Jesus Não Tinha Cabelos Longos

Ir. Eric Alexandre

A sociedade contemporânea esforça-se para definir a aparência física de Jesus Cristo, baseando-se em influências seculares, culturais e até em controvérsias, em vez de se fundamentar no que de fato está registrado nas Escrituras. A partir dessa abordagem, surgem diversas representações artísticas que tentam ilustrar a aparência de Cristo com base na imaginação e dedução humanas, sem considerar quem Ele realmente era segundo os relatos bíblicos. Esse processo gera várias interpretações erradas, como a suposição de que Jesus se adaptaria aos padrões culturais e, por vezes, imorais de sua época, levando à ideia errônea de que Ele teria cabelos longos e aparência esteticamente atraente, uma tentativa de romantizar Sua imagem por ser Deus. A tendência de romantizar a imagem de Cristo muitas vezes vem da ideia de que, embora estivesse na forma humana, Ele ainda era Deus, e por isso deveria ter uma aparência idealizada e atraente. Essa visão é fortemente influenciada por tradições artísticas e outras justificativas que visavam transmitir reverência e beleza divina através de características estéticas humanamente atraentes. Mas essa imagem deriva da história secular, imaginação e tradições humanas, e não dos verdadeiros relatos bíblicos.

Sobre a aparência física de Jesus, a Bíblia nos oferece uma descrição importante em Isaías 53:2b: “Ele [Jesus] não tinha qualquer beleza ou formosura que nos atraísse, nada em sua aparência para que o desejássemos. Ele era desprezado, o mais indigno entre os homens; um homem de dores e experimentado nos trabalhos. Como alguém de quem os homens escondem o rosto, foi desprezado, e não fizemos caso algum dEle. Verdadeiramente, Ele tomou sobre si as nossas enfermidades, e as nossas dores levou sobre si; e nós o consideramos aflito, ferido por Deus e oprimido.”  Tudo o que essa passagem nos diz é que Jesus tinha uma aparência comum e simples, sem atrativos físicos que chamassem atenção, e, por ser um “homem trabalhador” que suportou nossas "dores e enfermidades", é bastante provável que sua aparência fosse abatida e marcada pelo desgaste, dado que “ao Senhor agradou moê-lo, fazendo-o enfermar” (v. 10).

Isaías, ao profetizar sobre o Servo sofredor, descreve-o como alguém que surgiria em circunstâncias humildes, sem qualquer dos símbolos de realeza ou atributos físicos valorizados por uma sociedade caída que busca padrões superficiais de beleza. Sua verdadeira identidade só poderia ser percebida pela fé, pelo olhar daqueles que reconheceria Sua missão redentora e Seu indescritível valor. A maioria das representações modernas de Jesus não reflete com precisão essa imagem descrita nas Escrituras. Sendo judeu, é provável que Jesus tivesse pele morena mais escura, olhos e cabelos escuros. Essa descrição é bem diferente das obras modernas que o mostram com pele clara, cabelos longos castanhos ou loiros e olhos azuis, características idealizadas e divergentes do contexto cultural de um judeu do primeiro século.

Outro ponto relevante a ser considerado é a confusão entre os termos "nazareno" e "nazireu". Jesus era chamado "Jesus Nazareno" — indicando sua origem em Nazaré — e não "Jesus Nazireu". Ele não possuía o voto de nazireado. Os que faziam voto de nazireu deixavam o cabelo crescer em sinal de humilhação. Era precisamente um sinal de vergonha e simbolizava sua disposição em suportar opróbrio e zombaria pública.

DIFERENÇAS FÍSICAS ENTRE HOMEM E MULHER
Na criação, Deus estabeleceu características físicas e biológicas distintas para o homem e a mulher, com o propósito de diferenciá-los e, uma dessas diferenças, é o comprimento do cabelo. Em 1 Coríntios 11:7, está escrito: "O homem, pois, não deve cobrir a cabeça (ter cabelos longos), porque é a imagem e glória de Deus". Quanto à mulher: "Mas a mulher ter cabelo crescido lhe é honroso, porque o cabelo lhe foi dado no lugar de véu" (1Co 11.15). Com base nestas passagens bíblicas, já fica evidente de que Jesus, sendo plenamente Deus e plenamente homem, não teria cabelos longos em sua passagem aqui na terra, pois Ele mesmo estabeleceu essas distinções físicas entre homem e mulher desde a criação. O homem usar cabelos longos e a mulher mantê-los curtos é, de acordo com a Bíblia, uma desobediência à ordem divina, por modificarem o que Deus estabeleceu como padrão ideal para a humanidade. Quando a aparência vai além do natural e ultrapassa os limites estabelecidos por Deus, como ocorre com o uso de cabelos que contradizem o padrão divino, isso também é visto como o pecado da vaidade.

Em 1Co 11.4,14 lê-se: "Todo o homem que ora ou profetiza, tendo a cabeça coberta (cabelos compridos), desonra a sua própria cabeça. Ou a mesma natureza não vos ensina que é desonra para o homem ter cabelo crescido?".

