A Internet e as Redes Sociais
A internet surgiu em meados de 1969, nos Estados Unidos, a partir de pesquisas militares no auge da Guerra Fria. Ela foi projetada para exercer uma função eminentemente militar: articular centros de defesa, no caso de um ataque nuclear de surpresa por parte dos soviéticos e para preservar a segurança militar do país.
No dia 29 de outubro de 1969 foi estabelecida a primeira conexão entre a Universidade da Califórnia e o Instituto de Pesquisa de Stanford. Foi um marco na história tecnológica, uma vez que o primeiro e-mail foi enviado.
Na década de 90, o cientista, físico e professor britânico Tim Berners-Lee desenvolveu um navegador ou browser, a World Wide Web [www], a Rede Mundial de Computadores - Internet. A partir disso, a década de 90 ficou conhecida como o “boom da internet”, pois foi quando ela se popularizou pelo mundo, com o surgimento de novos browsers ou navegadores e o aumento do número de usuários navegando na internet. Com o desenvolvimento da interface gráfica da WWW e o uso de ícones, a Internet ficou mais simples, o que facilitou sua utilização por um número cada vez mais crescente de pessoas comuns, inclusive, ela pode ser encontrada facilmente nas mãos de pequenas crianças por meio de um dispositivo móvel ou de outros laptops.
Com a facilidade no acesso e manuseio da internet, ocorreu uma grande proliferação de sites, jogos online, chats, aplicativos e redes sociais, tornando a internet a rede ou teia global de dispositivos mundialmente conectados.
A Internet transformou-se, então, no sistema de comunicação mais extenso do mundo. Calcula-se que bilhões de pessoas a utilizem diariamente ou dela se beneficiem. O usuário de um celular, de um microcomputador ou de qualquer outro dispositivo munido de acesso à Internet pode facilmente se conectar com a grande rede. E os serviços oferecidos são os mais diversificados possíveis. Através de um dispositivo conectado à internet as pessoas podem consultar informações [sites web] e fazerem pesquisas; serviços de chamadas em áudio e vídeo e enviarem mensagens eletrônicas instantâneas; trabalharem em casa [homeoffice]; armazenarem arquivos na nuvem; fazerem o uso dos mais variados aplicativos e manusearem aparelhos eletrônicos, industriais e domésticos; podem beneficiar-se de serviços de bancos e documentos pessoais; os especialistas podem realizar cirurgias de grande porte ou pequeno porte de outra parte do mundo via wireless; dentre uma infinidade de utilidades que podem facilitar a nossa vida.
No entanto, apesar de promover tantos benefícios e ser útil para várias coisas, a utilização da internet e das redes sociais deve ser feita com muito cuidado e diligência, pois, dependendo do seu uso, elas podem ser uma bênção ou uma maldição na vida do crente. Os sites e as mídias sociais podem ser usados para o bem ou para o mal. Evidentemente estão cheios de perigos, mas com o uso diligente alguns deles podem servir como oportunidade pelos crentes para glorificar o nome do Senhor.
O mundo virtual é relativamente novo, e a internet não é moral ou imoral em si mesma. É mais uma ferramenta como as demais, embora seja muito mais poderosa. E isso faz com que seu uso seja muito mais desafiador. Em outras palavras, a internet e as redes sociais como instrumentos são neutras, contudo, o uso que se faz delas não é. Como toda ferramenta, impõe um desafio ético e moral por parte de quem usa. Nesse aspecto, os cristãos precisam estar conscientes sobre como devem fazer uso da internet e das redes sociais como WhatsApp, Facebook, Instagram, Twitter, etc.
Mesmo sendo ferramentas neutras, não sendo, portanto, boas ou más em si mesmas, elas tornam os que fazem seu uso moralmente responsáveis diante de Deus. Nesse aspecto, os cristãos também são moralmente responsáveis pelo que fazem, através desses instrumentos virtuais, diante da família, da sociedade, e principalmente da igreja a qual pertencem. Assim, eles devem buscar nas Escrituras os princípios que devam orientar a sua navegação no espaço virtual. Como um livro inspirado, a Bíblia contém princípios que norteiam e regulam a vida dos filhos de Deus, inclusive no ciberespaço. Isso porque as Escrituras Sagradas, que são vivas (Hb 4.12) e permanecem para sempre (1Pe 1.25), podem orientar de forma clara e objetiva o crente em seu caminhar tanto no mundo real como também no virtual.
Posto isso, logo entende-se que o uso da Internet se torna um grande desafio para a Igreja e para as famílias por causa de sua enorme versatilidade. Em um segundo, com um simples toque [clique], uma pessoa [internauta] pode comunicar-se com outra pessoa, com uma página ou um site em qualquer parte do mundo. Os dias que se seguem é o cumprimento eloquente do que previu Daniel acerca do final dos tempos — a ciência se multiplicará (Dn 12.4).
As pessoas da atualidade têm uma intensa relação com a internet, e mais especialmente com as redes sociais. Vivem plugados e conectados a todo instante e gostam de interagir com outras pessoas através de aplicativos de compartilhamento de textos, imagens e vídeos. O povo de Deus, entretanto, precisa encontrar o equilíbrio comportamental adequado, de modo que possa usufruir do meio digital, sem confrontar os limites bíblicos. Em meio a tantas informações que se multiplicam velozmente nas redes sociais, o povo de Deus é chamado a ter discernimento, a fim de usar sabiamente essas ferramentas e rejeitar, quando necessário, tudo aquilo que prejudica a vida cristã. O uso inadequado [pecaminoso] da internet pode nos matar moral e espiritualmente (Ef 2.1-3).
