Televisão e Pecado: Um Olhar Bíblico

Ir. Eric Alexandre

São os olhos e ouvidos que consomem todo esse conteúdo. O olho é o meio que o corpo dispõe para receber luz ou trevas, e Jesus, o Senhor, sabendo de sua disposição em reter o que vêm de fora, deixou-nos um ensino demasiado importante quando disse: “A candeia do corpo são os olhos; de sorte que, se os teus olhos forem bons, todo o teu corpo terá luz. Se, porém, os teus olhos forem maus, o teu corpo será tenebroso. Se, portanto, a luz que em ti há são trevas, quão grandes serão tais trevas!” (Mt 6.22-23). O coração do ser humano está sujeito a desejar aquilo que os olhos veem e os ouvidos ouvem. Os olhos e ouvidos são as portas de entrada para o que vem de fora, e dependendo do caráter da pessoa que recebe esses estímulos, isso pode ser bom ou muito ruim.

Os olhos estão englobados com duas dimensões da vida humana: os olhos bons (espirituais), ou os olhos maus (carnais):

I – Um crente convertido e transformado pelo Senhor, cujo caráter é bom e seus olhos são espirituais, não fita intencionalmente seus olhos no pecado, antes, ele o repele: “Não colocarei coisa má na frente dos meus olhos...” (Sl 101.3a). Esse cristão tem seu corpo santificado e cheio de luz (v. 22). E ainda que seus olhos e ouvidos estejam expostos e sujeitos a receberem os mais variados estímulos do pecado enquanto ele viver neste mundo caído, ele não os absorve para dentro de si, antes, os rejeita. Seus olhos e ouvidos funcionam como um bloqueio, e o Espírito Santo lhe toca a cada momento.
Esse cristão entende que, antes dele, Deus abomina o pecado de tal maneira que virou a Sua face de Jesus (linguagem figurativa) quando Ele estava pendurado no madeiro carregando em si todo o pecado da humanidade (Mt 27.46). Essa ocasião ilustra a imensa aversão que Deus têm ao pecado, e o cristão deve ter o mesmo, virar os seus olhos e tapar os seus ouvidos para o pecado.

II – Já o crente desconvertido e degenerado, cujo caráter é mau e seus olhos são carnais, coloca o pecado intencionalmente na frente dos seus olhos e dos seus ouvidos, consente e é familiarizado com ele. Seus olhos são destinados, principalmente, às coisas matérias, acompanhados pelos olhares desejosos, malignos, vingativos, afins. O corpo desta pessoa é trevas e seus olhos absorvem o que é mau. Eles sempre desejam contemplar aquilo que é agradável à carne: “como o inferno e a perdição nunca se fartam, assim os olhos do homem, nunca se satisfazem (Pv 27.20). E a carne, por sua vez, deseja tudo aquilo que contrapõe-se a Deus: “Porquanto a inclinação da carne é inimizade contra Deus, pois não é sujeita à lei de Deus, nem em verdade o pode ser. Portanto, os que estão na carne não podem agradar a Deus. Vocês, porém, não estão na carne, mas no Espírito, se é que o Espírito de Deus habita em vocês. Aquele que não tem o Espírito de Cristo, esse tal não é dEle” (Rm 8.7-9). Todo aquele que tiver olhos ímpios, certamente perecerá (Jó 11.20).

O olhar impróprio é resultado da natureza caída e depravada pelo pecado. E, é exatamente sobre essa natureza que Jesus exortou em Mateus 6.23 dizendo: “Se, porém, os teus olhos forem maus, o teu corpo será tenebroso. Se, portanto, a luz que em ti há são trevas, quão grandes serão tais trevas!”. Esse estado deriva da natureza caída e da absorção dos crescentes estímulos pecaminosos (Gn 6.5). O convívio constante com o pecado faz com que ele impregne na mente e no coração da pessoa, tornando está cada vez mais trevas e propensa ao pecado (Pv 5.22-23). Tratando-se do crente, essa situação torna-o insensível, duro, o que o impede de discernir eficazmente entre o que é pecado e o que não é. Muitos crentes encontram-se nesta condição, onde, para eles, boa parte dos conteúdos transmitidos no televisor são relevantes, informativos, inofensivos e dê valor; ledo engano! Isso são sintomas de quem já está cego pelo engano do pecado (Ef 4.17-20).

