fossem feitos para o pecado. Posto isto, logo entende-se que é a natureza adâmica que domina a velha criatura e a instiga constantemente ao pecado; ela também constitui a origem dos desejos carnais (Mt 26.41), evidenciando assim a fragilidade e a inclinação inata do ser humano ao pecado.

O apóstolo Paulo aprofundou-se na doutrina do pecado e ensinou que os verdadeiros cristãos, antes de serem alcançados pela graça de Deus por meio da obra expiatória de Cristo, viviam em ofensas e pecados, seguindo as vontades do diabo, da carne e ajustando-se aos padrões decadentes deste mundo, e, portanto, eram considerados “...por natureza filhos da ira divina” (Ef 2.3). A expressão “filhos da ira” indica o estado de condenação resultante da herança do pecado herdada de nossos primeiros pais, Adão e Eva. Neste trecho bíblico, o apóstolo utiliza o verbo no passado — “éramos” — para mostrar que, ao sermos regenerados pelo Espírito Santo, recebemos a graça de Deus: “Dou graças a Deus por Jesus Cristo, nosso Senhor! De modo que, com a mente [e sob o domínio do Espírito Santo], sirvo à lei de Deus, porém com a carne, à lei do pecado” (Rm 7.25).

Assim, a carne simboliza aquilo que nos tornamos desde o nascimento, o homem na condição natural. Por outro lado, o homem espiritual é aquele que emerge por meio do novo nascimento — o nascimento através do Espírito: “Na verdade, na verdade te digo: quem não nascer da água e do Espírito não pode entrar no reino de Deus. O que é nascido da carne é carne, e o que é nascido do Espírito é espírito” (João 3.5-6). Aqueles que vêm ao mundo apenas no aspecto físico são considerados pessoas da terra; entretanto, aqueles que nascem espiritualmente são considerados cidadãos do céu. O homem só pode viver em novidade de vida se, pela fé, receber Jesus Cristo como Salvador, e passar a ter uma vida conduzida pelo Espírito Santo.

No Novo Testamento, a palavra carne é usada em pelo menos três sentidos:

1º - Num sentido geral, para aludir simplesmente à humanidade.

2º - Num sentido mais específico, para aludir o aspecto físico e material do corpo humano.

3º - E num sentido ainda mais específico, para aludir à natureza humana perversa e corrompida pelo pecado. Neste caso inclui o coração, a mente e o corpo do homem.

Entende-se por “natureza” algo inato e original, distinto daquilo que é adquirido ao longo do tempo. A palavra "natureza", no grego, refere-se àquilo que cresceu em nós como uma característica inerente ao nosso ser, desenvolvida concomitantemente com nosso crescimento físico e espiritual, distinguindo-se do que foi moldado por influências externas.

Quando se trata da natureza carnal, ela se refere a uma reconfiguração nos padrões estabelecidos por Deus no interior de cada pessoa, compreendendo um conjunto de princípios diferentes — incluindo modos de ser, pensar, sentir ou agir — que passaram a manifestar após o primeiro pecado cometido no Éden, e isso independe de influências externas como familiares, sociedade, cultura ou religião. Essa natureza revela o coração degenerado e está relacionada ao que nos tornamos desde o nosso nascimento (Mc 7.21-23); ela representa o mal inato no ser humano natural, sua ausência de justiça original e a falta de afeição santa por Deus. A carne denota a corrupção profunda na moralidade. Além disso, indica as imperfeições da alma, nas quais o caráter se subordina à prática de ações consideradas moralmente erradas e injustas diante de Deus.

Os desejos da carne serão sempre contrários à vontade de Deus. Tal natureza nos torna rebeldes contra Ele. Diante da escolha entre cumprir a vontade de Deus ou os nossos próprios interesses, nossa inclinação natural será sempre optar pelos nossos desejos. Em Romanos 7.18-20, Paulo descreve seu estado carnal afirmando: “Porque sei que em mim, isto é, na minha carne, não habita bem algum; e, embora o desejo de realizar o bem esteja em mim, não consigo realizá-lo, pois não faço o bem que quero, mas sim o mal que não quero, esse prático. Portanto, se faço o que não quero, já não sou eu quem está agindo, mas sim o pecado que habita em mim”.

Na Bíblia, essa condição moral da alma é descrita por diversos termos e expressões: todos pecaram (Rm 3.9); todos estão debaixo da maldição (Gl 3.10). O homem natural é estranho às coisas de Deus (1Cr 2.15); seu coração natural é enganoso e perverso (Jr 17.9); sua natureza mental e moral encontra-se corrompida (Gn 6.5,12; 8.21); o pecador encontra-se escravizado pelo pecado (Rm 6.17; 7.15); além disso, está sob domínio do diabo (Ef 2.2); encontra-se espiritualmente morto devido às ofensas e pecados (Ef 2.1); e é considerado filho da ira (Ef 2.3).

A propensão pecaminosa conduz o ser humano a viver de maneira egoísta, desrespeitosa em relação a Deus, praticar injustiças, exibir arrogância, cultivar inveja, mentir, cometer atos profanos, manter vícios, valorizar o materialismo, permanecer na ignorância, exercer luxúria e lascívias, entre outras condutas (cf. Mc 7.21-22; Gl 5.19-21; 2Pe 2.10). Inspirado por Deus, Paulo também enumera diversas ações da carne em 1 Coríntios 6.9-10: "Ou vocês não sabem que os injustos não herdarão o Reino de Deus? Não se deixem enganar: nem os devassos, nem os idólatras, nem os adúlteros, nem homossexuais passivos ou ativos, nem os ladrões, nem os avarentos, nem os alcoólatras, nem os maldizentes e nem aqueles que roubam herdarão o Reino de Deus".

As obras geradas pela natureza ímpia são variadas e numerosas. Em Gálatas 5.19-21 são destacadas mais algumas delas ao afirmar que tais obras são: "... prostituição, impureza, sensualidade, idolatria, feitiçarias, inimizades, disputas, emulações, iras, pelejas, divisões, heresias, invejas, homicídios, bebidas alcoólicas, gula e coisas semelhantes a estas...”.

Essas listas, embora extensas, não são exaustivas, pois não abrangem todas as obras da carne, uma vez que Paulo mesmo conclui dizendo: “... e coisas semelhantes a estas” (v 21). Há também outras referências bíblicas que tratam de pecados relacionados à natureza caída do homem (Rm 1.18-32; 1Co 5.9-11; 2Co 12.20-21; Ef 4.19; Ef 5.3-5; Cl 3.5-9; 1Ts 2.3; 4.3-7; 1Tm 1.9-10; Tt 3.3; Tt 3.9-10). Outro ponto importante a ressaltar é que qualquer um dos itens listados nas obras da carne, sem o devido arrependimento e conversão, pode impedir nossa entrada no reino dos céus: “Repito o que eu já disse antes: que os que praticam essas coisas não herdarão o Reino de Deus” (Gl 5.21).