O apóstolo não teria afirmado que "é uma desonra para o homem ter cabelo comprido" se Cristo tivesse cabelos longos como os das mulheres. Logo, a declaração de Paulo não entra em conflito com os costumes de Jesus, mas sim com as representações artísticas que foram elaboradas de Sua imagem, levando à crença equivocada de que Jesus tinha cabelos longos. O Senhor Jesus, sendo Deus e absolutamente separado de todo o pecado, jamais se conformaria com padrões culturais da sociedade em que viveu, caso esses fossem pecaminosos. Da mesma forma que o crente salvo não pode se conformar com o sistema pecador deste mundo, assim como Jesus não se conformou (Jo 17.14). Jesus é Santo, e ser santo significa ser separado. Ele não estava sujeito a usos e costumes culturais, tampouco teria adotado cabelos longos, uma vez que isso contraria o padrão estabelecido por Deus para os homens, mesmo que fosse um estilo socialmente aceito.

IMAGENS, ESCULTURAS E OUTRAS ILUSTRAÇÕES ARTÍSTICAS
A ideia de Jesus com os cabelos compridos foi, em grande parte, propagada e popularizada principalmente através de representações artísticas. Na época em que Cristo viveu na Terra, era comum que os judeus, especialmente os das classes mais altas, usassem cabelos mais longos. Contudo, essas ilustrações visuais não representam necessariamente retratos fiéis à realidade de Cristo; elas refletem suposições e interpretações pessoais dos autores. Quadros e imagens idolatras, produzidos por pessoas que não entendem nada de Bíblia, muito menos de Deus, retratam Jesus aparentemente bonito e com cabelos longos. Essas imagens derivam da imaginação de artistas seculares, ímpios e/ou crentes desconvertidos, que não possuem fundamentos ou evidências bíblicas para sustentarem suas representações.

A proibição de adorar outros deuses inclui a determinação de que nenhuma imagem desses deuses seja confeccionada (Dt 4.19, 23-28). Também é proibido que se faça qualquer imagem do próprio Senhor Deus, pois Ele é infinitamente grandioso para ser representado por algo feito por mãos humanas: "Não farás para ti imagem de escultura, nem alguma semelhança do que há em cima nos céus, nem em baixo na terra, nem nas águas debaixo da terra" (Ex 20.4). Não é permitida a criação de imagens de Deus ou de quaisquer criaturas com o intuito de adoração, oração ou auxílio espiritual (Dt 4.15-16). Esse mandamento, inclusive, abrange as três pessoas da Trindade: Deus Pai, Deus Filho e Deus Espírito Santo.

É impossível que uma imagem ou quadro represente corretamente a glória e o caráter de Deus (Is 40.18). Ele é tão transcendente, santo e insondável que qualquer tentativa de representá-Lo em forma visual desonra Sua verdadeira natureza e deturpa aquilo que Ele tem revelado sobre Si mesmo.

Deus, por conhecer a inclinação do coração e da mente humana à idolatria, advertiu em Dt 4.15-16: "Tenham muito cuidado e sejam diligentes, pois, no dia em que o Senhor lhes falou do meio do fogo em Horebe,, vocês não viram forma alguma; para que não se corrompam e não façam para si alguma imagem esculpida na forma de qualquer figura, semelhança de homem ou mulher". A tentativa de criar imagens de Deus, atribuindo-Lhe características físicas a partir da perspectiva humana, já representa um ato de idolatria. Essa transgressão torna-se ainda mais grave quando tais ilustrações retratam Jesus Cristo com cabelos longos e femininos. Esse é precisamente o ponto abordado por Paulo ao instruir os coríntios sobre a distinção físicas e biológicas entre macho e fêmea em 1 Coríntios 11.3-15. Paulo utiliza o comprimento do cabelo como um exemplo, destacando que deve haver uma clara diferença entre o cabelo masculino e o feminino. O cabelo longo para a mulher simboliza sua aceitação da dignidade e do valor que Deus concedeu ao gênero feminino, enquanto o cabelo curto para o homem reflete uma aparência masculina. Assim, o que ultrapassa esses padrões não está de acordo com os princípios estabelecidos por Deus.

A compreensão e as convicções do crente a respeito de Deus não devem ser fundamentadas em ideias seculares, histórias sem base bíblica ou imagens e pinturas que tentam representá-Lo, mas exclusivamente na Sua Palavra e na revelação que Ele fez de Si mesmo através da pessoa e obra de Jesus Cristo (Jo 17.3).

CONSIDERAÇÕES FINAIS
A ideia de que Jesus tinha cabelos longos é excessivamente excludente e antibíblica. Deus deseja que as diferenças na aparência física entre homem e mulher sejam observadas. No meio secular, isso pode variar de acordo com a cultura, onde os ímpios vivem conforme suas vontades, desconsiderando os padrões de Deus. Contudo, independentemente da cultura ou sociedade, os padrões morais de Deus são eternos e imutáveis. Jesus, sendo Deus e o Criador que estabeleceu as distinções biológicas entre homem e mulher, jamais se sujeitaria aos costumes culturais de sua época, caso esses contrariassem os princípios divinos. Pelo contrário, Ele era completamente separado de práticas culturais que não condiziam com a santidade; ainda assim, permanecia próximo e acessível ao povo, os evangelizando, curando, ensinando, libertando e exortando todos aqueles que o buscavam, sempre almejando a salvação das almas.

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