Hebreus 3.13 está escrito: “...para que nenhum de vocês se endureça [fique insensível] pelo engano do pecado”. Um coração endurecido sempre condena a verdade que lhe condena. Um coração duro se torna mais duro diante da verdade que lhe expõe.
Uma vez que a mente é cauterizada pelo pecado, sua prática é quase que inevitável. Inclusive, o indivíduo além de consentir com o pecado, acaba defendendo a prática dele — isso ocorre com frequência em Igrejas evangélicas cujos defensores, já num estado de endurecimento, não conseguem reconhecer que estão em pecado; com isso, não sentem a necessidade de um arrependimento genuíno seguido da conversão do erro. E quanto ao televisor, continuam defendendo seu uso alegando que nem tudo que é transmitido ali não é pecado ou faz alusão a ele; e que é possível usufruir da TV sem corromper-se ou aceitar o pecado exposto por ela. Esse pensamento é típico do crente carnal, que não deseja fazer a vontade de Deus despindo-se das concupiscências dos olhos e da carne (1Jo 2.15-16); acerca dos tais a Bíblia ensina: “E não se espantem em nada quanto aos que resistem, o que para eles, na verdade, é indício de perdição, mas para vocês de salvação, e isto de Deus” (Fp 1.28).

O Espírito Santo constantemente adverte a respeito do pecado, da justiça e do juízo (Jo 16.8-11). Se o cristão for indiferente, seu coração se tornará cada vez mais duro e rebelde a ponto de se tornar insensível à Palavra de Deus ou aos apelos do Espírito Santo (Hb 3.7). A verdade, a santificação e a consagração a Deus já não serão prioridades. A tendência será a busca de prazer e satisfação pessoal no caminho do mundo e não no caminho de Deus (Hb 3.10).

A TELEVISÃO E A INFLUÊNCIA
Influência é a ação de um agente sobre alguém ou alguma coisa que pode suscitar-lhe modificações. Uma vez que se consegue entrar na mente de uma pessoa através de persuadi-la, acaba-se influenciado está por inteiro; e é basicamente disso que se trata os conteúdos midiáticos. Em Gálatas 5.7-9 está escrito: “Vocês corriam bem. Quem os impediu de obedecer à verdade? Esta persuasão não vem daquele (Jesus) que os chamou. Um pouco de fermento leveda toda a massa”. Esse é o poder da influência!

O diabo é mestre na arte da persuasão e usa muito bem isto através das más influências. Seus enganos ocorrem desde os céus, teve sua participação na queda da humanidade quando no Éden, e durará até o fim dos tempos (Ap 20.8-10). Na queda da raça humana, por exemplo, ele dirigiu-se à Eva para persuadi-la com seus enganos. E como sempre o fez, “usou a verdade de modo distorcido”, “usou a verdade com outro sentido” para cativar e influencia-la ao erro conseguindo provocar a queda da raça humana pelo engano. Esse é um dos métodos principais que o inimigo dispõe para desviar as pessoas do caminho de Deus e de Sua verdade.
Como fora tratado acima, a Bíblia ensina que satanás engana e cega a mente humana para que não compreendam as verdades divinas: “Nos quais o deus deste século (diabo) cegou os entendimentos dos incrédulos, para que não resplandeça a eles a luz do evangelho da glória de Cristo, que é a imagem de Deus” (2Co 4.4). E como o diabo faz isso? Através do pecado! Ele ganha força e escraviza pelo pecado (At 26.18; Ef 2.2-3). Ele deixa a pessoa endurecida, insensível, quase incapaz de reconhecer que está em pecado (Hb 3.13). Tal como Moisés falava com Javé face a face (Dt 5.4; 34.10), o diabo, através da televisão, fala cara a cara com os povos, cegando-os e persuadindo-os a andarem conforme a sua intenção maligna.

No entanto, não se trata somente da influência maligna que age por trás dos conteúdos apresentados no televisor, mas também a influência ímpia acontece no mesmo nível. Na verdade, o televisor é um aparelho que expõe conteúdos ímpios, sua programação é permeada pelo modo de viver, assuntos, padrões e costumes ímpios. São conteúdos nocivos para quem serve a Deus e, portanto, incabíveis ao crente. A TV e outros dispositivos midiáticos possuem amplo alcance e forte eficiência em influenciar. Nesse sentido, muitos poderes governamentais, sociais e financeiros estão por trás (intencionalmente) de tudo que é transmitido por esses meios. Tal mídia se faz cada vez mais presente no cotidiano social, tornando-se um verdadeiro instrumento maligno de manipulação e dominação cultural. As informações recebidas pelas mais diferentes mídias, principalmente pela televisão, exercem forte influência no modo de pensar, nos hábitos e nos costumes da população com grande poder e domínio, ditando regras de conduta, ética, moral, entretenimento e de consumo, constituindo-se num preocupante veículo de transmissão de informação e de formação de opinião, pois, sabe-se que o seu grande papel não é apenas noticiar ou entreter, mas formar novos conceitos e padrões sociais. A função primordial do televisor não é apenas distrair, mas influenciar seus receptores defendendo “os interesses de uma classe ímpia hegemônica dominante”. Seus temas são profanos, ideológicos e pretensiosos, o cristão não deve aceitar a televisão. Suas programações vão além de formas sadias de entretenimento, elas são ocultamente espirituais e malignas; deixar-se influenciar por esses conteúdos é o mesmo que retroceder à impiedade (Hb 10.26-39).