A CARNE E O ESTADO INTERIOR DO HOMEM

O pecado manifesta-se tanto como uma ação (pecado consumado) quanto como um estado de ser (própria concupiscência), conforme descrito em Tiago 1.14-15: “Cada um é tentado quando atraído e engodado (preso) pela sua própria concupiscência. Depois, esses maus desejos, ao serem despertados, dão à luz o pecado; e o pecado, sendo consumado, gera a morte”. Antes mesmo da sua manifestação externa ou prática concreta, o pecado origina-se primeiramente dos desejos internos e das inclinações do nosso coração. Como afirmou o Senhor Jesus: “Porque do coração procedem os maus pensamentos, mortes, adultérios, prostituição, furtos, falsos testemunhos e blasfêmias” (Mt 15.19).

Esses pecados, entre todos os outros, têm sua origem no interior do indivíduo, como é o caso dos sentimentos de inveja, egoísmo, vaidade, pensamentos maliciosos ou pela cobiça consciente e particular do coração; contudo, podem igualmente exteriorizar-se por meio de comportamentos externos, consumados pelo corpo, tais como veneração idolátrica, ostentação, narcisismo, sensualidade, atos agressivos e violentos, prostituição e adultério, entre outros. Todas essas formas de pecado possuem origem na interioridade do ser humano — na natureza pecaminosa — antes mesmo de se concretizarem em ações externas.

O Livro de Eclesiastes (9.3) aborda a realidade sombria da condição humana caída ao afirmar que: “o coração humano, além do mais, está cheio de maldade e loucura durante toda a vida; e por fim, eles se vão aos mortos”. Dessa maneira, a Palavra do Senhor mostra que nossa natureza pecaminosa não se restringe somente às nossas ações visíveis, mas está intrinsicamente ligada ao que nos tornamos desde o ventre materno. Consequentemente, somos considerados pecadores desde o nascimento, já que não se trata de pecado apenas porque se praticou algum ato pecaminoso, mas sim pela condição com a qual ingressamos neste mundo. Assim, o pecado não consiste apenas em atos manifestos; não é somente aquilo que se pratica erradamente, mas é algo entranhado na natureza pecaminosa adquirida a partir de Adão e Eva. Trata-se de um estado pecaminoso que gera hábitos pecaminosos, os quais se concretizam na vida cotidiana.

Ainda sobre esse estado pecaminoso, Romanos 3.9-18 afirma: “...todos estão sob o domínio do pecado. Como está escrito: Não há nenhum justo, nem um sequer; não há ninguém que entenda, não há ninguém que busque a Deus. Todos se desviaram e juntamente se tornaram inúteis. Não há ninguém que pratique o bem; nem um sequer. Suas gargantas são como túmulos abertos: com suas línguas tratam enganosamente; veneno de serpentes reside sob seus lábios. Suas bocas estão cheias de maldição e amargura. Seus pés são ágeis para derramar sangue; destruição e miséria marcam seus caminhos; eles não conhecem o caminho da paz. Não há temor de Deus diante de seus olhos”.

A Bíblia explica a razão do problema. A condição humana é marcada pelo pecado, que não se limita somente às ações externas praticadas pelo corpo, mas está alojado no próprio coração humano. O pecado tornou-se parte intrínseca do nosso ser, uma realidade universal que afeta toda a humanidade. Conforme Paulo observa em sua reflexão: "...eu, todavia, sou carnal, vendido à escravidão do pecado" (Rm 7.14).

AS EVIDÊNCIAS DA NATUREZA PECAMINOSA SÃO ABUNDANTES

Em qualquer localidade, onde quer que as pessoas estejam, há problemas. Toda a humanidade reflete a influência do pecado original em seus comportamentos, estilos de vida e culturas. O retrato da sociedade é uma figura borrada pela maldade, na qual, por conveniência própria, a verdade é pervertida e transformada em mentira. Tal inversão de valores remonta às observações de Paulo em seus dias (Rm 1.18) e continua vigente atualmente; pois constitui uma consequência do mal que atravessa as eras e que somente será erradicada por Deus no evento do juízo final. A análise paulina é um olhar para a Bíblia e outro para a sociedade, a fim de confirmar que tudo o que está na Bíblia é claramente visível entre nós. Os sinais de injustiças, violências e corrupção estão presentes de forma latente: crimes cada vez mais hediondos e violentos, assassinatos brutais e tantos outros atos de injustiças noticiados pelos meios de comunicação. Frequentemente, a sociedade fica chocada diante das barbaridades exibidas nas notícias, sem mencionar as crueldades ocorridas às escondidas ou no submundo do crime, muitas das quais permanecem desconhecidas para o público geral.

Essa corrupção na natureza humana também permeia o ambiente familiar: há conflitos entre os casais; entre pais e filhos; entre irmãos; além de desavenças que envolvem amigos ou pessoas próximas — todos eles não escapam dessa decadência moral que assola a sociedade como um todo.

Durante a década de 1990, foi realizada uma conferência na Inglaterra por especialistas das áreas psicológicas e comportamentais. Ao longo de vários dias, eles investigaram como seria o comportamento humano se não houvesse “leis”, se não houvesse “limites” ou “regras”, chegando à conclusão de que, caso todas as imposições que regulam o comportamento social — como normas, educação, regras, ordens, legislações e regulamentos — fossem eliminadas, os indivíduos se tornariam como animais selvagens, impulsivos e propensos à autodestruição. Nesse cenário hipotético, se as leis fossem abolidas — como aquelas que criminalizam o uso de drogas ilícitas, que estabelecem limites e respeito nas áreas sexuais e que proíbem o uso pessoal de armas de fogo — fossem revogadas, possibilitando aos indivíduos agir de maneira totalmente livre segundo seus desejos carnais incontroláveis, tais ações resultariam na autodestruição da humanidade. Por essas e várias outras razões, Deus percebeu a necessidade de estabelecer mandamentos que incluem a instituição de autoridades (Rm 13.1-7; 1 Pe 2.13-17; Tt 3.1-2) e a obrigação de se educar e disciplinar as crianças para o modo de vida correto (Pv 13.24; 19.18; 22.6, 15); caso contrário, este mundo seria palco do caos, da desordem e da loucura como consequências inevitáveis do pecado.

Por exemplo, ninguém precisa ensinar uma criança a mentir, ser egoísta ou desobediente. Em vez disso, ela tem esses comportamentos espontaneamente desde a mais tenra idade. Seus responsáveis precisam empenhar-se para ensiná-la valores como dizer a verdade, priorizar os demais e obedecer às regras; caso contrário, ela tende a desenvolver uma personalidade delinquente. Tratando dessa condição humana, ainda em seus primórdios, Deus observando os seres humanos disse: “...o coração do ser humano é inclinado para o mal desde a sua infância...” (Gn 8.21). Note que Deus já reconhecia que o mal constitui uma essência inerente ao comportamento humano desde sua infância, e essa observação foi feita logo após o episódio do dilúvio — quando apenas Noé e sua família estavam salvos na Terra. Essa relação com o pecado remonta à transgressão de Adão, que causou uma profunda corrupção moral e deixou uma herança comprometida para todas as gerações subsequentes.