OS DESAFIOS DA IGREJA NA ERA DIGITAL
À medida que adentra os últimos tempos, temos visto que a mídia em geral procura manchar e comprometer a imagem da Igreja do Senhor, além de distorcer os princípios da Palavra de Deus. Assim, como no sistema pecaminoso que domina mundo, infelizmente nas mídias também se encontra uma variedade de lixos digitais à distância de um clique. São propagandas, imagens, textos, áudios, vídeos e conteúdos associados ao pecado que a todo momento enchem a tela e os olhos dos usuários.
Porque sabe disso, o diabo e sua hoste maligna lançam mão de todo conteúdo pecaminoso veiculado pela internet para atacarem a Igreja do Senhor Jesus. Existem incontáveis sites ímpios; sites pornográficos e de relacionamentos sexuais; sites com conteúdos maliciosos e vírus; sites ideológicos projetados por movimentos sociais que assumem abertamente que são anticristo; sites com a pseudociência do naturalismo e com vãs filosofias; sites ateus e homossexuais; sites com jogos diabólicos os quais manipulam seus usuários ao suicídio e a outras atrocidades; sites de roubo de dados pessoais e crimes estelionatários; sites com mensagem violenta e blasfema contra o Cristianismo e o próprio Cristo, etc.
Os pais e responsáveis devem se atentar quanto ao perigo de deixarem seus filhos expostos aos conteúdos da Internet sem o devido acompanhamento e supervisão, pois muitas crianças ficam à mercê de jogos de violência, agressão física e verbal, e homicídios. Ficam sujeitas a conteúdos com bebidas alcoólicas, drogas ilícitas e nudismo. Por certo elas também podem ser seduzidas à prostituição infantil [pedofilia] sem que os pais percebam. Fotos pornográficas são enviadas, e muitas delas são estimuladas a se tocarem na frente do computador ou celular, enquanto são fotografadas por uma câmera.
Há também matrimônios destruídos por causa do mau uso da Internet. Um dos cônjuges, às vezes numa fase de baixo relacionamento com o outro, usa seu celular ou qualquer outro dispositivo com internet e, na privacidade de um ambiente, entra num site de bate-papo, nas redes sociais ou em um site de conteúdo pornográfico. Então é questão de minutos e o diabo se encarrega de promover um diálogo recheado de propostas sensuais, esquentadas com fotos eróticas que estimulam a conversa entre pessoas. O resultado é previsível — a pessoa cai nas armadilhas do sexo virtual.
A internet facilita nossa vida em muitas coisas, mas também facilita muito o acesso ao pecado. Com isso, torna-se crucial sabermos fazer seu uso correto. Como servos de Deus, precisamos utilizar a internet e as mídias sociais com muita cautela, sabedoria e discernimento. Porque há muito pecado permeando o mundo digital e as mesmas passagens usadas para combater a televisão [Sl 101.2-3; Mt 6.22-23; Mc 9.47], em partes e nalguns aspectos, também servem para reprovar a conduta pecaminosa diante dos dispositivos conectados à Internet. Todos os tipos de olhos, contrários à Palavra do Senhor, podem ser desabrochados pelo mau uso da Internet: “invejosos” (Pv 28.22), “malignos” (Pv 23.6), “cheios de adultério” (2Pd 2.14), “zombeteiros” (Pv 30.17) e “altivos” (Pv 6.17). Nossos olhos e ouvidos bem como a nossa mente e coração vão ditar como será de fato o nosso uso da internet e mídias sociais.
A Igreja e a Desumanização. Outro problema que a igreja enfrenta em seu processo normal de se congregar e cultuar a Deus, é a desumanização. Percebe-se que as pessoas têm se tornado cada vez mais distantes uma das outras. Uma das principais causas disso é a desumanização, cada vez mais presente na sociedade que vive conectada.
A sociedade está rodeada de grandes quantidades de fatores que a limitam e condicionam o dia a dia. Assim, inundados pela nova realidade virtual e muitas vezes anestesiados pelo excesso de informações instantâneas, começa-se a perceber uma falsa conexão entre as pessoas, provocando o que se chama de desumanização.
Neste mundo cada vez mais globalizado, as pessoas passaram a viver imersas em todo tipo de mídia, ideias, filosofias de vida e opções de entretenimento, tudo que atrai sua mente e atenção. Vê-se o quanto encontram-se dispersas no mundo virtual, por exemplo, quando se olha para uma reunião ou jantar em família, em refeições coletivas, em grupos na Igreja e afins, e, parece que as pessoas conversam mais com cada um de seu convívio pelo telefone do que quando está cara a cara. Estão vivendo alienadas do mundo físico.
Mas, ser Igreja envolve contato físico, presença e coração. Deus nos criou para vivermos relacionamentos afetivos, afinidade emocional e intelectual entre todos envolvidos. Quando Jesus apareceu a seus discípulos logo após a sua ressurreição, Ele desafiou Tomé a tocá-lo (Jo 20.27). E a igreja primitiva se reunia “todos os dias perseverando unânimes no templo, e partindo o pão em casa, comiam juntos com alegria e singeleza de coração. Louvando a Deus, e caindo na graça de todo o povo. E todos os dias o Senhor acrescentava à igreja aqueles que haviam de se salvar” (At 2.46-47).