A TELEVISÃO E AS ENFERMIDADES
O pecado trouxe consequências individual e coletiva que se estendeu a toda a humanidade, e uma destas consequências são as enfermidades.

Doentes emocional e sentimentalmente. Na atualidade, vê-se tantas pessoas emocionalmente instáveis, sentimentalmente destruídas; outras sonham com condições ou histórias perfeitas, as quais são impostas pelos filmes, novelas, seriados e afins. São pessoas cobiçosas, nutridas com conteúdos irreais emitidos na televisão, nas plataformas streamings, nas redes sociais, em músicas seculares e afins. Conteúdos que estimulam a mentalidade pecaminosa, que afetam a essência mais profunda do telespectador (Mt 6.23; 15.19; Pv 4.23) o levando, muitas vezes, a depressão, apatia, vaidade, ansiedade, intolerância, medo, soberba, imoralidade, inveja, avareza, egoismo, entre outros sentimentos.

Doentes fisicamente. E não apenas isso, a televisão é prejudicial, inclusive, à saúde do ser humano. Pesquisadores do Laboratório de Nutrição e Comportamento do Departamento de Psicologia e Educação da Faculdade de Filosofia, Ciência e Letras de Ribeirão Preto –SP [unidade da USP] atestam que maus hábitos alimentares estão associados a diversos danos à saúde, entre eles, a obesidade, cujos índices têm crescido nas últimas décadas como resultado do aumento no consumo de alimentos com alta densidade calórica e redução na atividade física. Há demonstrações de que, entre outros fatores, o tempo que uma pessoa passa sobre o celular, o computador ou assistindo TV, estar associado à obesidade: cada hora diante desses dispositivos pode ser associada, em média, a um aumento de até 2% na prevalência de obesidade. A obesidade torna-se um problema de saúde pública agravado pelo fato de a TV exercer grande influência sobre os hábitos alimentares e promove o sedentarismo [atividade ou sistema de vida que exige pouco movimento; caracterizado pelo imobilismo, pela falta de movimentação muscular] [...] os meios de comunicação influenciam o estilo de vida e, principalmente, o comportamento alimentar [...] cerca de 60% dos alimentos veiculados na TV estavam classificados na categoria de gorduras, óleos e açúcares.

A TELEVISÃO E O PECADO
A televisão é um dos dispositivos expositores e propagadores do pecado mais dinâmico e extensivo que existe. Trata-se de um dos maiores instrumentos de cobiça cujas pessoas encontram-se obcecadas na contemplação visual da imoralidade, iniquidade, luxúria, brutalidade, violência, pornografia, vaidade e tantos outros tipos de pecados como meio de satisfazer sua concupiscência e desejo pelo prazer pervertido. Na televisão, cinema, computador, celular, livros e revistas o povo contempla todo tipo de impiedade. Mas, diferente de todos os outros meios referidos acima, no aparelho televisor não têm como seu agente controlar totalmente o conteúdo visualizado. A pessoa fica à mercê de todo tipo de pecaminosidades difundidas pelas emissoras de televisão.

Em Deuteronômio 7.26 está escrito: “Não porás, pois, abominação em tua casa, para que não sejas maldito, assim como ela; de todo a detestarás, e de todo a abominarás, porque ela é maldita”. O pecado é abominação para Deus, e o televisor é um excretor de pecados (Sl 5.4-5). O contexto da passagem em apreço diz respeito ao pecado de idolatria. Abominação é um ato revoltante, detestável e horroroso diante de Deus. Idolatria é tudo o que toma o primeiro lugar de Deus no coração do ser humano (Mc 12.29-30). Indiscutivelmente, as mídias passaram a ser um ídolo na vida de muitos crentes ao ponto de não conseguirem mais ficar sem elas (Cl 3.5). O tempo de orar, de ler a Bíblia, de louvar, de evangelizar, de cultuar ao único e verdadeiro Deus é tirado pelas plataformas midiáticas (Ef 5.16); portanto, tornam-se ídolos, e a televisão tornou-se abominação dentro das casas que deve ser tirada. Ela é uma idolatria que leva a outras idolatrias. Assim como as religiões pagãs prestam cultos às suas falsas divindades (cf. Rm 1.21-25), a humanidade dispensa culto, tempo, disposição, ansiedade, vibrações e apego excessivo — subentende-se que tudo engloba adoração — aos dispositivos midiáticos. No lugar de ídolo, a televisão encarnou a posição de “deus” da sociedade. Depreende-se que ela é “admirada, respeitada, buscada e desejada; possui maior expressão em ditar normas e padrões sociais”. Ela controla os ímpios ditando o modo que devem viver, sacando deles totalmente a razão não deixando pensarem por si.