Toda criatura humana, portanto, herda hoje um caráter corrupto herdado de Adão e possui uma natureza corrompida desde o momento do nascimento. Assim, ingressam na existência com uma inclinação ao pecado. Tal tendência não decorre unicamente de influências externas ou da imitação, mas está enraizada na condição inimizada contra Deus em que nasce.

O rei Davi, ciente dessa realidade, afirmou: "Eis que em iniquidade fui formado, e em pecado me concebeu minha mãe" (Sl 51.5). Além disso, declarou: “Os ímpios desviam-se desde o ventre; andam errados desde que nasceram, proferindo mentiras” (Sl 58.3). Essas expressões demonstram que não somos considerados pecadores apenas por ações externas como a pratica de homicídio, sensualidade ou roubo; antes disso, já nascemos na condição de pecadores.

Todavia, as pessoas em seu estado natural são incapazes de reconhecer sua condição de profunda pecaminosidade e de perceberem-se sob a ira de Deus. Possuem uma compreensão bastante equivocada de si mesmas e da verdade, pois não são tão benevolentes nem justas quanto imaginam ser. Na realidade, são pecadoras e injustas, mas só percebem essa verdade quando, pelo despertar do Espírito Santo (Jo 16.8), tomam consciência do quanto são pecadoras e da ausência da genuína bondade e justiça originais em suas vidas; é quando comparam sua vida aos ensinamentos bíblicos e compreendem que são maus, errados e injustos e que precisam de Cristo acima de tudo. Aqui vemos o quanto o coração carnal é perverso, pois engana e cega a própria pessoa (Jr 17.9), fazendo com que suas atitudes mais nobres sejam contaminadas pelo egoísmo e orgulho e dessa forma tais atitudes passam a ser algo carnal na medida em que refletem as intenções internas do coração. Por exemplo: alguém pode orar com o intuito de impressionar outros com sua espiritualidade, fazer uma doação para receber aplausos ou pregar a Palavra para obter elogios — ações motivadas por interesses egocêntricos. Por isso mesmo que antes de considerar as práticas externas, o Senhor: "esquadrinha o coração e prova os rins" (Jr 17.10), para conceder a cada um conforme suas intenções e obras externas.

Portanto, aos olhos de Deus, a mera tentativa de ser considerado bom por esforços próprios é insuficiente. Uma pessoa que ainda não foi regenerada por Cristo frequentemente acredita que sua bondade própria a torna aceitável diante de Deus e da sociedade. Contudo, segundo Jesus Cristo afirmou: “Ninguém é bom senão um — que é Deus” (Mc 10.18).

Enquanto o indivíduo não experimentar uma transformação verdadeira por meio de Cristo e for guiado pelo Espírito Santo, sua natureza adâmica continuará sendo a origem de todos os demais delitos que irá cometer ao longo de sua trajetória terrena.

A CARNE E O SISTEMA DO MUNDO

O homem e a mulher foram formados por Deus como sendo a Sua imagem e semelhança, portanto, foram criados bons, dotados de um caráter justo e considerados a coroa de toda a criação (Sl 8.4-8). Podemos dizer que o homem era, no seu estado original, no ato da criação, uma imagem ou representação de Deus, tendo características de Deus em sua pessoa, tais como pessoalidade, amor, justiça, santidade, retidão, perfeição moral; tudo isso à semelhança de Deus.

Foram formados para viverem em perfeição em todos os aspectos da vida neste mundo, exercendo domínio sobre toda criação e subjugando-a. As boas obras e realizações humanas são parte do propósito divino desde a fundação do mundo. Ao criar o homem à Sua imagem e semelhança, Deus dotou-o de capacidades que lhe permitiriam cumprir esse propósito. Como reflexo de Deus, o homem compartilha algumas características com o Criador; ou seja, Deus transmitiu-lhe certas qualidades pessoais que refletem Seu próprio caráter. Assim sendo, inicialmente, a cultura humana era considerada boa, visto que o homem foi colocado neste mundo para ser o representante de Deus — o refletor da glória divina. Nesse estado original, não havia maldade, morte ou injustiça; inexistia qualquer forma de pecado. Além disso, as Escrituras afirmam claramente que toda criação divina manifestava Seu caráter perfeito; então tudo era considerado “muito bom” (Gn 1.31).

Deus criou o ser humano como um ser livre e o mundo foi criado para expressar essa liberdade. A única restrição instituída por Deus foi a proibição de consumir o fruto da árvore da vida. A intenção de Deus ao estabelecer essa proibição era permitir que o homem, sendo uma pessoa semelhante a Ele, dotada de consciência e livre-escolha, demonstrasse seu amor ao obedecer aos limites impostos na criação (Gn 2.16-17). O propósito divino ao proibir o consumo do fruto consistia em testar a fidelidade do homem e verificar se ele o amaria de todo coração, expressando livremente esse sentimento através da obediência (Jo 14.15,21). Antes de desobedecer a Deus, Adão e Eva, os primeiros seres humanos, representavam o início da humanidade e carregavam em si a gênese de toda a sua descendência.

Tão logo o homem pecou (Gn 3), e após a Queda, seu governo sobre o mundo, as demais criaturas e sua própria essência foram significativamente pervertidos em consequência do pecado. Naquele instante, Deus declarou: "...maldita é a terra por causa de ti..." (v.17). As repercussões dessa transgressão se estenderam gravemente sobre toda a Terra e animais (Rm 8.19-23), comprometendo principalmente a raça humana: “...da mesma forma que o pecado entrou no mundo por um homem, e pelo pecado veio a morte, assim também a morte passou a todos os homens, por isso que todos se tornaram pecadores” (Rm 5.12). Uma das penalidades mais severas foi a herança de uma natureza marcada pelo pecado.

Adão e Eva conheceram pessoalmente o mal: “Seus olhos foram abertos” (Gn 3.7). Quando seus olhos foram abertos, tomaram plena consciência de sua culpa e sentiram uma forte convicção de terem desobedecido ao Senhor. A comunhão e a amizade com Deus foram rompidas, levando-os ao afastamento de Sua presença — fenômeno conhecido como morte espiritual. A partir daquele momento, os seres humanos deixaram de ser naturalmente bons, justos e inocentes, adquirindo uma natureza corrompida. Sua mente e coração tornaram-se impuros e insensíveis; passaram a viver em rebeldia e alienação de Deus (Is 59.1-2; Rm 3.23).

O pecado trouxe consequências tanto em nível individual quanto coletivo, as quais persistem até os dias atuais e continuarão a se manifestar até o fim dos tempos. Uma das principais ramificações do pecado original é o afastamento de Deus (Rm 3.23). A opção entre escolher o “eu”, em detrimento de Deus, passou a ser o objetivo central na existência humana. A busca pela satisfação dos desejos pessoais tem sido uma característica evidente, refletida na atualidade em que frequentemente as pessoas preferem seguir seus próprios anseios ao invés de colocar Deus como centro de suas vidas: “…a luz [Jesus] veio ao mundo, e as pessoas amaram mais as trevas [pecado] do que a luz, porque elas praticam o que é mal. Porque todo aquele que faz o mal detesta a luz e não vem para a luz para que as suas obras não sejam reprovadas. Mas quem pratica a verdade vem para a luz [Jesus], a fim de que as suas obras sejam manifestas, porque são feitas em Deus” (Jo 3.19-21). A humanidade curvou-se às concupiscências da carne; ao invés de acolher o plano de um mundo ideal elaborado pelo Senhor para sua existência; ela sucumbiu às inclinações da carne, em lugar de se conformar às vontades divinas.