Não há cristianismo verdadeiro sem comunhão. Isso porque a igreja é corpo (1Co 12.27). É real, visível e palpável. O universo virtual cria a falsa impressão de que é possível ser igreja sem relacionamento real. Nesse aspecto, o mundo virtual também desumaniza as pessoas. É por isso que o ciberespaço é o universo preferido dos desigrejados. Eles dizem não precisar da igreja local (Hb 10.25), que existe de forma real, para expressar a sua espiritualidade, o que evidentemente é um erro. Na Igreja de Cristo, as pessoas não apenas interagem, mas existem e se completam. Há pessoas de carne e osso que se abraçam, e não apenas se veem e se ouvem. A igreja local é um lugar de encontro e comunhão.
Outro aspecto concernente a desumanização na Igreja contemporânea refere-se a falta de compromisso quanto a leitura devocional diária e a aplicação da Palavra de Deus em suas vidas. O excesso de informação e entretenimento está fazendo as pessoas deixarem a Bíblia de lado. Estão trocando a Bíblia pelas redes sociais. Todavia, a forma que lidamos com a Santa Palavra de Deus revela muito sobre a nossa condição espiritual e aponta para o nível da sinceridade do nosso relacionamento com Deus.
Há inúmeras pessoas nos dias atuais que, infelizmente, usa a Bíblia nada mais, nada menos, como um amuleto espiritual, deixando-a aberta em cima da mesa de preferência no Salmo 23 ou 91, isso quando não lê alguns versículos isolados através das caixinhas de promessa ou no máximo, para ser mais instantâneo do que nunca, ativando a notificação e fazendo a leitura de um versículo por dia no seu aparelho celular.
Não podemos substituir a Bíblia por nenhuma outra forma de entretenimento pessoal. Afinal, ela é a Palavra de Deus, e quando a lemos com um coração aberto e uma alma que tem sede e fome de Deus, o Senhor fala conosco (Jr 29.13). Tudo que Deus diz tem poder. Se o cristão estudar a Bíblia com atenção, deixando Deus falar em seu coração, suas palavras vão mudar sua vida.
Porém, além de não se dedicarem afinco na leitura diária da Palavra de Deus, muitos crentes perderam o hábito de se desconectar da cultura a fim de buscar a face do Senhor e florescer em comunhão com Ele. Com efeito, inúmeros estão se apostatando e se tornaram frios na fé. A oração exige nosso coração e nossa atenção centrada em Deus. Na oração, nós separamos um momento [ou um período mais longo] para conscientemente orar ao Pai, em nome do Filho, pelo Espírito Santo — não apenas em nossas súplicas matinais ou ao darmos graças nas refeições, mas também em orações ajoelhados na presença de Deus que aspergem vida divina ao longo de nossos dias.
Paulo tinha uma vida diária de oração e nos chama à disciplina da oração. Não apenas devemos orar sem cessar; devemos orar sem cessar num espírito de destemida vigilância — isto é, de todo coração e com toda a atenção.
Orar sem cessar não é negligenciar os deveres diários. Não é ser multitarefas com nossa atenção dividida entre Deus e o trabalho. Orar sem cessar consiste em falarmos espiritualmente com Deus o tempo todo. É estar ligado a Ele. Esses momentos, portanto, não podem ser saqueados e roubados pela mídia digital. Milhões de pessoas utilizam aparelhos para aceder à internet, tornando-se cada vez mais dependentes dessa tecnologia. Assim sendo, sem perceberem, vivem presas ao celular, computador, tablet e outros dispositivos. Os filhos de Deus, ao contrário, não têm vício algum, desta maneira não pode se perder em meio aos tantos entretenimentos difundidos pelas plataformas midiáticas. Pois quem milita “não se embaraça com negócio desta vida, a fim de agradar àquele que o alistou para a guerra. E, se alguém também milita, não é coroado se não militar legitimamente” (2Tm 2.4-5).
O CRISTÃO E AS REDES SOCIAIS
Nos últimos anos, as redes sociais se transformaram na principal forma de comunicação e troca de informações entre as pessoas. Sites e aplicativos como Facebook, Twitter, Instagram, Snapchat, WhatsApp e Google+, por exemplo, são usados para conectar pessoas e compartilhar informações, ideias e imagens na web. Em nossos dias, elas são tão utilizadas que em alguns círculos é quase incompreensível uma pessoa não possuir uma conta em pelo menos um desses canais.
Através delas é possível vencer as limitações de distância e interagir com pessoas que estão longe; promover um intercâmbio cultural com pessoas de diferentes culturas e nações; expandir relacionamentos profissionais; ter acesso a materiais de estudo; divulgar instantaneamente uma determinada mensagem; etc.
Nos dias da igreja apostólica essa realidade era diferente. Os cristãos daquela época se valeram de cartas para superar as longas distâncias que os separavam (1Co 5.9). Dessa forma, eles conseguiram interação com cristãos de outra região (Cl 4.16). Foi por meio desse instrumento que eles compartilharam os princípios eternos da Palavra de Deus entre si (2Pe 3.15). Hoje, essa interação, que acontece por intermédio da internet e das mídias sociais, é muito mais eficiente e muito mais dinâmica. Praticamente todo mundo sabe, por exemplo, o que é o WhatsApp e os princípios básicos de seu uso. Da mesma forma, milhões de cristãos estão fazendo perfis no Facebook e Instagram para aumentar a interação entre si.