Em Salmo 101.3 está escrito: “Não colocarei coisa má na frente dos meus olhos. Detesto as atitudes daqueles que se desviam. Não se apegará a mim”. Não é permitido nem pôr diante dos olhos, quanto mais possuir um aparelho transmissor de cenas de sexo, infidelidades conjugais, relações e/ou desejos antinaturais, violências físicas e psicológica, as quais são veiculadas pelos filmes, desenhos, telenovelas, seriados, emissões televisivas, reality shows, notícias jornalísticas e afins. A revista Science, em sua edição de 2001, trouxe uma pesquisa evidenciando como a TV altera substancialmente o comportamento das pessoas. Foi demonstrado a resultante dos diversos males causados pelo televisor à saúde geral do ser humano, entre eles: propensão à demência, obesidade, medo, hipertensão arterial, violência, tabagismo, conflitos familiares, ansiedade, depressão e sexualidade precoce.

A sexualidade, por exemplo, é a depravação e corrupção moral presenciada em quase todas as cenas da TV. Em um simples comercial as cenas de nudez aparecem, e com isso, ocorre a erotização do ambiente, em que adolescentes, jovens e até muitos casados não seguram os ardentes e constantes desejos — contrários à natureza, à moral — deixando-se dominar pela libido. Considere que o simples fato de olhar atentamente para uma pessoa e lhe desejar já está cometendo imoralidade sexual (Mt 5.28). Porquanto, mediante a exposição a filmes, novelas, seriados, comerciais ou cenas sensuais, logo desperta os desejos. À exemplo disso, no momento que uma mulher contempla na TV um homem desnudo — ou exatamente nu —, em muitos casos ela o deseja, pois foi estimulada sexualmente. O mesmo se dá com um homem que contempla uma mulher seminua, desnuda ou propriamente nua, ele é excitado sexualmente. Ora, esse procedimento é posto em xeque defronte às palavras do Senhor Jesus: “qualquer que atentar numa mulher (ou homem) para cobiçá-la(o), já cometeu adultério com ela em seu coração” (Mt 5.28). Por isso, a TV é um esgoto que jorra imundícia, prevaricação, devassidão, depravação, e maldição dentro dos lares. De sorte que os “crentes carnais” bebem suas águas sujas e podres. Não há escapatória: por meio da televisão, os olhos ficam “cheios de adultério e não cessam de pecar” (2Pd 2.14).
Jesus vai voltar subitamente, ou seja, inesperadamente, e se o Filho de Deus apanhar os crentes vendo tais cenas sensuais que somente por olharem e desejarem cometem adultério segundo o próprio Cristo: será que subirão? Tem como o cristão estar vigiando em frente à televisão quando Jesus vier? Temos que servir a Deus sem distrações (1Co 7.35), estar preparados (Mt 24.43-44) e vigilantes (Mt 25.10-13), fugindo de tudo que aparenta ser mal (1Ts 5.22).

— Isaías 33.15-16: “O que anda em justiça, e o que fala com retidão; o que rejeita o ganho da opressão, o que sacode das suas mãos todo o presente; o que tapa os seus ouvidos para não ouvir falar de derramamento de sangue e fecha os seus olhos para não ver o mal. Este habitará nas alturas; as fortalezas das rochas serão o seu alto refúgio, o seu pão lhe será dado, as suas águas serão certas”. Além disso, os telejornais também são grandes veículos fomentadores da maldade e da violência. Não convém ao crente ficar contemplando a maldade, ela não edifica a sua vida em nada (informação e notícias ele deve buscar com prudência no computador ou dispositivos moveis). Crimes, violências e atos de morte indignam a Deus (Gn 6.11-13). Os jornais mostram somente destruição, mortandades, violência, injustiças, sangue, tragédias e morte; por conseguinte, a sociedade fica sensível, vive aterrorizada, amedrontada e insegura, onde deixa de confiar em Deus como seu protetor e ainda blasfema d’Ele, culpando-o por tais atrocidades (Sl 10.3-4; Lm 3.39-42). Mesmo os evangélicos dependurados na TV, escandalizam-se pelos horrores que ela transmite.