Embora originalmente criado em perfeição, o ser humano, devido à manifestação do pecado, atualmente apresenta uma inclinação para a prática do mal, e todas as suas atividades, costumes, crenças e valores refletem as marcas dessa condição pecaminosa. Os capítulos iniciais de Gênesis (cf. 4-6) ilustram claramente essa realidade: assim que a humanidade começou a se desenvolver, sua cultura já estava impregnada por mentiras, invejas, homicídios, imoralidades sexuais e diversas outras formas de maldade.

O pecado entrou no mundo e destruiu a moralidade perfeita e a justiça original entre as pessoas, mas não conseguiu eliminar completamente a imagem de Deus presente nelas. A partir do momento em que Adão e Eva pecaram, a imagem de Deus presente neles foi severamente danificada, embora não completamente destruída. Inevitavelmente a semelhança moral com Deus nos seres humanos foi comprometida devido ao pecado de Adão e Eva, e essa inclinação foi herdada por seus descendentes ao longo das gerações (Gn 4; Rm 5.12).

No entanto, a presença do pecado em todos os homens não significa que sejam completamente maus ou que todas as suas ações sejam totalmente e absolutamente más. Além disso, tal condição não aponta para uma tendência a cometer todos os pecados possíveis ou os mais terríveis. Ela apenas indica que, em seu estado natural, enquanto não se converterem genuinamente a Deus, prevalece-lhes a herança maléfica herdada dos primeiros pais, Adão e Eva; e mesmo com essa inclinação ao mal ainda são capazes de realizar ações benéficas e altruístas devido aos resquícios da imagem e semelhança de Deus que ainda lhes restam. Em outras palavras, ainda é possível perceber nas pessoas — mesmo ímpias — um senso limitado de ética e justiça. A ocorrência desse fato deve-se aos fragmentos da imagem divina, mas também porque a Lei moral ainda opera nos seus corações e consciências, conforme Romanos 2.14-15. Diante dessa realidade, é que revela-se indispensável a existência de legislações que sancionam e limitam as ações maldosas, bem como uma consciência pesada que emerge quando um indivíduo comete maldades. Sem essa preservação, os seres humanos cometeriam atrocidades ainda piores do que as já realizadas e agiriam como se tais comportamentos fossem naturais. Nesse contexto, todos poderiam tornar-se tão insensíveis quanto Lameque, que se gabou de ter matado um jovem rapaz que pisou nele (Gn 4.23).

Em Salmos 53.1-3, a Palavra do Senhor diz: “O néscio declara em seu coração: ‘Deus não existe’. Corromperam-se e praticaram abominável iniquidade: não há ninguém que faça o bem. Do alto dos céus, o Senhor contemplou os filhos dos homens para ver se havia alguém que tivesse entendimento e buscasse a Deus. Mas todos se desviaram e juntamente se tornaram imundos; não há ninguém que pratique o bem, nem sequer um”. Todos foram afetados pelo pecado de Adão e Eva; por isso, o homem natural realiza poucas ações moral ou espiritualmente boas aos olhos de Deus. Essa corrupção atingiu tão profundamente sua natureza que o tornou um agente inerte e incapaz de vencer a sua própria cegueira e rebelião contra Deus. Dominado por essa natureza, o ímpio deseja apenas submeter-se às paixões carnais, praticando de forma livre ou sendo impulsionado pelo diabo e seus demônios a realizar ações contrárias aos princípios morais definidos por Deus para uma convivência harmoniosa neste mundo.

A Queda ocasionou um impacto abrangente em todas as esferas da existência humana, gerando inimizade e separação. Esse distanciamento se manifesta entre Deus e os seres humanos, entre homens e mulheres, bem como entre os próprios humanos e a criação. Todas as três áreas de atuação humana — espiritual, social e cultural — foram manchadas pelo pecado. A Lei da carne (Romanos 7.25) passou a vigorar em todos os aspectos do mundo devido à corrupção generalizada causada pelo pecado. Nenhuma parcela ou setor de atividade humana permaneceu intacto; todas foram contaminadas. O sistema que rege a vida neste mundo tornou-se ímpio. A injustiça, violência, maldade e todos os prazeres pecaminosos relacionados à carne invadiram a humanidade e passaram a exercer domínio sobre o reinado deste mundo: “Porque tudo o que há no mundo, há os maus desejos da carne, os maus desejos dos olhos e a soberba da vida, e isso não procede do Pai, mas do mundo” (1Jo 2.15-16).

Na atualidade, o império que governa o mundo encontra–se pervertido e cada vez mais distante do ideal divino projetado na criação. No cenário atual os desejos carnais estão diretamente ligados aos incontáveis conflitos sociais. Aspectos da imagem e semelhança de Deus, tais como inteligência e criatividade, fazem do homem um ser que imagina, projeta, cria, inventa e produz coisas; porém, essas habilidades são utilizadas para desenvolver armas cada vez mais letais, incluindo armas tecnologicamente avançadas de destruição em massa que possuem potencial para extinguir toda a humanidade; também são empregadas na criação de instituições sociais segregadoras e divisoras das diferentes classes sociais; na edificação de fortalezas e campos de concentração, ou até mesmo na criação de refúgios isolados destinados a proteger as populações caso ocorram atrocidades no planeta Terra; ou ainda pior, na construção de naves espaciais afim de se fugir para Marte e colonizar tal planeta. Há uma tentativa contínua de escapar da morte física por meio da tecnologia e da inteligência artificial, como é o caso do movimento transumanista.

Cada uma dessas manifestações é fruto da inteligência humana deturpada pelo pecado. As habilidades técnicas (matérias-primas, física nuclear, química e biológicas) se tornam instrumentos de violência e humanismo quando controladas pela carne e influenciadas pelo diabo com seus demónios. Em vez de cooperar para o bem comum, os homens empregam a inteligência e a criatividade para dominar ou aniquilar, revelando assim a tragédia inerente à natureza herdada de Adão.

Desde Abel até os dias atuais, fatores como orgulho, cobiça e raiva (obras da carne) têm sido as raízes que geraram assassinatos e guerras. Conforme Tiago 4:1-2 afirma: “De onde vêm as guerras e contendas que há entre vocês? Não vêm das paixões que guerreiam dentro de vocês?”. Portanto, as guerras humanas têm origem nas cobiças e invejas que lutam nos corações das pessoas. O cenário mundial atual é semelhante a um barril de pólvora prestes a explodir. A paz estabelecida é uma paz marcada pelo medo: as nações permanecem sob tensão constante devido ao poder militar pesado, armamento nuclear e rumores incessantes de guerra em várias regiões do globo. As nações investem mais em armamentos de guerra do que em soluções para erradicar com a fome humana.