A Bíblia não fala nada formalmente sobre as redes sociais. Mas isto não significa que não existam diretrizes bíblicas que regulamentam seu uso. Teoricamente o principal objetivo das redes sociais é possibilitar a construção, manutenção e ampliação de relacionamentos interpessoais, e a Bíblia tem muito a dizer sobre relacionamentos. A Palavra de Deus não deixa dúvida de que os homens foram formados para viverem em sociedade, ou seja, para construírem relacionamentos sociais. Portanto, a mesma regulamentação bíblica acerca dos relacionamentos em geral também se aplica aos relacionamentos virtuais.
O mundo virtual tornou-se uma realidade no dia-a-dia da Igreja. Contudo, há muitos desafios, riscos e perigos nesse espaço virtual. Sendo assim, o andar prudentemente (Ef 5.15), recomendado pelas Escrituras, aplica-se categoricamente ao espaço digital. Assim, convém dizer que o mundo virtual é hoje uma realidade bem presente na vida das pessoas. Os cristãos, portanto, e consequentemente a igreja, também fazem parte desse universo. A Igreja está no Mundo, mesmo não sendo parte dele (Jo 17.15-16). Saber conviver e andar nesse espaço é de suma importância para o testemunho cristão e para a propagação do evangelho do reino. O crente não deixará de ser uma testemunha real de Jesus pelo simples fato de as interações sociais acontecerem de forma virtual (At 1.8).
Com base na Palavra de Deus, podemos destacar alguns princípios que devem nortear o uso da internet e das redes sociais pelos cristãos:
Em primeiro lugar, o cristão precisa saber que tudo o que ele faz deve ser feito para a glória de Deus, inclusive seu uso das redes sociais. Todos os cristãos deveriam refletir se Deus está sendo glorificado através de seu perfil e de suas interações nas redes sociais.
Em segundo lugar, o cristão jamais deve deixar que as redes sociais prejudiquem seu relacionamento com Deus. O pastor John Piper diz algo interessante sobre isso. Ele fala que uma das maiores utilidades das redes sociais será provar no dia do juízo que a falta de oração não era por falta de tempo.
Em terceiro lugar, diretamente ligado ao ponto anterior está também a necessidade de controle no uso das redes sociais. Muita gente tem tido muitos prejuízos emocionais, profissionais e até espirituais por causa da falta de temperança no uso das redes sociais. Algumas pessoas não conseguem se desligar de suas redes sociais nem mesmo na hora do culto!
Em quarto lugar, o cristão deve saber o compartilhar e o que não compartilhar. Sem dúvida as redes sociais apresentam uma ótima oportunidade para a evangelização através do compartilhamento do Evangelho. Mas também elas fornecem muitas facilidades para divulgar aquilo que afronta a Palavra de Deus. Muitos que se dizem cristãos postam e compartilham conteúdo pecaminoso. Outros escrevem e usam um linguajar estranho aos seguidores de Cristo. Eles falam palavrões, discutem, amaldiçoam e compartilham conversas imorais. Mas eles se esquecem de que Deus pedirá conta de toda palavra frívola que sai dos lábios do homem e, neste contexto, dos teclados de computadores e smartphones (Mt 12.34-36; cf. Ef 4.29; 5.4).
Em quinto lugar, o cristão deve tomar cuidado para não expor sua privacidade e a privacidade de sua família nas redes sociais. Especialistas da área de segurança da informação advertem para os perigos de informar a estranhos aquilo que acontece na intimidade de seu círculo familiar.
Em sexto lugar, o cristão deve ter sabedoria para saber se posicionar em determinadas situações nas redes sociais. Ele deve estar ciente que nas redes sociais ele está sujeito a críticas, provações e comentários desagradáveis. No contexto evangélico, por exemplo, há muitas discussões acerca de certos pontos teológicos. É lastimável ver a facilidade com que a ira toma conta de alguns cristãos que se digladiam uns com os outros.
A INTERNET E AS MÁS INFLUÊNCIAS
O ser humano tem a tendência de repetir algo que já foi aceito socialmente. Creio que o sentimento básico neste comportamento é o medo de errar. Ao tentar inovar e buscar seu estilo próprio, mesmo que seja apenas em conteúdos postados na internet, há sempre o medo de não ser aprovado ou até mesmo de ser criticado pelas pessoas que virem os conteúdos. O medo de ser julgado socialmente impulsiona as pessoas a repetirem padrões pré-estabelecidos, ou seja, copiar comportamentos da internet. Neste contexto, entra os influenciadores digitais. Também chamados de digital influencers, os influenciadores são pessoas com destaque significativo em uma ou mais redes sociais que, por fins comerciais ou não, buscam influenciar uma determinada parcela da população por meio de conteúdo e posicionamentos. Seu poder provém do convencimento não só em relação ao consumo, mas também às atitudes.