— Marcos 9.47: “E, se o seu olho te escandalizar, lança-o fora; é melhor você entrar no reino de Deus com um olho só, do que ter os dois, e ser lançado no fogo do inferno”. Se alguma coisa traz a possibilidade de se pecar, ela deve ser evitada. Com ênfase, o Senhor Jesus ensinou que o mal deveria ser cortado pela raiz e não tolerado. Há, porém, crentes que utiliza de pretextos para assistir certos programas televisivos. Usam, por exemplo, o texto de 1 Tessalonicenses 5.21: “Examinem tudo. Retenham o bem” como forma de permissividade para alimentarem os desejos da sua carne mantendo em sua vida aquilo que não edifica, ao contrário, que leva ao pecado. O cristão não pode ser amigo do sistema mundano (Tg 4.4), não pode satisfazer os desejos da sua carne (Rm 8.5-8), antes deve fugir de todos eles: “Se abstenham de toda a aparência do mal” (1Ts 5.22). A televisão apresenta o pecado de modo deliberado por isso é maligna. Se abster do televisor é se abster do pecado não dando ocasião para ele. Evitar tudo que induz ao pecado é um dos primeiros passos quem deseja viver vitorioso contra o pecado.

A TELEVISÃO E AS CRIANÇAS
Posto que os olhos e ouvidos absorvem a impiedade, às más influências e a depravação, e que satanás é o agente principal por trás de quase todo o material televisivo, não se deve, “de maneira nenhuma”, deixar as crianças na frente deste aparelho; ainda mais por serem pessoas cujo caráter e a personalidade está em desenvolvendo. A probabilidade em se reter os conteúdos pecaminosos e influenciadores da televisão são exponencialmente maiores. Tais conteúdos são muito prejudiciais à criança, principalmente, por não terem sua inteira capacidade de opinião e escolha própria. Tudo que é empregado nos meios midiáticos são absorvidos significativamente pela criança. Esses estímulos estruturam suas funções cerebrais intervindo diretamente na formação da sua índole e identidade.
Haja vista o banquete satânico que é oferecido às crianças e aos adolescentes que ficam diante da televisão. As plataformas midiáticas, sem o uso correto, incitam as crianças a cometer crimes, atos violentos, rebeldia, brigas e atos de morte. Em específico, através do televisor, as crianças e os adolescentes são “alimentados pela maldade e saciados pela violência” (Pv 4.17).

Os filhos devem ser educados nos padrões estabelecidos pela Palavra do Senhor: “Criai-os na doutrina e admoestação do Senhor” (Ef 6.4). Os pais precisam ensinar seus filhos a reter as verdades do Evangelho, pois a responsabilidade é deles (cf. Pv 4.3-4). Os filhos têm de conhecer o Deus de seus pais desde a idade mais tenra, e não apenas isso, mas servi-Lo com coração perfeito e alma voluntária (1Cr 28.9), no entanto, isso não é possível se estiverem aos caprichos da televisão ou outros dispositivos midiáticos. Estas plataformas mostram, meramente, tudo que vai contra ao Evangelho do Senhor.
Os pais que expõem seus filhos aos manjares maléficos oferecidos pela mídia secular não esperem um dia ter um pregador, um homem de oração, um cristão devoto e piedoso dentro de casa, mas, dentre muitos males, poderá ter um cometedor de crimes e/ou de atos violentos; um filho com comportamento agressivo, desobediente, briguento e baderneiro.

Frente a um aparelho televisor, uma criança testemunhará mais de 200 mil atos de violência, incluindo 16 mil assassinatos, antes que atinja os 18 anos de idade. Os programas de TV para crianças contêm cerca de 26 ações violentas a cada hora. Em média, durante o horário nobre, há cinco atos violentos. O Estudo Nacional sobre Violência na Televisão fez um perfil dos programas de televisão numa ampla gama de canais, e concluiu que 34% dos programas gerais e 66% dos infantis continham violência. Em 1992, o médico Brandon Centerwall, da Escola de Saúde Pública da Universidade de Washington, EUA, coletou dados demográficos de vários países. Ele descobriu que as taxas de homicídio duplicaram no período de 10 a 15 anos após a introdução da televisão, mesmo que ela tenha sido introduzida em épocas diferentes em cada um dos locais examinados. O aumento só ocorreu depois que a televisão foi inserida na sociedade e não pode ser explicado por outros fatores sociais.

As Escrituras afirmam: “A candeia do corpo são os olhos; de sorte que, se [...] os teus olhos forem maus, o teu corpo será tenebroso” (Mt 6.22-23). Logo, como serão as ações de uma criança que assistiu aos milhares de atos de violência desferidos pelas mídias, incluindo os milhares de assassinatos e cenas pornográficas a cada instante? Por isso há tantos crimes bárbaros sendo praticados por crianças atualmente; outras se tornam criminosas, traficantes, delinquentes e praticam as mesmas ações assistidas no aparelho televisor, porquanto pensam que a realidade é tal como visto, afinal, torna-se algo natural para elas.