O problema da fome no mundo não reside na escassez de recursos alimentares propriamente ditos, mas sim na má distribuição deles, na ganância e na falta de amor ao próximo. Enquanto alguns morrem de comer, outros morrem de fome. Enquanto alguns investem em luxo e ostentação, outros morrem por não ter o básico à sobrevivência. A prática do abandono dos mais necessitados (fome, miséria, exclusão) resulta da ambição egocêntrica dos corações endurecidos pela carne, incapazes de demonstrar compaixão. Essa apatia ou exploração dos pobres confirma a queda moral humana: falta nela a justiça original e a mesma misericórdia com a qual Deus se compadece dos humildes.

Portanto, observa-se em todas as áreas da vida que o pecado afetou significativamente as pessoas e suas criações. A inclinação carnal consolidou-se como a força predominante no mundo, o qual está sujeito ao governo (não absoluto) de satanás por meio do pecado (1Jo 3.8): “Naquele tempo vocês seguiam o mal caminho deste mundo e realizavam a vontade do príncipe das potestades do ar [o diabo], o espírito que agora opera nos filhos da desobediência. Entre os quais todos nós também andávamos anteriormente, consumidos pelos desejos da nossa carne, praticando a vontade da carne e dos pensamentos. Como eles, éramos por natureza filhos da ira” (Ef 2.2-3).

A rebeldia contra Deus é mais uma característica clara do sistema moralmente corrupto que permeia o mundo. O cosmos é a criação que se voltou contra o Criador, demonstrando rebeldia e desobediência diante d’Ele (Rm 3.16; 19; 2Co 5.19). Segundo a perspectiva de Paulo, a humanidade caída não compreende qual é a boa, agradável e perfeita vontade de Deus. Embora aleguem conhecer a Deus, na verdade desconhecem-no profundamente e não percebem essa ignorância (1Co 2.12-16). O Senhor diz: "Esse povo se aproxima de mim com a boca e me honra com os lábios, mas o seu coração está longe de mim” (Is 29.13). Como consequência, estão fadados ao pecado, sob a ira divina e caminhando rumo ao julgamento eterno (Rm 3.6; Ap 20.11-13).

A natureza carnal recusa-se a submeter-se à lei de Deus e permanece distante d’Ele para satisfazer seus próprios desejos: “Porquanto a inclinação da carne é inimizade contra Deus, pois não é sujeita à lei de Deus, nem, em verdade, o pode ser. Quem é dominado pela carne não pode agradar a Deus” (Rm 8.7-8). Tanto a carne quanto o mundo são considerados inimigos de Deus: “…a amizade com o mundo é inimizade contra Deus. Portanto, qualquer que quiser ser amigo do mundo constitui-se inimigo de Deus” (Tg 4.4). Ser amigo desse mundo equivale a aceitar e compactuar com o pecado que nele prevalece; é estar em acordo com toda a maldade subsistente nele.

No entanto, os filhos de Deus foram libertos do reino deste mundo e transferidos para o reino de Deus (Jo 17.14-16). Eles não se adaptam aos padrões deste mundo e morreram para a carne, crucificando-a juntamente com suas paixões e desejos (Gl 5.24). Os verdadeiros cristãos não devem se associar ou serem iguais às pessoas pecadoras que compõem o mundo. Trata-se de dois grupos diferentes de povos, com lideranças diferentes. Enquanto um grupo é moral, o outro é imoral; enquanto um é justo, o outro é injusto. Um pertence ao reino de Deus e está sob Sua soberania, enquanto o outro pertence ao reino do mundo que está sujeitado ao diabo.

De fato, o universo e tudo o que nele há foi criado por Deus; contudo, após o pecado tomar posse da coroa da criação e espalhar-se como uma enfermidade contagiosa, o mundo encontra-se atualmente condenado à destruição, seguindo um curso inexorável rumo ao seu fim. Por essa razão, ao longo de toda a Escritura Sagrada, Deus de maneira incessante e graciosa convida Seu povo a se afastar desse sistema pecaminoso, evitando assim perecerem juntamente com ele: “Pelo que saí do meio deles e se separem, diz o Senhor; E não toquem em nada imundo, e Eu vos receberei” (2Co 6.17; cf. Js 23.12-16; Êx 34.14-16; Dt 7.1-3; Ed 9.1-2, 11-12; Ne 13.23-27). Ademais, Deus declara: “Fala a toda a congregação dos filhos de Israel e dize-lhes: Sejam santos [separados], porque Eu, o Senhor vosso Deus, Sou Santo” (Lv 19.2; cf. 1Pe 1.15-16).

Diante de tais considerações, torna-se evidente que, durante sua permanência neste mundo repleto de pecado, o autêntico seguidor de Cristo estará sujeito a padecer aflições, perseguições, injustiças e todo tipo de hostilidades. Além disso, terá que lidar com ataques e tentações provenientes do diabo e de suas forças malignas, os demônios. Essas entidades espirituais empenham-se em destruí-lo, tentando afastá-lo para longe do Espírito Santo. Elas lutam continuamente para que o servo ou a serva de Deus cedam novamente às tentações da carne e voltem a fazer parte do sistema falido deste mundo.

Em inúmeras ocasiões, o diabo e seus demônios se aproveitam de nossas deficiências carnais — como nervosismo, sensualidade, cobiça, egoísmo, avareza, vaidade, inveja, soberba, entre outras — bem como das atratividades pecaminosas do mundo, com o objetivo de nos colocar em situações tentadoras: “Mas cada um é tentado, quando atraído e engodado pelos seus próprios maus desejos” (Tg 1.14). Ser tentado não é pecado, o problema está em ceder à tentação. Quando um cristão sucumbe ao pecado, não é porque a graça divina foi insuficiente, mas sim por uma falha em resistir, pelo poder do Espírito Santo, aos seus próprios desejos pecaminosos. O apóstolo Paulo reforça essa compreensão ao afirmar: “Não veio sobre vocês tentação senão humana; mas Deus é fiel e não permitirá que sejam tentados além do que possam suportar; antes, com a tentação, também providenciará um escape, para que a possam suportar” (1Co 10.13).

O Espírito Santo assegura de maneira inequívoca que Deus concede aos seus filhos graça suficiente para superar todas as tentações, permitindo-lhes resistir às investidas tanto da carne quanto do diabo (2Ts 3.3; Tg 4.7). A fidelidade de Deus se manifesta de duas formas: primeiramente, Deus não permitirá que sejamos tentados além do que podemos suportar; em segundo lugar, quando a tentação ocorrer, Ele proverá os recursos necessários para que possamos suportá-la e vencer o pecado.

Apesar de as tentações inevitavelmente ocorrerem, o cristão jamais deve acreditar que possui a capacidade de enfrentá-las ou de se envolver com elas, confiando na sua própria força para superá-las. Ao contrário, deve fugir delas; fugir de tudo aquilo que tenha a aparência de mal ou que possa conduzi-lo ao pecado (1Ts 5.22). Afinal, nosso espírito pode estar pronto, mas nossa natureza carnal permanece vulnerável e fraca (Mt 26.41).