Geralmente os influenciadores digitais são pessoas ímpias, as quais não tem compromisso nenhum com Deus, e a influência ímpia é algo que o cristão terminantemente não pode sofrer. Ele não pode se sujeitar voluntariamente a influências de pessoas que vivem no engano do pecado (Hb 3.13), não pode aceitar [visualizar, curtir, seguir, compartilhar] o modo pecaminoso delas viverem. Aprovar o pecado de outras pessoas, por mais que seja pela internet, consiste no pecado por consentimento. O cristão não tem que ficar seguindo pessoas famosas segundos os padrões deste mundo. O modo de vida de pessoas ímpias não convém ao cristão, dado que suas vidas são fundamentadas no pecado, e, por conseguinte, na alienação quanto a Deus.
Em 1º Coríntios está escrito: "Não se enganem. As más companhias corrompem os bons costumes”. Quando a Bíblia diz que as más companhias corrompem os bons costumes, podemos afirmar que os meios de comunicação social também se tornaram companhias das pessoas, afinal, elas passam boa parte do seu dia navegando e interagindo através deles. Precisamos criar nosso próprio espaço cristão dentro da Internet. Isto é, escolher especificamente quais sites acessamos e quais pessoas vamos ter adicionadas em nossas redes sociais. Os filhos de Deus não devem seguir pessoas ímpias nem se envolver com nenhum tipo de conteúdo ímpio, conteúdos pecaminosos que não edificam em nada a sua vida moral e espiritual.
O MUNDO VIRTUAL E O PECADO
O grande problema da humanidade sempre foi o pecado. Depois que ele entrou no mundo (Gn 3), houve corrupção generalizada (Rm 3.10-26), e hoje, os meios de comunicação não ficam isentos de tal corrupção. Todas as áreas de atuação humana encontram-se manchadas pelo pecado, inclusive, a internet. Deus criou tudo muito bom, mas os humanos perverteram o uso de tudo. Tudo que o homem natural põe a mão ele corrompe com o seu pecado, e essa realidade também se aplica ao mundo digital. Portanto, o que é pecado no mundo material também é pecado no mundo virtual.
Abaixo fora listado alguns dos pecados que fazem parte das plataformas digitais:
1. Mundanismo. Num mundo em que sexo, riqueza, popularidade, poder e beleza são os ídolos dominantes, esses ídolos também inundaram as principais esferas digitais. A igreja na era digital precisa ser relevante, mas não espetaculosa. Influente, mas não pode aderir os padrões do mundo. Buscar os padrões deste mundo, os quais são provenientes da natureza carnal, é fazer o jogo do diabo (Lc 4.9). O que se observa por parte de muitos crentes, especialmente pregadores, é um desejo quase obsessivo de estar em evidência. Querem ser vistos e atenderem as demandas do ego. Para que esse fim seja alcançado, muitos se misturam ou seguem personalidades ímpias, quer sejam celebridades do mundo artístico, quer sejam jogadores e cantores famosos. Imploram por seguidores e likes. Estão desesperadamente procurando “lacrar” ou “causar”. Agem como verdadeiros mendigos virtuais. Desonram a cruz porque querem a qualquer custo a glória do mundo. Dessa forma, tornam-se presas fáceis de Satanás (Mt 4.9).
Não há nem nunca vai haver concordância entre o reino de Deus e o reino do mundo, e isso nem mesmo na esfera digital. São povos substancialmente diferentes (2Co 6.14-18; cf. Js 23.12-16; Êx 34.14-16; Dt 7.1-3; Ed 9.1-2, 11-12; Ne 13.23-27). O cristão não pode ser igual as pessoas do mundo, fazer o que elas fazem, adotar seus modismos ou seguir sua maneira ímpia de viver.
Os filhos de Deus foram libertos de todos os pecados da carne, os quais dominam esse mundo caído (1Jo 2.15-17). Contudo, o mundo e os demônios sempre querem nos sugar de volta valendo-se das inclinações da nossa carne, e isso não ocorre de forma explícita, mas sim de um jeito muito sutil, como, por exemplo, “roubando” todo o nosso tempo com alguma distração para que não consigamos consagrar a nossa vida a Deus e nos dedicar ao fortalecimento espiritual. Se isso acontece, ficamos fracos e podemos ser conduzidos a cometer erros que não convêm a crentes salvos cometerem. Se o cristão não estiver bem edificado moral e espiritualmente em Cristo através do Espírito Santo de Deus, pode facilmente retroceder.
2. Relativismo Moral. Relativismo é pecado. Nas mídias em geral muito se vê pessoas ímpias empenhando-se em desfazer a diferença patente que há entre o certo e o errado. Uma sociedade relativista, em que as pessoas não creem que haja mais espaço para o “certo” e o “errado”, e o que vem a ser “certo” ou “errado” é apenas uma questão de ponto de vista. Isaías, inspirado pelo Espírito Santo, observou tal inversão de valores e disse: “Aí dos que chamam ao mal de bem, e ao bem de mal: que fazem das trevas luz e da luz trevas, e do amargo tornam doce, e do doce amargo! Aí dos que são sábios aos seus próprios olhos e prudentes em sua própria opinião” (Is 5.20-21).
É comum a sociedade exaltar o pecado, chamando a depravação de força varonil, de virtude autêntica e de liberdade elogiável. Ao mesmo tempo a sociedade opõe-se à retidão, taxando-a de maléfica.