A formação moral, ética e espiritual dos filhos têm seu sustentáculo no modelo apresentado pelos exemplos e ensinos dos pais (Cl 3.20), que devem doutrinar seus filhos a trilharem o caminho da vontade do Senhor: “Instrui o menino no caminho em que deve andar” (Pv 22.6). A criação dos filhos num ambiente cristão, consagrado e com fervor espiritual é tarefa dos pais, de modo que é um ato contínuo até o Evangelho ser fincado e compreendido: “E ensinai-as (Palavra de Deus) a vossos filhos, falando delas em tua casa, andando pelo caminho, e deitando-te, e levantando-te” (Dt 11.19).
É possível ensinar as crianças nas veredas de Cristo sem lhes arrancar a infância. O Senhor almeja tão-somente a pureza na parte doutrinária de nossas crianças (Pv 20.11). Samuel fora criado no caminho de Deus (1Sm 2.11). Rode, desde a infância, participava dos cultos de oração na Igreja Primitiva (At 12.13-14). Timóteo desde menino aprendeu as Santas Escrituras para o caminho da salvação (2Tm 1.5). Timóteo foi ensinado desde a infância a ter a fé verdadeira, a amar o Senhor Jesus, a debruçar-se durante sua vida na Palavra de Deus (2Tm 3.14-15). Os cultos domésticos converteram Timóteo num fervoroso cristão até a morte.
Contudo, atualmente trocaram o altar da oração pelo altar da televisão, do computador e do celular, e veja o resultado na sociedade secular e nos filhos de inúmeros crentes. Logo, é sobre o Deus único e verdadeiro — o Deus da Bíblia — que os pais têm de fundamentar a vida de seus filhos.

CONSIDERAÇÕES FINAIS
O cristão que busca a santificação do seu corpo, alma e espírito procura desviar seus olhos e ouvidos de tudo aquilo que não edifica a sua vida, que induz ou é o pecado propriamente dito. A televisão, além de não trazer nenhum benefício moral e espiritual, alimenta os maus desejos da carne, fazendo com que a pessoa fique exposta às imagens e situações que são contra a Palavra de Deus.
Durante um programa televisivo, o telespectador fica à mercê de cenas de violência, sexo, bebida alcoólica, drogas ilícitas, tabagismo, consumismo, adultério, glutonaria, vaidades, e tantas outras coisas. Portanto, a programação televisiva é um mal que necessita ser combatido. O cristão deve se portar com sabedoria dentro de sua casa, não trazendo o mundanismo para dentro dela e de si mesmo (Tg 4.4; Mt 15.19), nem colocando coisa má diante dos olhos (Sl 101.1-3). Esse princípio também é valido para outros meios como: celular, computador ou outros dispositivos conectados à internet, deve-se ter diligência e sensatez ao utilizá-los.

“Não colocarei coisa má diante dos meus olhos...” (Sl 101.3). A televisão torna-se maligna uma vez que aproximadamente toda a sua programação faz alusão ao pecado, à maldade, à injustiça, à idolatria, ao paganismo, à ostentação, à violência, à revolta, à desunião, ao homossexualismo, à luxuria, aos vícios, à avareza, aos jogos de azar, ao espiritismo, à feitiçaria, à soberba, à ambição, ao egoísmo e aos demônios. Nessa lista, pode-se incluir ainda todos os pecados da carne descritos em Gálatas 5.19-21: “...e coisas semelhantes a estas [...] acerca de tudo isso vos declaro, como já disse antes, que os que praticam essas coisas não herdarão o reino de Deus (v.21). Estes pecados estão presentes no aparelho televisor e as pessoas ficam sujeitas a eles, visto que uma das finalidades da TV é estimular o consumo e, portanto, os maus desejos da carne e dos olhos. Essas coisas não são de Deus e a Bíblia é muito clara quanto a isso.

Uma questão muito importante que deve ser considerada pelo cristão no tocante a assistir televisão, é o pecado por consentimento. Consentir com o pecado é o mesmo que pecar junto (Lc 23.50-51; At 8.1; 22.20; Rm 1.32). Consentir é aceitar e apoiar o pecado dos outros. Esse é o último grau da depravação, deleitar-se com a concupiscência e a iniquidade alheia. É o pecado como forma de entretenimento.
A palavra “consentem” (gr. suneudokeo), significa “concordar”, “aceitar” ou “solidarizar-se”, indicando o prazer nos pecados dos outros, ora prevalecente nos dispositivos midiáticos e periódicos, como também no sistema mundano. Em nossos dias, sabemos quão grandes danos são produzidos pelas cenas imorais que dominam a mídia do entretenimento; mesmo assim, muitos consentem nisso, tendo nelas prazer. Aquele que se diverte olhando outras pessoas pecarem e cometerem atos malignos, mesmo sem os praticar pessoalmente, se não se arrepender e se converter deste erro, receberá a mesma sentença divina que aqueles que as cometem.
Diante disso, aqueles (sobretudo os que professam fé em Cristo) que se divertem com as práticas imorais dos outros, mesmo sem cometê-las, contribuem diretamente para predispor a opinião pública à imoralidade e, portanto, à corrupção e, por fim, à condenação eterna. Esse pecado é digno de morte (Rm 1.32) e será desmascarado e condenado no dia do juízo: “para que sejam julgados todos os que não creram na verdade, antes tiveram prazer na iniquidade (2 Ts 2.12).