“Nos ensinando que devemos renunciar à impiedade e às concupiscências mundanas, somos exortados a viver neste século presente de maneira sóbria, justa e piedosa” (Tt 2.12). A graça de Deus (Ef 2.8-10), o sangue de Jesus Cristo (Ef 2.13), a Palavra de Deus (Ef 6.17; 2 Tm 3.16-17), o poder do Espírito Santo que habita em nós (Lc 24.49; Tt 3.5-6) e a intercessão celestial de Cristo, fornecem poder suficientes para que o crente enfrente as batalhas contra o pecado e contra as forças espirituais da maldade (Ef 6.10-18; Hb 7.25).

A Santíssima Trindade atua como aliada do crente; e enquanto a Igreja de Cristo peregrinar neste mundo, ela estará presente para nos ajudar a vencer a carne, o diabo e o mundo.

A LUTA ENTRE A CARNE E O ESPÍRITO

Tão logo que aceita a Jesus, o cristão passa a experimentar um conflito interno que envolve a totalidade do seu ser. Esse conflito resulta em uma escolha: sucumbir às tentações carnais e voltar ao domínio do pecado ou se submeter completamente à vontade do Espírito Santo, permanecendo assim sob o senhorio de Cristo (Rm 8.4-14). Inspirado pelo Espírito Santo, o apóstolo Paulo escreveu: “Por isso digo: vivam segundo o Espírito, e de modo nenhum satisfarão os desejos da carne. Pois a carne deseja o que é contrário ao Espírito; e o Espírito, o que é contrário à carne. Eles se opõem um ao outro de modo que vocês não fazem o que querem” (Gl 5.16-17). O contraste apresentado aqui não é entre a carne e o espírito humano, mas sim entre uma vida que serve à carne e uma vida guiada pelo Espírito de Deus. Não se trata de um conflito isolado entre o corpo físico e a alma, mas entre o antigo homem, regido pela natureza adâmica, contra o novo homem, guiado pelo Espírito de Deus.

A natureza caída tenta resistir ao domínio do Espírito Santo, na tentativa de recuperar seu lugar. Por outro lado, o Espírito é inimigo da carne e ajuda o cristão a reprimi-la, despertando nele o anseio pela santificação, pela glória de Deus e por uma vida moral e espiritualmente abundante. Desse modo, ou estamos seguindo a vontade do Espírito, ou, automaticamente, acabamos cedendo aos desejos da carne (Gl 5.17).

A carne faz parte da tríade de inimigos que todo filho de Deus precisa enfrentar ao longo de sua peregrinação nesta Terra. Essa tríade maligna é composta pela carne, pelo sistema pecador do mundo e pelo diabo com seus demônios. Dentre esses, o pior é a carne; ela permanece mortificada [dominada] no interior do cristão por todo o tempo que viver neste mundo, constituindo-se em seu inimigo mortal. Enfrentar a velha natureza equivale a um combate interno consigo mesmo. Referindo-se a essa luta, Paulo afirmou em sua carta aos Romanos (7.18): “Porque sei que na minha pessoa, isto é, na minha carne, não habita bem algum. Porque tenho o desejo de fazer o que é bom, mas não sou capaz de realizá-lo.”

A carne é um inimigo que precisa ser dominado em nós. Ela escraviza o ímpio com uma suposta sensação de liberdade, fazendo-o acreditar que ele pode fazer o que quiser, quando, na verdade, não o deixa fazer o que realmente deseja (Gl 5.17). À exemplo disso, vemos as pessoas que tentam se libertarem de vícios como álcool, cigarro, drogas ilícitas, infidelidade, criminalidade, prostituição, jogos de azar e tantos outros pecados, mas que não conseguem. Embora reconheçam que tais práticas estão destruindo sua saúde, suas finanças, seus relacionamentos familiares e suas vidas pessoais, não conseguem abandoná-las. Tal situação evidencia a escravidão imposta pela carne e pelas forças demoníacas, já que “as pessoas se tornam escravas daquilo que as domina” (2Pe 2.19).

Trava-se no campo do nosso coração (Lc 6.45) essa guerra sem trégua entre a velha natureza pecadora e o Espírito Santo. Ambos têm desejos e objetivos distintos, e é aí que surgem os conflitos. O desfecho dessa luta dependerá do lado que priorizarmos mais: se alimentarmos a carne, atendendo às suas vontades, inevitavelmente experimentaremos fracasso; por outro lado, ao optarmos por uma vida pautada na oração, no jejum e na santificação, sob a direção do Espírito, não cederemos às concupiscências da carne. Alimentar a carne é ultrajar, entristecer e extinguir o Santo Espírito de Deus. Em vez de se submeter aos caprichos da carne, devemos sujeitar a nossa vontade ao Espírito, afinal, como diz em Romanos 8.13: “Se viverem de acordo com a carne, vocês irão morrer; mas se pelo Espírito fizerem morrer as obras do corpo, vocês irão viver.”

Nosso corpo pode ser templo tanto do Consolador divino quanto da Natureza Pecaminosa. Para os filhos de Deus, embora tenham sido libertos da condenação e do poder do pecado, isso não significa que estão isentos da presença contínua do pecado, afinal, a natureza carnal permanece como uma realidade dominada dentro do seu ser.

Os seguidores de Cristo foram redimidos por Seu sangue (Jo 8.36) e não são mais escravos da carne. Eles foram resgatados pelo sacrifício do Cordeiro e estão livres para viver em santidade. Todavia, essa liberdade cristã não significa liberdade para o crente fazer o que quer e muito menos para pecar; ao invés disso, ela confere autonomia para obedecer a Deus e não dar oportunidade à carne: “Irmãos, vocês foram chamados para a liberdade. Mas não usem a liberdade para dar ocasião à vontade da carne...” (Gl 5.13). Nosso chamado é para viver em liberdade verdadeira e em novidade de vida, e não para nos submeter novamente à escravidão do pecado por meio da carne.

A liberdade cristã não deve ser confundida com a licenciosidade, mas deve ser compreendida como um prazer encontrado na santidade. Ela representa a libertação do pecado, ao passo que não constitui um incentivo para a perpetuação do mesmo. A liberdade cristã possibilita ao redimido aproximar-se de Deus como seus filhos, sem restrições. Já a licenciosidade, por sua vez, não representa liberdade alguma; pelo contrário, configura-se como uma forma terrível de escravidão, uma servidão imposta pelos desejos oriundos da natureza decaída.

O Senhor Jesus declarou que aquele que pratica o pecado é escravo do pecado (Jo 8.34). Nessa mesma linha, Paulo explica que, antes de se converterem, as pessoas eram escravas de todo tipo de paixões e prazeres carnais (Tt 3.3). A única maneira do cristão se ver livre dos impulsos da velha natureza é mediante a presença e o agir do Espírito Santo: “onde está o Espírito do Senhor, ali há liberdade” (2 Co 3.17; cf. Rm 8.1; Gl 5.18). Essa liberdade é preservada pela contínua presença do Espírito Santo no crente e pela obediência deste às suas orientações. Os que vivem sob a direção do Espírito são verdadeiramente livres e capazes de resistir às obras da carne, pois somente quando estamos cheios dEle é que temos condições de viver em santidade, de modo a exaltar e a glorificar o nome do Senhor. Logo, quem deve conduzir a vida do cristão é o Espírito Santo. Nenhum ser humano possui o poder de controlar ou transformar a natureza de outra pessoa; apenas Deus detém esse poder (Dt 30.6; Ez 36.26).