Dois exemplos conhecidos a respeito do assunto em pauta: (1) A perversão sexual [homossexualismo e lesbianismo]. A sociedade considera um modo de vida alternativo legítimo, que deve ter aceitação pública, enquanto os que condenam tal conduta, por observarem as normas bíblicas da moralidade sexual são chamados de intolerantes e defensores de um preconceito opressor. (2) O aborto. Os defensores do aborto, a sociedade os chama de pessoas sensíveis, dedicadas com afinco aos direitos da mulher, ao passo que os defensores da vida, a mesma sociedade os chama de extremistas ou fanáticos religiosos.
O relativismo está impregnado em todas as camadas da sociedade, inclusive na internet e redes sociais, e, por mais que se esforce, o homem jamais conseguirá apagar a verdade absoluta, cuja maior expressão é o Senhor Jesus Cristo (Jo 14.6). O crente deve, em todo tempo, manter-se fielmente e de todo coração, dentro dos padrões divinos do bem e do mal, do certo e do errado, conforme nos revela a Palavra de Deus escrita.
3. Sensualismo. O sensualismo é um pecado que leva a outros pecados. A noção de santo e profano nunca deve ser esquecida pelos cristãos: "Sejam santos, porque Eu Sou Santo" (1Pe 1.16). Infelizmente não é o que se observa com muitos crentes que usam as mídias sociais. Muitos a utilizam de forma pecaminosa, postando fotos/vídeos com roupas, gestos ou posições sensuais. Inclusive, há crentes que entram em sites na internet ou em perfis sociais de descrentes e ficam apreciando os conteúdos sensuais dessas pessoas. Os filhos de Deus não podem proceder assim (Jó 31.1; Sl 119.37).
O WhatsApp, Instagram, Messenger, dentre outras mídias sociais, quando usadas de forma adequadas, são extraordinárias ferramentas de comunicação, interação e trabalho. Contudo, quando usadas para visualizar ou publicar conteúdos sensuais, enviar fotos e vídeos íntimos, mensagens de texto de um relacionamento adúltero, se tornam instrumentos do pecado (Rm 6.13). Tornam-se espaços do diabo (Ef 4.27). Os inúmeros escândalos no meio cristão que são expostos na internet mostram isso. A “proteção” do mundo virtual parece que facilita para que as pessoas façam coisas que na formalidade da vida real poderiam não fazer. A web torna público a vida pecaminosa que se vive de forma privada, bem como as manchas entranhadas no íntimo de um coração que precisa ser modificado por Deus (Mc 7.21-23).
4. Narcisismo. A sensualidade, o narcisismo e a idolatria de si mesmo são pecados que geralmente acontecem juntos e são demasiado comuns no ambiente virtual. Esta geração já foi denominada de “geração do selfie”. É uma geração narcisista que cultua a própria imagem. São pessoas “amantes de si mesmas” que regularmente não aceitam suas características físicas naturais conforme Deus as criou (2Tm 3.2). Embora não manifestem sua insatisfação pessoal, para elas o jeito que Deus as fez não está bom, e com isso precisam modificar seus cabelos e todo o seu rosto com maquiagens e adornos, com harmonização facial e procedimentos cirúrgicos; e modificam também seus corpos em uma rotina constante na academia e dietas rígidas.
O narcisismo é um comportamento pecaminoso que também ocorre no âmbito digital. É a “egolatria digital”, que agora permite que as pessoas editem sua aparência com uma infinidade de filtros, lentes e bitmojis — uma maleabilidade incrível para moldar esculturas de si mesmos, algo jamais disponível a qualquer outra geração na história humana. O desejo de ser visto e admirado tornou-se obsessivo e doentio (3Jo 1.9). Daí a necessidade de a todo instante estar se fotografando, e em um editor de imagens alterar a foto com vários filtros e a postar nas redes sociais aspirando ser estimado por outras pessoas. Criam uma persona na internet que não corresponde a sua realidade, pois na internet as pessoas se colocam como querem ser vistas e não como são de verdade. Modificam a própria imagem e aplicam filtros em sua aparência. Então, se tornam espectadores de si mesmos, pois “cada selfie é a encenação de um indivíduo tal como ele deseja ser visto pelos outros”. Como pedaços de massa de modelar, buscam esculpir uma identidade que será celebrada pelos outros. E tudo vira uma devoção ao selfie, o que normalmente gera a egolatria de si mesmo. Essa possibilidade de autorretrato e de autoprojeção pode tornar as mídias sociais um espetáculo irresistível, pois as pessoas se moldam para serem os astros no centro desse palco. Como resultado dessas transformações pessoais, os que usam as mídias com tal finalidade sentem a transformação do ser para o aparentar. E sua imagem autoconstruída — a aparência digital — torna-se tudo.
Dessa forma, o desejo de se expor, de ser visto e admirado vira um comportamento não apenas doentio, mas sobretudo, pecaminoso; um comportamento típico de alguém que foi tragado pela cultura do “eu”. Se é cristão, o único caminho é o arrependimento e um concerto com o Senhor (At 2.38). Entanto, ante a internet e as redes sociais, temos que usá-los com diligência, para não se deleitar nem compartilhar notícias, vídeos, postagens e fotos que promovam qualquer tipo de pecado.