Muitos crentes encontram dificuldade em largar o aparelho televisor e se desfazer dele, mas se abster da televisão é se abster do pecado. Neste caso, o maior encarregado em nos libertar desse mal é Jesus. A partir do momento em que assumimos o compromisso de viver em santidade à Deus, o Espírito Santo nos ajuda a reprimir toda inclinação à carne (Rm 8.5-6).
Desfazer-se do televisor é fechar as brechas que os olhos e os ouvidos da natureza caída podem abrir, é fechar as brechas que o diabo pode encontrar: “Não deis lugar ao diabo” (Ef 4.27), não concedendo a ele oportunidades, porque, atualmente, o televisor, assim como outros dispositivos (se mal utilizados), são suas maiores armadilhas para enlaçar almas e ceifar vidas mediante escravidão do pecado (At 26.18; Ef 2.1-3).

Do grego tele “distância” e do latim visio “visão”, o termo televisão refere-se ao aparelho televisor, que opera por meio de um sistema de transmissão de imagens e som à distância através de ondas hertzianas. Seu primeiro protótipo surgiu em meados de 1922 por Philo Farnsworth, e seu desenvolvimento já leva mais de um século. É um produto resultante da evolução eletrônica desde o início do século XX.
O nome “televisão” foi dado ao aparelho porque ele permitia transmitir imagens (e posteriormente sons) pelo ar, por meio de ondas magnéticas, de um local para o outro, assim, sendo um aparelho de visão e audição à distância.

A televisão fora um aparelho que começou a ganhar o mundo após o surgimento das emissoras de TV que transmitiam os chamados “shows” feitos ao vivo. A partir disso, tornou-se o maior meio de entretenimento e emburrecimento pessoal já existente. Pode-se garantir que a televisão foi um dos inventos que mais contribuiu para fazer do planeta uma imensa aldeia global. Tornando-se acessível à grande maioria das pessoas, constituindo-se numa forma de companhia, entretenimento, informação e de formação; onde influenciou, especialmente, a educação e a cultura de inúmeras nações — sua influência é inegável. Todos os conteúdos expostos nela abrangem hoje, a nível mundial, e, em sua totalidade, esses conteúdos são minuciosamente intencionais e influenciadores. A TV opera de maneira eficientíssima, ao menos nos mais elevados graus de sua abrangência. Ela lança mão de absolutamente todos os meios que lhe estejam disponíveis, sejam científicos, técnicos, jornalístico, políticos, entretenimentos, sociais ou econômicos. Ela segue uma estratégia perfeitamente preordenada e todos os conteúdos que vão ao ar dispõem, no mínimo, de planejada pretensão.

A TELEVISÃO E OS ÓRGÃOS RECEPTORES
Os olhos e ouvidos são alguns dos principais órgãos sensoriais que absorvem eficazmente os estímulos externos. Eles são parte dos órgãos receptivos que se alojam perto do processamento mental (pensamento, raciocínio), e a maior parte das coisas que ocupam a mente vêm daquilo que se olha ou que se ouve. Esse sistema sensorial é um conjunto de órgãos dotados de células especiais, e através dos receptores cada indivíduo capta e absorve estímulos e informações do ambiente que o cerca e do seu próprio corpo. Esses estímulos são transmitidos na forma de impulsos elétricos até o sistema nervoso central, que por sua vez processa as informações traduzindo-as em sensações gerando respostas e estruturas neurais. Esses impulsos são como o código Morse, onde o cérebro pega esse código e o transforma na realidade do indivíduo.