Com base no exposto, observa-se que a carne e o Espírito têm anseios e propósitos distintos, sendo essa diferença a origem de inúmeros conflitos internos no ser humano. A carne tem desejos ardentes que nos arrastam para longe de Deus, ao passo que o Espírito busca nos separar do pecado e nos aproximar do Criador. Enquanto Deus é a fonte da vida, os desejos da carne, em contraste, levam à morte: “Porque a inclinação da carne é morte [morte eterna, condenação]; mas a inclinação do Espírito é vida e paz” (Rm 8.6). A única maneira eficaz de triunfar sobre os apetites carnais é andar no Espírito: “...se pelo Espírito fizerem morrer as obras do corpo, viverão, porque todos os que são guiados pelo Espírito de Deus esses são os filhos de Deus” (Rm 8.13-14).

O Espírito Santo nos impulsiona a orar, jejuar, santificar e glorificar a Deus; em contrapartida, a carne prefere desfrutar dos deleites pecaminosos do mundo e suas indulgências. Ela prefere inflar o ego e satisfazer seus desejos luxuriosos. Os servos de Deus devem ser cautelosos, uma vez que o confronto entre a carne e o Espírito é uma batalha constante que só será vencida se nos esforçarmos para viver plenamente pelo poder do Espírito Santo. Além disso, jamais devemos esquecer esse embate perdurará até o momento em que receberemos um corpo glorificado do Senhor (Fp 3.21). Tal conflito permanecerá por toda nossa existência terrena, pois, no final, o crente irá vencer e reinará para sempre com Cristo livre dessa natureza pecaminosa (Rm 7.7-25; 2 Tm 2.12; Ap 12.11; Ef 6.11).

A VIDA CRISTÃ E AS OBRAS DA CARNE

Na vida do cristão, a natureza adâmica e seus desejos corruptos permanecem adormecidos mesmo após a conversão, porém, ela continua sendo seu inimigo mortal (Rm 8.6-8,13; Gl 5.17,21). Aqueles que praticam as obras da carne não podem herdar o reino de Deus (Gl 5.21). Por conseguinte, é imprescindível resistir e mortificar essa natureza por meio de uma batalha espiritual contínua, na qual o crente luta com a ajuda do Espírito Santo (Rm 8.4-14). Os filhos de Deus não devem tentar viver a vida cristã por conta própria, procurando atalhos ou desvios; em vez disso, devem se render diariamente ao Espírito Santo, que os orientará na caminhada cristã através da Palavra de Deus.

Não é possível vencer a inclinação carnal mediante autoflagelo. O servo de Deus deve andar em Espírito para vencer as obras da carne; caso contrário, jamais logrará êxito por seus próprios esforços. É necessário ser cheio do Espírito Santo de Deus diariamente (Ef 5.18) e deixar-se dominar por Ele. Ao permitir que o Consolador conduza nossa vida, teremos a capacidade de resistir aos frequentes ataques do diabo sobre nossa natureza pecaminosa, pois Ele gera em nós o fruto que nos leva a agir como discípulos de Cristo (Gl 5.16). Quando o Espírito Santo assume o comando de nosso espírito, Ele fortalece nosso homem interior para opormo-nos às obras da carne.

Viver segundo a carne, ou seja, ser controlado pela velha natureza adâmica, leva a pessoa a agir de forma pecaminosa. Infelizmente, muitos crentes, assim como os de Corinto, estão se deixando dominar pelas obras da carne (1Co 3.3).

A natureza pecaminosa perde seu poder sobre o crente quando este entrega a direção de sua vida ao Espírito Santo, por intermédio da oração, do jejum e do processo de santificação. A carne não tem vontade de orar ou jejuar, nem tampouco deseja afastar-se de práticas ímpias. A prática do jejum, aliada à constante oração, nos santifica e nos deixa em plena comunhão com Deus. Esse ato de se consagrar sem reservas a Deus quebra as vontades da carne; em outras palavras, controla às vontades da carne sujeitando-a ao Espírito Santo (Mt 4.2; Gl 5.16-22).

O verdadeiro crente que almeja opor-se às obras da carne deve caminhar pelo Espírito, pois Ele impede que paixões infames o dominem. Uma vez que a carne foi destronada, é necessário resistir continuamente às suas influências para retomar o controle. Conscientes de que o pecado tenta reinar através da carne, devemos combatê-lo por meio da oração e do jejum. Tal postura representa o ato de negar a si mesmo, conforme ensinado pelo Senhor Jesus como uma das condições essenciais para se alcançar a salvação eterna (Mc 8.34-37). Negar-se a si mesmo implica rejeitar a velha natureza e seu estilo de vida pecaminoso.

De forma geral, o cristão encontra-se diante de duas maneiras distintas de se viver: na carne ou no Espírito. Ele pode escolher servir a Deus e permitir que Ele exerça soberania sobre sua natureza adâmica, ou então optar por seguir as obras da carne. No entanto, para aqueles que verdadeiramente buscam a salvação, a carne não pode, em hipótese alguma, ter lugar em suas vidas, uma vez que eles são templos do Espírito Santo e Sua força é consideravelmente superior: “Por isso digo: andem em Espírito, e de modo nenhum satisfarão os maus desejos da carne” (Gl 5.16). Andar no Espírito e ser guiado por Ele significa obter vitórias sobre os desejos e os impulsos carnais, resultando assim no desenvolvimento do fruto do Espírito, que é a melhor defesa contra às concupiscências carnais.

O CRISTÃO E O FRUTO DO ESPÍRITO

O fruto do Espírito refere-se a um conjunto de virtudes geradas pelo Espírito Santo na vida daqueles que foram transformados em novas criaturas. É o próprio Espírito Santo que faz surgir essas virtudes em nós à medida que nos aproximamos de Deus e buscamos uma vida de comunhão e santidade. De acordo com Romanos 6.22, uma vez libertos do pecado, os crentes precisam cultivar o fruto do Espírito. Os dons espirituais são presentes divinos aos fiéis; entretanto, o fruto precisa ser desenvolvido e cultivado.

Enquanto as obras da carne demandam esforço humano para sua realização, o fruto do Espírito é algo que flui naturalmente. A mudança das “obras” para “fruto” é importante, porque remove a ênfase do esforço humano para a ação do Espírito Santo em nossas vidas. A carne requer um estilo de vida baseado em obras que atendam às suas insaciáveis vontades carnais; ao passo que o fruto do Espírito resulta da intervenção divina operando dentro de nós. Uma obra é algo produzido pela iniciativa humana; já um fruto é gerado por um poder que transcende nossas capacidades humanas. O fruto do Espírito possui origem sobrenatural, cresce de forma natural e alcança maturidade gradual.