A EVANGELIZAÇÃO NO MUNDO DIGITAL
O Senhor Jesus disse: "ide por todo mundo, e pregai o evangelho a toda criatura” (Mc 16.15). Evidentemente, que o “ide” do Senhor Jesus inclui o espaço virtual. De fato, o mundo em que vivemos não é mais digno dos verdadeiros servos de Deus (Hb 11.3). Ele encontra-se consideravelmente submergido na escuridão, repleto de iniquidades, injustiças e maldades. Mas, apesar de toda pecaminosidade e alienação quanto a Deus, desfrutamos ainda neste mesmo mundo das boas dadivas do Senhor. Ele é gracioso, misericordioso, e “faz que o Seu sol se levante sobre maus e bons, e a chuva desça sobre justos e injustos” (Mt 5.45).
Por causa do pecado, não fazemos mais parte desse mundo caído (Jo 17.14-16), e somos avessos a ele (Tg 4.4). Contudo, lhe somos sal e luz (Mt 5.13-16), além de termos o dever de peregrinar por ele em santidade (1Pe 2.11) a fim de levar a salvação que está em Cristo Jesus à todas as outras pessoas. Com essa mesma conduta e compromisso é que devemos lidar com a Internet e os meios digitais.
Mesmo o mundo virtual tendo seus próprios desafios e oferecendo seus perigos, não deve ser negligenciado. Ele carece, acima de tudo, converter-se em um campo onde a poderosa semente da Palavra de Deus deve ser semeada (Lc 8.5,12). São formas proveitosas de se alcançar almas para o Senhor. Perdemos uma oportunidade enorme quando usamos as redes sociais para divulgar trivialidades em vez de semearmos os valores eternos do Reino de Deus. Além de postagens triviais, muitos usam a web para falarem mal dos outros, difamarem seus líderes e escandalizarem o Corpo de Cristo. “Mas ai daquele por quem vier os escândalos” (Lc 17.1-2). Os filhos de Deus não podem se comportar assim nem tampouco envolverem-se em assuntos que escandalizam a Igreja do Senhor. Longe disso, devem fugir de assuntos que promovam a discórdia e “não entrar em questões loucas, genealogias, contendas e nos debates acerca da lei; porque são cousas inúteis e vãs. Ao homem herege, depois de uma ou outra admoestação, evita-o. Sabendo que esse tal está pervertido e peca, estando já em si mesmo condenado” (Tt 3.9).
Devem fugir também dos desejos da mocidade e seguir “a justiça, a fé, o amor e a paz com os que, com um coração puro, invocam o Senhor. E rejeita as questões loucas e sem instrução, sabendo que elas produzem contendas. E ao servo do Senhor não convém contender, mas sim ser manso para com todos, apto para ensinar, sofredor; instruindo com mansidão os que resistem, a ver se porventura Deus lhes dará arrependimento para conhecerem a verdade e voltarem a despertar, a fim de que se desprendam dos laços do diabo, pois na vontade dele estão presos” (2Tm 2.22-26).
Em Provérbios 11.30, está escrito que quem ganha alma é sábio. Portanto, devemos agir com sabedoria e usar os meios digitais para semear a Palavra de Deus e ganhar almas para Jesus. Mas cabe destacar aqui que a semeadura deve acontecer no espaço virtual, contudo, os seus frutos devem ser juntados no espaço real, isto é, na igreja local. É no espaço físico que os relacionamentos se consolidam. Não é possível servir a Deus e ser devidamente alimentado pela Palavra somente em casa ou pela internet. A reunião da igreja local, o Corpo visível de Cristo, é essencial ao crescimento espiritual e pessoal do crente. Por isso, não é possível amar a Cristo e ignorar o seu Corpo, a Igreja. Ela é um organismo vivo, bem como uma organização, e faz parte integral da vida do crente.
Pastoreio virtual. Outra coisa importante proporcionada pelas redes sociais está relacionada ao discipulado e pastoreio (Mt 28.19-20). As redes sociais são efetivas ferramentas de interação. Devem, portanto, ter seus potenciais usados para o crescimento do Reino de Deus. Os pastores e dirigentes devem estar conscientes disso e aptos a explorar esse novo campo. Os grupos de WhatsApp, principalmente no sistema de congregações, são um bom exemplo disso. Eles devem fomentar a criação desses grupos em suas congregações e se possível acompanhá-los para promover o crescimento da igreja. Não são, portanto, meros veículos de informação, mas, sobretudo, de interação. Aqueles que optaram por ficar de fora das redes sociais estão perdendo uma extraordinária oportunidade de edificar o Corpo de Cristo e promover o Reino de Deus.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Poucas coisas impactam mais nossa vida diária do que os meios de comunicação. Jornais, revistas, celulares, tabletes e internet — todas essas coisas podem exercer uma enorme influência em nós, pois moldam nossos valores e opiniões, nossas ações e preferências. Embora os meios de comunicação tenham um enorme potencial de facilitar o nosso dia-a-dia, tornar prático vários serviços e unir a humanidade por meio de satélites e da internet, também é grande seu potencial para gerar efeitos nocivos e negativos tanto na Igreja quanto na sociedade, dependendo da qualidade do conteúdo acessado. A internet e as redes sociais, portanto, devem ser usadas de forma a serem uma bênção, pois elas podem ser uma maldição quando indevidamente utilizadas. Precisamos de discernimento no olhar e diligência no teclar [digitar], pois há crentes que lançam mão da internet para falarem mal dos outros, difamarem seus líderes e escandalizarem o Corpo de Cristo. A semente santa, no entanto, não pode se comportar assim nem tampouco envolverem-se em quaisquer assuntos que escandalizam a Igreja do Senhor.