Com isso em mente, considere que todos os estímulos externos nos quais estamos sujeitos podem influenciar, de certo modo, nosso modo de pensar suscitando-nos a adotar padrões que contrariam a Palavra de Deus, e esse foi o caso de Eva. Quando abrimos a Bíblia em Gênesis 3.1-7, percebemos que após ao estímulo — que ocorreu como tentação propriamente dita — lançado pela serpente aos olhos e ouvidos de Eva, foi concebido o primeiro pecado depois que ela fixou seus olhos cobiçosamente em algo que Deus havia proibido. Ela sabia que não era para comer o fruto (vs. 2-3), mas seus olhos deslumbraram-se com a beleza e a possibilidade que segundo a serpente havia nele: E a mulher viu que aquela árvore era boa para se comer, e agradável aos olhos, e árvore desejável para dar entendimento...” (v. 6). Esta exposição fez com que Eva desejasse o fruto a ponto de questionar a ordem divina de não comê-lo.
Por trás da situação estava o inimigo tentando a Eva, lhe apresentando aos olhos e ouvidos o que viria a ser o pecado que comprometeria toda a humanidade. Os olhos de Eva cobiçaram o fruto, seu coração o desejou, e isso resultou na atitude de o pegar e comê-lo — a cobiça dos olhos também é descrita em 1Jo 2.16 e está presente no sistema mundano cuja televisão faz parte. Da mesma forma que Eva, muitas pessoas ao se submeterem voluntariamente ao que não se deve, acabam caindo na tentação do inimigo, quando atraídas e engodadas pela sua própria concupiscência (Tg 1.14-15). Assim como sucedeu com Eva, o diabo usa o aparelho televisor para tentar às pessoas ao pecado.

Temos também o caso de Ló, que escolheu, segundo o seu coração, as planícies de Sodoma e Gomorra. Ele levantou seus olhos cobiçosos e viu o que havia de mais agradável, bonito e vigoroso. Viu as belas planícies de Sodoma como eram bem regadas e cheias de vida. Sua escolha foi tomada com base em sua visão carnal, que posteriormente resultou em ruína (Gn 19.24-38). O que ocorre é que a maioria das tentações sobrevém em cima das concupiscências dos olhos (1Jo 2.16); o diabo, sabendo disso, apresenta frequentemente na televisão os pecados cobiçosos aos olhos do telespectador que, por conseguinte, consome tal impiedade e isso lhe corrompendo a mente e o coração, os quais se tornam profundamente contaminados (Mt 15.19).
No caso de Ló, ele conseguiu ver somente a campina bem regada de Sodoma. Deus, porém, viu os habitantes daquela cidade como grandes pecadores que eram (v. 13). Ló, ao deixar de discernir e aborrecer o mal, sujeitou-se ao pecado trazendo morte e tragédia à sua própria família. A grande falha de Ló foi se submeter ao pecado considerando que as vantagens pessoais eram melhores do que fugir da iniquidade de Sodoma. Se ele tivesse amado profundamente a santidade, isso o manteria separado dos maus caminhos e daquela geração ímpia. Ele, porém, tolerou o mal e optou por morar na cidade decaída de Sodoma (v. 13). Talvez tenha raciocinado que as vantagens materiais, culturais e prazerosas de Sodoma compensariam os perigos, e que ele tinha forças espirituais suficientes para permanecer fiel a Deus. Com isso, ele juntamente com sua família, ficaram submetidos à imoralidade e à impiedade de Sodoma. Só então, ele aprendeu a amarga lição de que sua família não era forte o suficiente para resistir às influências malignas de Sodoma (19.24-38). Isso acontece bastante nos dias atuais quando se aceita o sistema mundano ou se está sobre a forte influência das plataformas midiáticas, principalmente, sobre às artimanhas da TV. Sem dúvida, o convívio achegado das filhas de Ló com os ímpios habitantes de Sodoma, fê-las adotar baixos padrões morais de conduta, o que sucessivamente culminou em incesto (Gn 19.30-38). Por Ló ser indulgente com a impiedade, ele perdeu a família e teve uma descendência ímpia (moabitas e os amonitas).

Diferente de Ló, o cristão não pôde ser indulgente quanto ao pecado. E o aparelho televisor é um grande meio que o diabo usa para instigar as pessoas ao pecado. Quando a pessoa fica sujeita aos muitos estímulos pecaminosos desferidos pelo aparelho televisor ou por outros dispositivos midiáticos, esses estímulos entram na sua mente e no seu coração, o que estrutura também suas funções neuronais as condicionando a um estado de insensibilidade total ou parcial à Palavra de Deus. Nesse estado, o crente, por exemplo, se torna incapaz de reconhecer determinados aspectos do pecado, o qual se transfigura em algo próximo ao normal. Seja consciente ou inconscientemente, quando se absorve constantemente o engano do pecado, a resultante disto pode ser um coração endurecido seguido de uma mente cauterizada: “Antes, exortai-vos uns aos outros todos os dias, durante o tempo que se chama hoje, para que nenhum de vós se endureça pelo engano do pecado (Hb 3.13). O pecado difundido por esses meios torna-se adjacente a algo comum, dado que a convivência com ele fomenta em um coração insensível e uma mente entenebrecida (Ef 4.17-19). E frequentemente a pessoa é atraída e enganada não percebendo que é o diabo quem está por trás dos dispositivos oferecendo-lhe de bandeja o pecado.