Antes de nossa conversão, nossos frutos e ações eram manifestações das inclinações carnais. Uma vez libertos do seu poder e domínio, passamos a ser pessoas melhores aos olhos de Deus; e, a cada dia, somos moldados à semelhança de Jesus Cristo, nosso Senhor e Salvador, graças à atuação contínua do Espírito Santo em nós (2Co 3.16-18).

Em Gálatas 5.22-23 está escrito: “Mas o fruto do Espírito é amor, alegria, paz, longanimidade [paciência perseverante], benignidade, bondade, fé, mansidão, domínio próprio. Contra essas coisas não há lei". Observe nessa passagem que Paulo não fala de frutos, mas sim de um único fruto. Este fruto é uma unidade na qual todas essas virtudes estão interligadas. Não somos nós quem geramos esse fruto por nossos próprios esforços; ao contrário, é o Espírito Santo quem o produz em nossa vida. Ele realiza essa obra de modo que cada virtude está conectada às demais, tornando-as inseparáveis e formando assim um "fruto" completo. Imagine essas nove virtudes como os gomos de uma única fruta harmoniosa; não é possível possuir apenas um gomo e estar desprovido dos demais. O Espírito Santo proporciona esse fruto de maneira integral, moldando-nos e ensinando-nos o que é correto e incorreto à medida que buscamos a presença de Deus através da oração, da leitura bíblica e do jejum. Por meio das Escrituras Sagradas, o Consolador Divino gradualmente trabalha na formação do nosso caráter até que alcancemos a estatura do homem perfeito (Ef 4.13). Assim deixamos para trás a imaturidade e nos tornamos aptos a produzir bons frutos (Lc 8.8).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Considerando os aspectos observados, conclui-se, portanto, que a natureza humana tornou–se significativamente corrompida pelo pecado depois da Queda. Sua constante tendência em agir contrariamente à vontade de Deus apenas reforça sua condição decaída e pecaminosa. Assim, uma vida marcada pela desobediência, pelo declínio moral, inclinada a praticar o mal e a satisfazer desejos contrários ao caráter divino, evidenciam ainda mais sua submissão ao pecado.

Entretanto, o pecado vai muito além das ações externas, praticadas pelo corpo, já que estas são um reflexo do estado interno da pessoa. Na verdade, as ações externas estão relacionadas ao estado interno que persiste em cada pessoa natural e que a impulsiona à prática do mal. Essa corrupção interna é a fonte poluída de todos os pecados externos. O pecado contamina todos os aspectos de nossa vida e se aloja no cerne do nosso ser: “...O coração dos homens está cheio de maldade, nele há desvarios enquanto vivem” (Ec 9.3). Os seres humanos, enquanto são ímpios, possuem uma mente carnal (Cl 2.18) e um coração perverso, que a todo tempo está planejando o mal (Pv 6.14). Tanto sua mente quanto seu coração — isto é, as origens dos pensamentos e desejos — encontram-se igualmente corrompidos. Ambos estão orientados à busca pela satisfação carnal e à adoração ao diabo (Jo 8.44), em vez de agradar a Deus.

Existem dois estados do pecado. O primeiro refere-se ao pecado que se transmite de geração em geração, como uma maldição iniciada por Adão, sendo este responsável pela condição pecaminosa da natureza humana e o ponto de partida do segundo estado do pecado. O segundo está ligado ao pecado cometido diretamente pela pessoa ao longo de sua vida. Assim, todos somos pecadores devido à herança maldita herdada de Adão, pois quando a fonte está contaminada, toda a corrente também sofre essa contaminação; mas também somos pecadores porque continuamos a cometer pecados até que encontremos Cristo e sejamos transformados em novas criaturas por Ele.

O pecado é tanto um ato quanto uma condição. Consequentemente, todos são considerados culpados perante Deus por já nascerem em iniquidade devido à carne e, através dela, ainda praticarem seus próprios pecados pessoais (Rm 3.10-18; 5.12). Pelo que se encontram sujeitos à ira de Deus em virtude de seus pecados e transgressões. Uma vez que o pecado é transgressão diante de um Deus Santo, ele é merecedor de punição e reprovação divina. O apóstolo Paulo escreveu aos Romanos que "a ira de Deus se manifesta do céu contra toda impiedade e injustiça dos homens" (Rm 1.18). Ora, a ira de Deus no contexto dessa passagem representa a reação da santidade de Deus contra o pecado; independentemente do ato ou condição em que este se manifeste, o pecado acarreta a manifestação da justiça de Deus.

A carne nos torna “...por natureza filhos da ira” (Ef 2.3). Ser "filho da ira" significa estar sob o juízo divino devido à vida em desobediência às leis morais de Deus e ao atendimento dos desejos carnais. Assim, desde o momento do nascimento, todas as pessoas estão destinadas à punição e à ira de Deus, seja por sua condição carnal inerente ou por suas obras pecaminosas. Portanto, no final das contas, somos todos merecedores do castigo divino vindouro (Ap 20.11-15), uma vez que o pecado possui como consequência a punição. O pecado sempre exige a morte de uma vida (Gn 2.17; Jo 8.24; Rm 6.23). Desde os tempos do Antigo Testamento, essa necessidade é evidenciada pela morte substitutiva e sacrificial de um inocente, cujo sangue derramado (Lv 17.11) servia como meio de pagamento pela injustiça praticada por outrem (Hb 10).

A solução de Deus para essa situação trágica é oferecer perdão, ajuda, graça, justiça e salvação a todos, mediante a redenção que há em Cristo Jesus. Motivado pelo amor, Deus enviou seu Filho ao mundo para que Ele viesse a morrer como sacrifício no lugar da humanidade, pagando o preço de seus pecados. Para receber essa dadiva graciosa de Deus, basta somente arrepender-se dos pecados e crer na obra expiatória de Cristo, reconhecendo nossa condição pecaminosa e nossa necessidade do perdão divino. Assim, inicia-se o processo de conversão, no qual passamos a viver para Deus, afastando-nos das práticas pecaminosas da carne, enquanto a imagem de Deus é gradualmente restaurada em nós até que, finalmente, alcancemos a perfeição plena na ocasião do retorno do Senhor Jesus (2 Co 3.18; Cl 3.10; Ef 4.13). Além disso, o Espírito Santo passa a habitar em nosso interior e nos ajuda em todas as coisas, especialmente a vencer a carne, o sistema do mundo e os demônios. Ele é o poder que promove as mudanças necessárias em nossas vidas por meio do Evangelho.

“Os que pertencem a Cristo crucificaram a carne, com suas paixões e concupiscências. Se vivemos em Espírito, andemos também em Espírito” (Gl 5.24-25). Na cruz, Jesus levou consigo nossa natureza carnal; logo, a carne e os desejos que nos escravizavam foram crucificados juntamente com Ele. O golpe final já foi aplicado! A Santíssima Trindade providenciou tudo o que é preciso para que possamos viver uma nova vida guiada pelo Espírito Santo, de maneira santa, íntegra e sem culpa — que é o que agrada a Deus.

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