Além do mais, a internet e as redes sociais não podem se tornar um ídolo na vida do crente (Lc 10.26-28). Tanto a idolatria externa [culto a objetos materiais; imagens e esculturas] quanto a idolatria interna [ídolos do coração, idolatria da alma], dizem respeito a natureza carnal, e Deus reforça suas advertências com a declaração de que aqueles que praticam qualquer forma de idolatria não herdarão o seu reino (1Co 6.9-10; Gl 5.20-21; Ap 22.15). Nosso coração não pode ter vício nem ser apegado a nada disso. Precisamos ter controle e bom senso na administração do tempo dispensado com as redes sociais. É notório que smartphones, tablets e outros dispositivos tecnológicos móveis ocupam cada vez mais a rotina pessoal e profissional das pessoas. O rápido acesso e informação imediata são características positivas, mas, as pessoas tendem a se acomodar com essa facilidade e dar maior prioridade ao mundo virtual, deixando passar despercebidas oportunidades de desenvolverem uma comunhão íntima e profunda com Deus e um vínculo saudável de proximidade que somente a presença pessoal e o contato físico oferecem. Nesse sentido, o universo virtual cria a falsa impressão de que é possível ser igreja sem relacionamento real. Mas, ser Igreja envolve contato físico. Nela as pessoas não apenas interagem, mas existem, se completam e, acima de tudo, adoram a Deus juntas em um só corpo. A igreja local é um consagrado lugar de encontro, assembleia solene e comunhão entre as pessoas, e entre as pessoas e Deus (Jl 1.14).
A Igreja é a família de Deus (Ef 2.19). Como família de Deus, ela tem Cristo como o seu cabeça. Deus criou a Igreja com o propósito de ser uma família cuja missão é proclamar a sua abundante graça. A razão de a Igreja existir, além do fato de promover adoração, companheirismo e integração, está na sua missão de pregar a salvação. A missão de evangelizar as almas também deve ser realizada no campo missionário digital. De fato, a internet é uma área que pode se tornar um espaço perigoso, em que o pecado ganha proporções assustadoras, mas, sobretudo, ela pode se converter num terreno fértil no qual a semente da Palavra de Deus pode ser semeada. Se o diabo usa a internet e as redes sociais para espalhar suas mentiras e fomentar o pecado, a igreja deve usar esse espaço para semear a verdade, proclamar o arrependimento e implantar o Reino de Deus. Com o Evangelismo digital, é possível transformar a mensagem da cruz de alcance local em uma missão global. Portanto, os filhos de Deus não devem valer-se desses meios para postar conteúdos triviais, nem tampouco pecaminosos tais como: conteúdos sensuais, narcisistas ou mundano. Em vez disso, devem procurar promover o Reino e ganhar almas para o Senhor.
Dispor de seguidores, amigos, visitas e curtidas somente para alimentar o ego é uma forma de idolatria de si mesmo (2Tm 3.2; Lc 9.23). Os crentes precisam estarem alertas para não caírem na armadilha maligna do fascínio digital. Não buscamos fazer sucesso ou ter reconhecimento humano, e sim viver para a honra e glória de Deus e dar frutos para o Seu Reino Celestial.
Todo crente carece valer-se da piedosa conduta cristã e portar-se no mundo virtual da mesma forma que procede no mundo real. Não há diferença. Pois muitos são os conteúdos oferecidos em formas de entretenimento na mídia atual que consistem em coisas que corrompem e destroem a sua boa conduta cristã, sua vida moral e espiritual, e, por fim, a sua comunhão com o Senhor. Por isso que as Sagradas Escrituras nos convidam a preencher a nossa mente e coração com tudo o que é verdadeiro, santo, justo e que tenha valor. Devemos considerar tudo o que aprendemos com o evangelho e nos apropriarmos dele, considerar nossas experiências espirituais que as vivemos com grande fervor e alegria, ter em conta todas as mensagens bíblicas que ouvimos tantas vezes e vimos se concretizar em ações impactantes, pois essas são coisas valiosas que nos edificam, aumentam a nossa fé e nos propiciam a alegria verdadeira.
Trocar tudo isso por conteúdos pecaminosos significa regredir e encolher a nossa alma, substituindo o que é justo, santo, certo, puro, amável e admirável por dejetos e lixos digitais.
“Portanto, se já ressuscitaram com Cristo, procurem as coisas que são de cima, onde Cristo está assentado à direita de Deus. Pensem nas coisas que são de cima, e não nas que são da terra” (Cl 3.1). Uma vez que nossa vida está com Cristo no céu, devemos fixar nossa mente nas coisas lá de cima, e deixar que nossas atitudes no mundo virtual e no mundo real sejam determinadas por elas. Devemos estimar, julgar, olhar e considerar tudo, partindo da perspectiva celestial. Nossos alvos, atividades e ambições devem ser a busca das coisas espirituais (vv. 1-4), resistir ao pecado (vv. 5-11) e revestir-se do caráter de Deus (vv.12-17).
A mensagem da cruz nos assegura que, em Cristo, somos livres para viver por algo muito melhor! Somos livres para centrar nossa vida nEle, para desfrutar dEle e para glorificá-lo, fixando nossa atenção nas coisas do alto, onde encontramos nosso maior contentamento, nosso maior tesouro. A graça, o poder, as experiências sobrenaturais e as bênçãos espirituais estão com Cristo no céu.